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Ícone da Democracia, Casagrande fala das manifestações pelo Brasil

Danilo Vieira Andrade

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Casagrande, ícone da Democracia Corinthiana, falou ao
LNet! sobre os protestos pelo país (Foto: Divulgação/Tv Globo)

Poucas pessoas têm tanta autoridade para falar sobre esse atual momento do Brasil como Walter Casagrande Jr. O ex-jogador do Timão e da Seleção entrou para a história do país e do futebol brasileiro como um dos protagonistas da Democracia Corinthiana, 

O movimento que, por dentro do Parque São Jorge, tentava ajudar o anseio de toda a população pelo fim da Ditadura Militar, com mobilizações nas ruas, remete ao que acontece neste momento nas principais capitais do país. Em entrevista exclusiva o LANCENet!, Casagrande falou desse atual momento do Brasil e pediu paz e foco nos protestos: 

LANCENet!: Esses jogadores da Seleção estão atuando em qual estágio psicológico diante do cenário do Brasil? É possível jogar bola sem pensar nesse extracampo que é tão significativo?

Depende do relacionamento do jogador com a sociedade e a política brasileira. Eu não sei qual o pensamento dos jogadores de hoje. Mas é assim: você está concentrado numa Seleção Brasileira disputando uma Copa das Confederações, você consegue se desligar um pouco, mas não totalmente. Você se desligar um pouco.

LANCENet!: Você foi um dos jogadores mais importantes da Democracia Corinthiana. Como enxerga essa mobilização das ruas depois de ter vivido aquilo no início da década de 80, de ter acompanhado milhares de pessoas na rua?

A população tem direito de reivindicar, de protestar as coisas que não estão corretas. Eu só não concordo com violência, com quebra-quebra, com vandalismo, isso é fora de propósito, não tem nada a ver com reivindicar alguma coisa. Só isso. Vivemos numa democracia e o povo tem todo direito de se manifestar querendo mudar algo. Quebrar? Aí, não!

LANCENet!: De alguma maneira você remete ao passado quando você vê as imagens pela televisão? Traz alguma lembrança do que você, Sócrates & Cia. fizeram para ajudar aquela mobilização?

Olha, os objetivos são diferentes. Na nossa época, a gente tinha objetivo de lutar contra o regime militar, hoje é alguma coisa mais ampla, as tarifas de transporte, é a corrupção, a coisa é mais espalhada. É complicado. Eu não vi ainda, por exemplo, os manifestantes mostrarem o que eles querem. Eu só vi eles mostraram o que eles não estão gostando. Penso que precisam mostrar o que querem, o próximo passo seria o por quê. O Governo precisa saber o que eles querem agora…

LANCENet!: Se o Sócrates tivesse vivo ele estaria engajado com o povo? Ele ajudaria e apoiaria tudo que está acontecendo nas cidades?

Se o Sócrates fosse vivo ele estaria falando a mesma coisa que eu, vivemos uma democracia, isso faz parte de um país democrático, mas não tem nada a ver com vandalismo e é necessário mostrar o que você quer, esse é o passo.

LANCENet!: Como você enxerga o atual momento da Seleção Brasileira?

A equipe evoluiu bastante desde que começou o trabalho do Felipão, talvez não fosse uma evolução aparente para a maioria das pessoas, para mim também não era tão aparente assim, mas a partir do jogo da França, deu para perceber uma evolução tática, uma evolução técnica, penso que o Brasil está em plena evolução.

LANCENet!: Você é daqueles que pensam a Seleção depende muito do Neymar para ter um lance decisivo ou você enxerga uma Seleção que já tem um conjunto legal?

Eu acho que, tecnicamente, a Seleção Brasileira tem várias soluções de jogo, mas é claro que ter um Neymar em campo significa que você tem um jogador que pode resolver o jogo para você a qualquer momento. Eu acho que a inventiva, o improviso e a surpresa técnica estão no Neymar.
Fonte: Lancenet