Com a aposentadoria de Alessandro, Ralf se tornou a principal referência do elenco (Foto: Marcelo Braga) |
Uma das coisas mais curiosas que aconteceu na transição entre Tite e Mano Menezes no Corinthians tem a ver com a faixa de capitão. Se com o antecessor ela rodava por diferentes braços durante os jogos, mas grudava em Alessandro e Danilo quando era hora de erguer taças, com o treinador contratado para o ano de 2014 o dono acabou sendo Ralf. Aquele que dizia não se sentir bem com o objeto, chegando até a solicitar a Tite que não a usasse.
Mas liderança, como chegou a dizer o próprio Tite em certa ocasião, não pode ser forçada, acontece naturalmente. Com Ralf, com 30 anos completados recentemente, ela parece, enfim, ter aflorado. Embora o volante, por repetidas vezes, ainda tente fugir do status de principal líder do elenco.
– Para mim é normal. Liderança todos temos aqui. Uns mais e outros menos, mas conto com a contribuição de todos. É só uma tarja, não tenho que gritar e falar mais que os outros. É só uma imagem de disciplina, importância e de liderança em campo. Não será ela que vai me fazer jogar mais ou menos ou falar mais ou menos – afirmou.
Ao chegar, Mano escolheu Paulo André como o seu capitão. Logo que o zagueiro foi negociado com o Shangai Shenhua, da China, porém, sobrou para Ralf a missão. Em uma conversa reservada na sala do treinador, ele afirmou que tinha escolhido o volante para a posição por conta da sua experiência dentro do clube. Contratado em 2009 a pedido do próprio Mano, o atleta de 265 jogos pelo clube não teve como dizer não.
– Se mudei, mudei para melhor. Você passa a ter essa liderança, tem essa obrigação de falar mais, mas sou tranquilo, estou sempre conversando e alertando o pessoal. E eles também me alertam. Não é porque sou capitão que só eu posso falar. Tenho melhorado muito – completou, sempre preocupado em não parecer diferente.
Uma preocupação que pode ter a ver com a pessoa a que Ralf se espelha: Alessandro, hoje coordenador técnico da equipe. Escolhido por Tite para usar a braçadeira nos principais jogos da equipe entre 2011 e 2013, o ex-lateral-direito exercia enorme influência dentro do vestiário, mas não ligava para o rodízio. De poucas entrevistas, chamava a responsabilidade em momentos críticos, mas preferia não se expor como o único cabeça.
– Me espelho nele, sempre conversamos, ele me ajuda muito. Agora ele brinca e me chama de “Capita”, mas digo que são todos. A tarja não me muda – repetiu Ralf, naquilo que já parece o seu mantra.
A conversa com o GloboEsporte.com em Extrema, no sul de Minas Gerais, onde o Corinthians faz um período de treinos, ia na mesma toada até o jogador, enfim, se abrir. E resolver admitir que, sim, sonha em repetir a cena clássica dos grandes capitães: erguer taças representando um grupo.
– O Brasileirão não é fácil, tem muitos times em condição de ser campeão, mas é claro que quero ser bi (venceu em 2011). Ainda mais agora como capitão, para erguer a taça. Eu me imagino fazendo isso, sim. Todo capitão se imagina. E que seja o mais rápido possível (risos). Esse é o sonho de qualquer jogador. Tenho que conquistar títulos para ser mais lembrado e reconhecido – finalizou.
Fonte: Globo Esporte