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De convocado a questionado. Como Ralf caiu de produção de 2012 para cá

Danilo Vieira Andrade

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Ralf é um ídolo da torcida do Corinthians, mas já não é mais o volante inquestionável que era lembrado para a seleção brasileira e cobiçado por times europeus. De 2012 para cá, o camisa caiu de produção, passou a ter mais lesões e hoje há quem defenda que o time melhora sem ele em campo, baseando-se nas últimas rodadas.

Possível desfalque da partida contra o Cruzeiro, nesta quarta, ele perdeu os três últimos jogos por lesão e viu, de longe, o time crescer de produção: uma derrota fora para o Atlético-PR e duas vitórias convincentes, ambas em casa, contra Atlético-MG e Sport. Em todas, Bruno Henrique formou o meio-campo ao lado de Elias, dando mais qualidade à saída de bola e até mais combate que o titular. Mano acha cedo para cravar uma relação entre a ausência e os resultados.

“Seria uma injustiça com o Ralf dizer que em dois jogos o Corinthians melhorou porque ele saiu. Não seria ético da minha parte, nem inteligente. E não acredito nisso. Futebol você precisa esperar mais tempo para dizer isso. Fizemos um grande jogo com o São Paulo e o Ralf foi o titular. É bom ter um pouco mais de calma para lá e para cá”, disse o técnico do Corinthians na última terça, ao ser questionado sobre o assunto.

Os números mostram que, de fato, a disputa com Bruno Henrique é equilibrado. No Brasileiro, segundo o Footstats, o volante reserva dá menos passes errados que Ralf (1,47 por jogo contra 2,46), mas ainda desarma bem menos (1,2 contra 2,88).

Na Copa do Brasil, por outro lado, Bruno Henrique vence a disputa. Além de passar melhor (2,5 erros por jogo contra 3,17) e desarmar mais (4 contra 3,33), o ex-jogador do volante de 24 anos ainda participa melhor do jogo, com mais finalizações, cruzamentos e lançamentos. A distância pequena entre os dois, porém, ainda permite que a idolatria e a experiência deem crédito a Ralf, como pede Mano.

O velho Ralf
A questão é que o Ralf de dois anos atrás não precisaria dessa “forcinha”. Em 2012, o cão de guarda do time campeão da Libertadores terminou o Brasileiro com média de 3,59 desarmes, contra 2,88 neste ano. Passes errados? Ralf vacilava 2,28 vezes por partida, enquanto em 2014 o faz em 2,46 oportunidades.

Naquele ano, Ralf atingiu a glória máxima no Corinthians com a Libertadores e o Mundial, os melhores momentos do time na temporada – no Brasileiro, a equipe titular de Tite chegou a ganhar férias no meio do torneio. Por isso, uma comparação com o Brasileiro de 2011, em que o Corinthians foi campeão, mostra uma diferença ainda maior.

No auge da forma física, Ralf fazia impressionantes 4,79 desarmes por partida, liderando o quesito com folga ao fim do Brasileiro. Foi ali, em seu primeiro ano como titular absoluto, que ele ganhou a torcida pela raça e o poder de marcação.

Com Mano Menezes na seleção, Ralf foi convocado e entrou em campo em seis oportunidades. Encarou a Argentina quatro vezes em duas edições do Superclássicos das Américas, a Alemanha e a Costa Rica. Não convenceu o treinador, que chegou a dizer que faltava ao ex-pupilo de Corinthians mais técnica com a bola nos pés. Mais tarde, com Felipão, teve apenas uma chance, contra a Bolívia, e nunca mais foi lembrado.

A crítica de Mano e o fracasso na seleção não o impediram de sonhar com voos mais altos. Em 2013, quando ainda surfava na onda do Mundial de Clubes, o estafe do volante esperava uma transferência para um time médio do futebol europeu. A proposta concreta nunca veio e Ralf ficou.

Hoje, tem 30 anos e um histórico invejável no clube, mas não mostra mais os mesmos números de antes. No começo do ano, no auge da má fase, foi um dos protagonistas da goleada sofrida diante do Santos, por 5 a 1, no Paulistão.

Agora, em meio a uma lesão no joelho direito, vê Bruno Henrique aparecer no retrovisor enquanto Mano aposta cada vez mais em um meio-campo capaz de sair jogando com rapidez. O treinador defende o capitão, mas o fato de ter de fazê-lo talvez mostre como os tempos são outros para Ralf.

Fonte: UOL