Tite orienta Gil e Paulo André durante treino do Corinthians (Foto: Daniel Augusto Jr / Agência Corinthians)
Com seis gols sofridos em 14 jogos, o Corinthians tem, neste momento, a melhor defesa da história do Campeonato Brasileiro sob o formato dos pontos corridos, adotado pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) desde 2003. A média de 0,42 gol por jogo supera a marca estabelecida pelo São Paulo, em 2007. Campeão nacional com quatro rodadas de antecedência naquela oportunidade, o Tricolor sofreu 19 gols em 38 jogos (média de 0,5 gol por jogo). A consistência da equipe alvinegra na marcação é evidente, e tornou-se uma marca registrada do técnico Tite. Desde que chegou ao Corinthians, para sua segunda passagem pelo clube, no fim de 2010, o comandante imprimiu seu estilo à formação tática do Timão. Todos, até mesmo os atacantes, são responsáveis pela marcação. As estatísticas refletem o senso coletivo de pressão sem a posse de bola. Emerson Sheik, por exemplo, é um dos maiores “ladrões de bola”, mesmo atuando no setor ofensivo. A dupla de zaga titular, atualmente, é composta por Gil e Paulo André. Enquanto o primeiro chegou ao Corinthians no início desta temporada, tomou a vaga de Chicão e se tornou um dos maiores destaques da equipe (é recordista de jogos em 2013, com 45 disputados), o outro completou quatro anos de clube e se firmou após a venda de Leandro Castán – titular na conquista da Taça Libertadores da América – ao Roma. Quando se firmou como a melhor defesa da história dos pontos corridos, em 2007, o São Paulo atuava no esquema 3-5-2 de Muricy Ramalho. Alex Silva, Miranda e Breno formavam a sólida retaguarda, que foi fundamental para a conquista do quinto título brasileiro da história do clube. Vale ressaltar que, nos 14 primeiros jogos do Tricolor daquele ano, a equipe do Morumbi também havia sofrido seis gols.
Ano
Melhor defesa
Gols sofridos e número de jogos
Média gols/jogos
2003
São Caetano (4° colocado)
37 gols sofridos em 46 jogos
0,80
2004
São Paulo (3° colocado)
43 gols sofridos em 46 jogos
0,93
2005
Internacional (vice-campeão)
49 gols sofridos em 42 jogos
1,16
2006
São Paulo (campeão)
32 gols sofridos em 38 jogos
0,84
2007
São Paulo (campeão)
19 gols sofridos em 38 jogos
0,50
2008
Grêmio (vice-campeão)
35 gols sofridos em 38 jogos
0,92
2009
São Paulo (3° colocado)
42 gols sofridos em 38 jogos
1,10
2010
Fluminense (campeão)
36 gols sofridos em 38 jogos
0,94
2011
Corinthians (campeão)
36 gols sofridos em 38 jogos
0,94
2012
Fluminense (campeão) e Grêmio (3° colocado)
33 gols sofridos em 38 jogos
0,86
Dos dez Brasileiros disputados por pontos corridos até hoje, em cinco deles o campeão teve a melhor defesa: São Paulo (2006 e 2007), Fluminense (2010 e 2012) e Corinthians (2011). Tite evita elogios ou comentários setorizados em seu time. Ele julga que a defesa pouco vazada seja trunfo mais da consistência da equipe como um todo do que da boa fase de jogadores específicos. No esquema 4-2-3-1, o treinador faz com que até mesmo o pivô, isolado no ataque, volte para ajudar no combate à saída de bola adversária.
O bom desempenho da defesa do Corinthians não vem de hoje. Campeão paulista, o Timão também foi o menos vazado do torneio estadual, com 18 gols sofridos em 23 jogos. Na Libertadores do ano passado, a equipe teve uma das melhores defesas da história da competição continental, com apenas quatro gols sofridos em 14 jogos.
Na história do Campeonato Brasileiro – sob esta nomenclatura, ou seja, desde 1971 – a defesa mais eficiente de todos os tempos foi a do Palmeiras de 1973, que conquistou o bicampeonato brasileiro naquele ano. A escalação da retaguarda alviverde, composta por Leão, Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca é lembrada até hoje por torcedores. Foram apenas 13 gols sofridos em 40 jogos, uma média de 0,32.