O momento da invasão ao CT do Corinthians registrada no último sábado foi motivo de certo alívio. Para o presidente Mário Gobbi – que negou a disposição de qualquer jogador de deixar o clube pelo incidente, apesar do abalo geral -, o resultado teria sido bem pior em caso de entrada dos mais de cem torcedores um pouco depois.
‘Quatro minutos mais tarde, todos os jogadores estariam no campo de treino. Aí, não sei como seria o comportamento, como seria o encontro de quem invadiu com aqueles que estavam sendo visitados. Ficaria uma linha muito sensível, uma linha muito perigosa, com os ânimos acirrados. Acho que foi uma bênção grande as coisas não terem acontecido de outra forma’, afirmou o dirigente.
Com o pretexto de protestar após a derrota por 5 a 1 para o Santos, os torcedores abriram um espaço no alambrado e entraram no centro de treinamento. De acordo com quem trabalhava por lá, houve furtos, roubos, mergulhos embriagados na piscina e agressões, uma delas ao atacante Paolo Guerrero. ‘Esganaram o Paolo’, relatou Mário Gobbi.
Por conta da confusão, os atletas pediram para não jogar no domingo contra a Ponte Preta. A possibilidade foi estudada pela diretoria, mas negada pela Federação Paulista por falta de datas. Para não correr o risco de punições esportivas – a exclusão do Campeonato Estadual seria legalmente defensável -, a diretoria convenceu o elenco a entrar em campo. A equipe perdeu por 2 a 1 para a Ponte Preta, em Campinas.
De acordo com o presidente, ‘todos acharam que o menos sofrível seria jogar, em que pensem as condições emocionais serem zero’. E, apesar do abatimento e da possibilidade de greve mencionada para a rodada de quarta-feira, não houve qualquer manifestação de vontade de sair do clube do Parque São Jorge.
‘Nenhum jogador pediu para ir embora. Todos estavam abalados emocionalmente, assim como todos nós, mas todos gostam muito do Corinthians. E tal é o respeito que têm pelo clube que aceitaram, em um diálogo nosso, que começou no sábado e terminou no domingo, irem ao jogo. Mas digo para você, o clima não era de ir para o jogo. O trauma foi muito grande’, disse Gobbi, elogiando a disposição dos atletas.
‘Se o Paolo é autor de um dos gols mais importantes da história do clube e foi esganado, você imagina o que aconteceu aqui, com os jogadores refugiados em um vestiário. Ninguém cogitou sair e todos vão virar essa página porque quem tem que cuidar disso são as autoridades’, concluiu o dirigente.
Fonte: Gazeta Esportiva