Construção do teto da Arena Corinthians | © Divulgação |
Nem sempre o alcance de uma máquina é o mesmo de um ser humano. A menos de um ano para a abertura da Copa do Mundo na nossa casa, quem a visita se impressiona com os quase 85% de conclusão. No atual estágio, com o aumento do ritmo nos serviços de acabamento, alguns personagens se destacam. Conheça um pouco do trabalho dos alpinistas industriais nos telhados dos prédios leste e oeste.
Coragem aliada a uma técnica muito específica. É isso o que três alpinistas industriais precisam para trabalhar a 70 metros do chão, em meio às gruas, superguindastes e módulos metálicos da cobertura. Especializados em técnicas verticais, eles chegam aos pontos da obra aonde as máquinas não vão e aplicam sua habilidade para combater o iminente risco da queda.
Com 38 anos e sete de profissão, Luciano Vieira Ramos preferiu pontuar as diferenças e semelhanças entre o alpinismo industrial e o alpinismo como esporte. ‘É complicado explicar a diferença, já que alpinismo vem de Alpes, os picos mais altos da Europa. Escalo há 16 anos e pratico por lazer nas horas livres em locais como a Pedra do Baú ou Campos do Jordão, mas no trabalho é diferente, mexemos com outro tipo de altura e não temos as eventuais dificuldades impostas pela natureza que teríamos em lugares mais perigosos’, disse Luciano.
Junto a Luciano Vieira, Florisvaldo Celestino da Silva Jr, de 47 anos e 12 na área, também trabalha como alpinista industrial e passou por formação igual para obter a obrigatória NR35 (Norma Regulamentar). Contribuiu nas obras da Ponte Espraiada, na Marginal Pinheiros, de uma usina eólica e em uma refinaria de etanol. Responsáveis pela tubulação fluvial, instalações elétricas, entre outras tarefas na Arena, os dois trabalham presos a cordas e podem se deslocar nos ares de forma diagonal, vertical ou horizontal nas chamadas linhas de vida, caminhos nas alturas.
Na Arena Corinthians, relatam ter encontrado a segurança e uma nova estrutura para o trabalho que fazem. ‘O alpinismo industrial está começando a ser contemplado agora no Brasil. Na Europa é uma área bem desenvolvida. Com os novos eventos esportivos, isso exigirá muito de nós. Na Arena Corinthians, temos muitas linhas de vidas, o que nos passa muita segurança para trabalhar. É algo novo no Brasil’, afirma Florisvaldo Celestino.
Ao contrário dos dois que são responsáveis pelos acabamentos mais leves, Mauro Florentino da Cruz, 33, está há menos tempo na área e atua de forma um pouco diferente, em um alpinismo industrial ‘pesado’. No encaixe dos módulos e das peças mais pesadas, Mauro é quem conduz a mecânica nos ares, com uma técnica diferente. Caso erre, uma peça de muitas toneladas pode proporcionar um grave acidente. Segundo Luciano Vieira, ‘o trabalho que o Mauro faz é coisa de louco. Nós não teríamos a mesma coragem ou técnica, teríamos medo’.
Fonte: Site Oficial do Corinthians