A situação financeira do Corinthians é motivo de preocupação para todos os candidatos à sucessão do presidente Mário Gobbi – a eleição ocorre no dia 7 de fevereiro. Com dívidas fiscais acima dos R$ 150 milhões e a primeira parcela da Arena vencendo em junho, o clube busca meios de equacionar as contas e, ao mesmo tempo, manter um time competitivo dentro de campo. Missão considerada complicada para quem for eleito ao cargo máximo do Timão.
O Corinthians prevê um déficit de R$ 44,6 milhões entre julho de 2014 e julho de 2015, de acordo com proposta orçamentária divulgada pelo departamento financeiro. O que desequilibrou tanto as contas? As quedas das projeções com receitas, incluindo a Arena, e o aumento da folha salarial e direitos de imagem.
– O país entrou em recessão, e isso acabou refletindo no futebol – afirmou Raul Correa da Silva, diretor financeiro do clube.
O desequilíbrio fez o clube atrasar o pagamento de premiações referentes a conquistas de 2013 – Campeonato Paulista e Recopa Sul-Americana. O cenário é incomum no Corinthians, acostumado a pagar em dia. A nova realidade fez o clube colocar o pé no freio nas contratações. Acabou a era Alexandre Pato – atacante que custou R$ 40 milhões, há dois anos.
O clube está priorizando jogadores sem vínculo, que não exigiriam grandes investimentos. Casos do volante Cristian, que rescindiu contrato com o Fenerbahce, e o lateral-direito Edilson, ex-Botafogo, e estavam livres para acertar. O Timão só vai investir mais pesado para tirar o atacante Dudu, destaque do Grêmio no último Brasileirão e que pertence ao Dinamo de Kiev, da Ucrânia: quase R$ 10 milhões. Nesse caso, por ser um jogador jovem (22 anos) e de potencial, a diretoria vê a chance de bom lucro no futuro. O meia colombiano Stiven Mendoza está chegando ao clube por R$ 1 milhão, mas incluído todo o pacote: pagamento de direitos econômicos, luvas e comissões – negócio que os corintianos consideraram uma pechincha.
Nem a renovação de contrato de Paolo Guerrero seduz a diretoria – o jogador chegou a pedir R$ 18 milhões em luvas para assinar novo vínculo. Com os cofres em perigo, a cautela norteia as ações da diretoria, que pode negociar algum atleta para obter recursos. O atacante Malcom, em alta no exterior, pode ser o nome escolhido, mas seu empresário assegura a permanência. As receitas futuras também estão comprometidas. Para acertar dívidas, o clube recebeu adiantamentos da cota de televisão e do Campeonato Paulista de 2015.
No meio do ano, o Corinthians precisa pagar R$ 100 milhões pela primeira parcela do financiamento do BNDES para a construção de seu estádio. Um fundo de captação de recursos foi montado especificamente para essa finalidade. Toda a renda dos jogos da Arena vai direto para este fundo, sem passar pelo clube. O Corinthians, por enquanto, precisa de opções para equilibrar as contas.
Para isso, a própria Arena pode ser a solução. Entre dezembro e janeiro, a construtora Odebrecht faz obras finais de adequação do estádio, incluindo camarotes e centros de convenções que vão gerar dinheiro extra ao clube e poderão evitar que o enorme déficit previsto se confirme.
As dívidas fiscais foram renegociadas com a União, mas chegaram a causar problemas a conselheiros durante o ano. O ex-presidente Andrés Sanchez e mais três conselheiros foram alvos de ação penal por causa do não pagamento de impostos de 2007 a 2012. O Timão pagou R$ 15 milhões ao Governo Federal para acertar parte dos atrasos e inocentar os conselheiros.
Fonte: Globo Esporte