Os últimos 106 dias passaram como se fossem décadas para os familiares dos 12 corintianos que foram detidos em Oruro, na Bolívia, após a partida entre San Jose e Corinthians pela Libertadores, no dia 21 de fevereiro. E a mãe de Danilo Silva de Oliveira, um dos sete que foram libertados e retornaram ao Brasil neste domingo, tirou pelo menos uma conclusão de todo esse sofrimento: não vai mais deixar o filho viajar tão longe e, muito menos, sozinho, para acompanhar o Corinthians.
Lucimara Vital Silva de Oliveira até chegou a visitar Danilo no período em que ele esteve preso na Bolívia. Ela enfrentou o medo que tinha de andar de avião e foi passar o aniversário do corintiano junto com ele, em um cenário nada agradável, no presídio de Oruro. E, aliviada após saber da libertação do filho, neste domingo ela garantiu que ele não vai mais se aventurar dessa forma pelo Corinthians.“Fora do Brasil, não. Não vai. Ele sempre viajou, foi para muito lugar, mas sempre no brasil. Eu falei, agora vc vai, mas nós vamos junto. Se não puder ir três, quatro, não vai ninguém”, assegurou Lucimara em entrevista àESPN, já mandando o recado ao filho Danilo.
Outra que sofreu a mesma aflição ao esperar pelo corintiano foi Uiara Cristina dos Santos, namorada de Danilo, que também chegou bem cedo ao Aeroporto Internacional de Guarulhos neste domingo para recepcioná-lo. Se depender dela, o filho de dona Lucimara também não viajará mais sozinho para ver o Corinthians.
“Eu vou junto, se não, não vai, não deixo”, afirmou Uiara, agora sorrindo por saber que estava perto de abraçar o namorado novamente.
O discurso dos corintianos que desembarcaram em São Paulo após 106 dias reclusos na Bolívia, porém, era diferente. Todos eles, quando perguntados se deixariam de ir ao estádio por conta do incidente que os deixou presos por mais de três meses em Oruro, sequer pestanejaram para responder.
“O Corinthians é minha vida, jamais vou deixar de ir”, declarou Tadeu Macedo Andrade, um dos líderes da Organizada Gaviões da Fiel que estava entre os presos de Oruro.
“O quê? Vou deixar de ir para o estádio por causa disso? Jamais!”, garantiu Tiago Aurélio dos Santos. E é possível que até a mãe e a namorada de Danilo tenham que dar o braço a torcer porque ele não pretende mudar a rotina depois do que acontecer.
“Sou corintiano até a morte, isso foi um acidente, vamos ter ações preventivas pra que não aconteça isso de novo”, disse.
Mas o assunto Corinthians ficou um pouco deixado de lado pelas famílias, pelo menos neste domingo. Mais do que discutirem sobre se seria seguro permitir ou não que os filhos voltassem a viajar em caravanas para acompanhar jogos do clube, as mães queriam apenas abraçar os seus ‘garotos’, que não tinham por perto há tanto tempo.
“É como se meu filho tivesse nascido de novo. Tudo o que eu fazia era pensando nele. Foi um pesadelo, 106 dias de pesadelo, mas agora acabou. Só quero dar um abraço bem forte nele”, admitiu dona Lucimara.
Os sete corintianos que desembarcaram neste domingo em São Paulo foram Tadeu Macedo Andrade, Rafael Machado Castilho Araújo, Tiago Aurélio dos Santos Ferreira, Cléber de Souza Cruz, Danilo Silva de Oliveira, Hugo Nonato e Fábio Neves Domingos. Os outros cinco, Leandro Silva de Oliveira, Reinaldo Coelho, José Carlos da Silva Junior, Marco Aurélio Nefeire e Cleuter Barreto Barros, ainda aguardam a análise da Justiça boliviana para serem liberados e poderem voltar ao Brasil.
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