Ralf deixa para trás pecha de brucutu e revela: “Estou me aperfeiçoando”

Danilo Vieira Andrade

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Ralf confirmou a sondagem do Bayern de Munique, mas não se vê longe do Corinthians por ora / Crédito: 

Ricardo Gomes

Por décadas o futebol brasileiro coexistiu com a figura do volante brucutu, jogador de estilo rústico, que se limitava a funções de marcação, sem preocupações com a parte ofensiva. Ser um volante brucutu soava pejorativo. Ralf levou esse carimbo quando deixou o Grêmio Barueri para se juntar ao Corinthians, em 2010.

Mas o jogador, hoje peça-chave do time dirigido por Tite, diz já ter superado a pecha de ‘leão de chácara’. Ralf está mais solto, se lançando ao ataque, iniciativa pouco comum há duas temporadas. Tudo às custas de muito treino.

Em entrevista à PLACAR, Ralf dá de ombros para as críticas sobre seu estilo vigoroso. O camisa 5 do Timão fala também sobre as possibilidades do atual campeão continental na Libertadores, as chegadas de Renato Augusto, Pato e Gil, seleção brasileira e ida para o futebol europeu.

Você tem jogado mais solto nesta temporada, participando mais ativamente das tramas ofensivas. A que, ou a quem, atribui essa mudança no seu estilo de jogo?

O Corinthians tem ótimos profissionais, que se dispõem a me ajudar. Só depois de velho é que fui aperfeiçoar meu jogo. Tenho buscado melhorar. Faço trabalho de finalização, cabeceio e isso tem colaborado na minha performance a cada jogo. O Tite também pediu para eu me aprimorar. Ele também tem culpa nessa mudança.

O que você tem à dizer aos que o classificam como um volante brucutu?

Todo time tem um volante que sai mais, e outro mais marcador. Mas não me incomoda ser chamado de brucutu. Estou buscando melhorar a cada treino.

Falando em volante que sai mais, como é a sua relação com o Paulinho?

Facilita muito jogar com o Paulinho. Há dois anos que jogamos juntos. É até difícil quando um de nós não está em campo. Nosso entrosamento facilita para o Tite também, já que ajudamos bastante na parte defensiva.

O Corinthians tem a classificação bem encaminhada na Libertadores (é o vice-líder do Grupo 5, com sete pontos). Na sua opinião, quais são os principais rivais na luta pelo bi continental?

A gente sabe que, para ficar bem na classificação, temos que passar pelo Millonarios, na quarta-feira. É um jogo difícil, já que que tem a altitude e eles também buscam a classificação. Não tem como falar quem são os principais rivais. Todos querem ganhar do Corinthians. Se eu jogasse em outro clube, também gostaria de tirar o atual campeão. Todos os rivais vão querer dificultar ao máximo.

As chegadas de Renato Augusto, Pato e Gil mudaram o jeito de o Corinthians jogar?

O Renato Augusto dá mais velocidade à equipe. Essa passagem pela Alemanha o ajudou muito (Nota da Redação: Renato Augusto jogou no Bayer Leverkusen de 2008 a 2013). Ele vinha encontrando o entrosamento ideal com a equipe, especialmente comigo e com o Paulinho, mas essa lesão acabou atrapalhando. O Gil tem o respaldo de todos. É um cara batalhador, guerreiro, que merece. O Pato nem se fala, é um cara diferenciado. Foram três grandes contratações.

Dos cinco gols anotados com a camisa do Corinthians, qual mais lhe marcou?

O marcado contra o Deportivo Táchira-VEN, na estreia da Libertadores-2012. Foi importante por ter sido a um minuto do fim, quando perdíamos por 1 x 0. Aquele gol nos ajudou a sair da Libertadores invictos.

O Corinthians tem jogado aquém das expectativas neste Paulista, especialmente diante de times de menor expressão. Existe algum relaxamento natural com os resultados atingidos em 2012 ou essa baixa produtividade é resultado das escolhas que o time faz no início de cada temporada?

Não temos que priorizar nada. Todo jogo é difícil. Não vamos tirar o pé. O Tite ainda tá buscando a melhor formação. As coisas não estavam se encaixando, mas agora, com todo mundo bem fisicamente, o time vai melhorar. Relaxar é enganar a si próprio.

Que volante te fez cabeça, serviu de modelo para a sua carreira?

Por ser corintiano, sempre admirei o trabalho do Zé Elias e do Vampeta. Só agradeço a eles por terem sido volantes e oferecido tantas alegrias ao Corinthians.

Essa preferência do Felipão por um típico primeiro volante reacende a sua esperança de voltar a ser convocado para a seleção brasileira?

Tenho esperanças, mas, para eu voltar a ser lembrado, tenho que estar bem no Corinthians, que é o meu único foco no momento. O Corinthians é o meu ganha-pão, onde estou diariamente.

No início do ano surgiu um rumor de que o Bayern de Munique estaria interessado no seu futebol. Houve de fato essa sondagem?

Teve a sondagem, sim, mas não foi nada concreto. Deixo esse tipo de coisa com o meu empresário.

Aos 28 anos, pensa em ir para o futebol europeu?

Sempre procurei respeitar tempo de contrato. Quero cumprir meu contrato com o Corinthians e conquistar muitos outros títulos aqui. Se tiver que ir para a Europa amanhã ou depois, só Deus saberá. Não quero sair tão cedo do Corinthians.

Fonte: Placar