Alexandre Pato tem dinheiro a receber do clube (Foto: Eduardo Viana/ LANCE!Press) |
O Corinthians iniciou 2014 reclamando do mercado inflacionado e ressaltando para empresários, clubes e investidores que não tem dinheiro em caixa. Neste momento, o clube admite que atrasa o pagamento de direitos de imagens de Alexandre Pato, Emerson Sheik e Ralf, únicos do elenco alvinegro que recebem tal benefício. O valor se aproxima de R$ 4 milhões.
Pato, que custou R$ 40 milhões – já foram pagos cerca de R$ 27 milhões ao Milan (ITA) -, ainda não deu o retorno esperado em campo. Com Mano, também começará na reserva. Fora de campo, ele é um dos motivos que fazem a diretoria queixar-se de falta de dinheiro.
Para contratar o volante Bruno Henrique, do Londrina (PR), por exemplo, o Timão apelou para que o valor de R$ 1,5 milhão fosse dividido em três parcelas mensais.
– Quando você vai fazer uma compra, não pergunta se dá para passar no cartão de crédito em algumas vezes sem juros? Quanto mais pode fazer, faz. Foi o que fizemos – justifica o diretor de finanças Raul Correa da Silva, ao Lancenet.
Raul admite que o fluxo em caixa é bem modesto em relação ao ano passado. No orçamento de 2014, ele ‘separou’ apenas R$ 10 milhões para contratações.
– Desde as manifestações (durante a Copa das Confederações, em junho de 2013), a economia sofreu um grande impacto. Você vê clubes de muita torcida sem patrocínio principal. Esse ano tem Copa do Mundo e nós não teremos Libertadores. Não faz sentido fazer um grande investimento no primeiro semestre. No ano passado investimos muito – afirmou o diretor.
– Não temos dinheiro hoje mas, se precisar, arrumamos – ressalta Correa da Silva.
Outras dívidas
Além dos direitos de imagem, o clube ainda tem débitos com o volante Ralf e com o América-MG, referente à compra de Rodriguinho, em outubro de 2013. Os valores totalizam cerca de R$ 8 milhões.
Clube espera grana da Caixa e de vendas
Sufocado pela falta de dinheiro em caixa e dívidas atrasadas, o Corinthians não é só devedor, mas também aguarda pagamentos. O principal deles é o da Caixa Econômica Federal, pelo patrocínio master da camisa. O clube afirma que a verba sairá em breve, mas até o fim desta semana constava no Cadin (Cadastro de Devedores) por não apresentar as Certidões Negativas de Débito (CND) necessárias.
O valor, referente aos meses de novembro, dezembro e janeiro, chegam a R$ 7,5 milhões. O pagamento é feito de forma mensal e totaliza R$ 30 milhões ao fim do ano.
Além do pagamento da Caixa, o Timão também espera receber cerca de R$ 8 milhões da Roma (ITA), que no meio do ano passado vendeu o zagueiro Marquinhos para o PSG (FRA). O valor se refere a 5% dos direitos que ainda eram do clube, além dos 3% a que tinha direito por ter sido o clube formador.
Outra venda que renderá será a do lateral-direito Edenilson para a Udinese (ITA). Os italianos pagarão 3,5 milhões de euros (cerca de R$ 11,2 milhões) e o Corinthians, dono de 40% dos direitos, ficará com cerca de R$ 4,5 milhões.
Bate-Bola: Raul Correa da Silva, diretor financeiro, ao Lancenet
Está difícil para contratar?
Está difícil. Quando chove, chove na casa de todo mundo, é só ver os outros clubes. Nós não tivemos patrocínio no ombro e no calção em 2013, nisso deixamos de ganhar R$ 12 milhões. Tivemos perdas de mando no Brasileiro, que também prejudicaram a nossa receita final na temporada.
O clube tem procurado investidores para ajudar em contratações. Esse é o caminho?
É uma política que temos desde 2008. Às vezes, é preciso fazer uma contratação e o clube tem um determinado volume de recursos, busca parceiros… Fazemos isso desde aquela época. Às vezes, a economia está melhor, depende do momento e do perfil do jogador. O Pato compramos sozinho, o Paulinho e o Romarinho vieram com investidores, tudo depende da estratégia do momento.
Se aparecer um grande jogador no mercado, o Corinthians não teria R$ 10 milhões para trazê-lo?
Se aparecer um Cristiano Ronaldo, pela metade do que é o mercado, a gente não pode deixar de olhar. Traduzindo: não é para o caixa que olhamos, é a oportunidade. No ano passado, a gente teve (com o Pato) e compramos. Não temos esse dinheiro hoje mas, se precisar, nós arrumamos.
Fonte: Lancenet