Em dois anos, Arena Corinthians tem muita história pra contar

Danilo Vieira Andrade

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Nesta quarta-feira, a Arena Corinthians completa dois anos. Nesse período foi cercada de números positivos e negativos. A casa do Timão fica lotada quando a equipe vai jogar, mas em relação às contas, também chega a um número alto e está longe de fechar.

Se por um lado, o alvinegro é quase imbatível em casa, por outro sofre seguidas derrotas em jogos eliminatórios. Fora das quatro linhas, a preocupação é grande por conta da venda dos naming rings, as obras inacabadas e as investigações da Operação Lava Jato.

Dentro de campo, a Fiel já marcou presença em mais de 2,2 milhões de torcedores em 68 partidas, média acima de 33 mil pessoas por confronto.

O maior público em partidas do alvinegro ainda pertence ao clássico contra o São Paulo, na final do Brasileirão de 2015. Na partida, 44.976 pessoas pagaram para ver a goleada de 6 a 1 do Timão, hexacampeão nacional. No entanto, a pior marca também é lembrada. No confronto contra a Ponte Petra, no Paulistão deste ano, 22.029 pagantes estiveram em Itaquera.

Com 68 partidas, 50 vitórias, 14 empates e cinco derrotas, com 141 gols marcados e apenas 41 sofridos, o Corinthians realmente tornou a Arena em uma aliada para conseguir bons resultados, já que não perde em casa desde 26 de agosto do ano passado, quando foi batido pelo Santos por 2 a 1, pela Copa do Brasil.

As grandes atuações do alvinegro em casa ficaram marcados por conta das goleadas que a equipe aplicou nos adversários. Na Libertadores de 2015, o Once Caldas foi massacrado por 4 a 0, assim como Danubio, que também foi goleado por 4 a 0. Ainda na fase de grupos, o Timão teve atuação de gala em 2 a 0 diante do São Paulo, que também foi vítima da maior goleada da Arena até aqui, no Campeonato Brasileiro, no histórico 6 a 1.

Apesar do grande apoio do público, não é sempre que o Corinthians consegue se dar bem nas finais dos campeonatos. Em 2015 foram três quedas em cada. A primeira foi quando perdeu para o Palmeiras nos pênaltis e deu adeus ao Paulistão. Em seguida, perdeu por 1 a 0 para o Guaraní, do Paraguai, e caiu nas oitavas da Libertadores.

Isso continuou no segundo semestre, com a derrota por 2 a 1 para o Santos e, consequentemente, a eliminação na Copa do Brasil. Em 2016 não mudou foi eliminado pelo Audax nos pênaltis e ficou fora do Paulistão. Não muito tempo depois, o empate com o Nacional, em Montevidéu, tirou o time novamente da Libertadores.

Em questão das contas, o clube calcula que até o momento conseguiu pagar cerca de R$ 75 milhões de um total de quase R$ 1,2 bilhão. Em dois anos de Arena, o clube arrecadou R$ 138 milhões com as vendas de ingressos, mas apenas R$ 50 milhões chegaram ao fundo que gerencia a conta. O restante do dinheiro foi gasto com taxas da FPF e da CBF, além do funcionamento do estádio. Só com a manutenção, o clube desembolsa R$ 2,7 milhões mensais

O Corinthians pediu ao BNDES um tempo de 17 meses para voltar a pagar a parcela mensal de R$ 5,7 milhões pelo empréstimo de R$ 400 milhões. O clube pretende fazer caixa, e a partir de agosto de 2018, quitar o montante sem sustos (a dívida total é de R$ 393 milhões). Com a negociação em andamento, o Timão não depositou os meses de abril e maio. A expectativa é de até o fim do mês o acordo seja feito.

O Timão também sofre é com a venda dos CIDs (Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento) dados pela prefeitura de São Paulo. O clube só conseguiu negociar 24,8 milhões, e boa parte com a Odebrecht, empresa responsável pelas obras, dos R$ 420 milhões em títulos.

O Corinthians ainda precisa pagar mais dois empréstimos a Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 250 milhões e R$ 50 milhões, respectivamente. O acordo tem o tempo de 28 meses, e a previsão do começo do pagamento é ainda neste ano. Por isso, o clube corre para acertar a venda dos naming rights. Boa parte do dinheiro arrecadado será destinado diretamente para quitar esses empréstimos

A diretoria afirma que a venda do nome do estádio está muito próxima, mas os valores e o nome do grupo que negocia a compra não foram revelados. O alvinegro calcula que receberá R$ 400 milhões por 20 anos de contrato. Hoje, comenta-se que trata-se de uma empresa brasileira que não tem ligação com o mercado financeiro.

O acordo prevê que o nome vai ser escolhido provavelmente por uma votação no site oficial do clube na internet. A empresa que negocia tanto para adquirir os naming rights, como também o controle do programa Fiel Torcedor, com mais de 130 mil torcedores. Cartões de crédito com uma série de benefícios serão oferecidos.

Como há indícios que o vice-presidente André Luiz de Oliveira tenha recebido propina de R$ 500 mil durante as obras do estádio, feitas pela Odebrecht, a Arena continua sendo investigada pela Lava Jato. André Negão, assim chamado, foi levado para prestar esclarecimentos à Policia Federal e acabou preso por porte ilegal de duas armas de fogo. Ele foi liberado após pagar fiança.