Tecnicamente, já faz um bom tempo que Paulinho é jogador de Seleção: desde setembro de 2011, quando foi chamado pela primeira vez por Mano Menezes, seu ex-técnico no Corinthians. De fato, não é de hoje que o meio-campista tem um papel importante no elenco e uma vaga de titular, se não garantida, pelo menos frequente. E, no entanto, antes da Copa das Confederações da FIFA, ao sair perguntando por aí – ‘conhece o Paulinho?’ – o mais normal era receber de volta uma cara de interrogação. Natural.
Natural, primeiro, porque se trata de um jogador que atua no futebol brasileiro e cuja única experiência fora do país foi, digamos, alternativa: duas temporadas de aventura, quando ainda muito jovem, no futebol lituano e polonês. Também porque o jogador de 24 anos é de pouquíssimas e baixas palavras. Limita-se a dar seu recado dentro de campo, e é aí que, ao longo das últimas semanas, o mundo descobriu, ou confirmou, que o corintiano é um dos jogadores mais completos que se pode imaginar num campo de futebol. ‘Eu, sinceramente, não o conhecia’, contou ao FIFA.com o uruguaio Edinson Cavani, logo após a derrota por 2 a 1 para os brasileiros pela semifinal, no Mineirão. ‘Mas havia visto compactos em que ele aparecia jogando bem e subindo ao ataque. E, quando um jogador está fazendo isso pelo Brasil, ainda mais jogando como meio-campista, é porque evidentemente tem muita qualidade.’
Para reforçar essa imagem, não podia ter havido ocasião melhor do que a semifinal da última quarta-feira. Não é todo dia, afinal, que o sujeito que supostamente é um dos volantes de contenção da equipe aparece nos melhores momentos da partida fazendo um lançamento magistral para Neymar, que resultou no primeiro gol brasileiro, e sobretudo anotando de cabeça o segundo, a quatro minutos do fim. ‘É mesmo uma característica minha, essa de participar em diferentes áreas do campo, tanto cobrindo a marcação quanto ajudando o ataque’, analisa o meio-campista em conversa com o FIFA.com. ‘Tento ajudar de todas as formas dentro de campo e procuro seguir fazendo isso, seja no clube ou na seleção, porque foi assim que consegui as coisas na vida até hoje.’
Quanto ao clube, de fato, nada disso é novidade ?’ nem mesmo marcar um gol decisivo de cabeça no final de uma partida. Os corinthianos sabem disso muito bem, depois de terem comemorado a classificação à semifinal da Copa Libertadores de 2012, da qual se sagrariam campeões, com um lance bem parecido: aos 42 minutos do segundo tempo da partida de volta contra o Vasco, no Pacaembu, Paulinho subiu muito e fez o 1 a 0 que valeu a vaga. ‘Olha, na hora do gol com os uruguaios não consegui pensar naquele outro lance, mas a verdade é que a sensação é parecida. Se consigo ajudar o time assim, como aconteceu nessas vezes, fico feliz.’
Com aquele gol diante do Vasco, muita gente pela América do Sul passou a conhecer o volante que não é bem volante; o meio-campista que pode estar tanto correndo atrás de armadores adversários para roubar a bola quanto puxando um contra-ataque ou o concluindo dentro da área feito centroavante ?’ como fez na estreia diante do Japão ao anotar o segundo gol. ‘É valioso demais ter alguém assim. Principalmente quando o time se acerta, como o nosso tem se acertado’, contou David Luiz ao FIFA.com, ao falar sobre o companheiro de Seleção que, de tanto mostrar seu brilho discreto, tem despertado um interesse cada vez mais obsessivo do futebol europeu, especialmente da Premier League. ‘Se ele chegar a jogar na Inglaterra, vai se dar muitíssimo bem. Seu futebol se encaixa perfeitamente no ritmo do futebol inglês’, completou o zagueiro do Chelsea.
Agora, já não é mais segredo. Custou um pouco, mas, com a Copa das Confederações, o nome de Paulinho, fora de campo, vive o mesmo que acontece com o meia dentro dele: está por toda parte.