Ibson não fez um mal jogo na vitória por 2 a 0 contra o Luverdense (MT), pela Copa do Brasil. Ainda se habituando à função de segundo volante, deu sua primeira assistência pelo Timão, em toque que deixou Fábio Santos livre para marcar, e só não fez o seu primeiro gol porque, cara a cara com a meta, viu o goleiro defender. A 21 minutos do apito final, deu lugar a Alessandro e deixou o campo vaiado por parte da torcida. Após o jogo, mais uma vez, teve de responder sobre a implicância da Fiel contra o seu futebol.
– Nem reparei – disse ele, na saída do estádio do Pacaembu.
Só uma voz foi escutada por ele: a do pai, Laís Silva. Sem o conforto da esposa Cinthia e dos filhos Ibson Júnior e Alice, que estão viajando, foi com o antigo observador técnico do Flamengo que o meio-campista virou a noite conversando sobre a vitória em seu apartamento.
Confiante de que a relação com a Fiel vai mudar, ele abriu as portas do seu lar para o Lancenet e admitiu o desejo de, um dia, ser chamado pelo mesmo apelido que a torcida do clube carioca, adversário de amanhã pelo Campeonato Brasileiro, inventou para ele: ‘Ibshow’.
– Espero que um dia isso aconteça. Venho trabalhando e me empenhando nos treinos. É claro que não vai ser fácil conquistar a torcida do Corinthians, pela identificação que tinham com o Paulinho, que é um grande jogador. Mas vou seguir trabalhando e dando meu máximo nos jogos. Tenho de mostrar para eles que tenho condição de jogar no Corinthians. Vou trabalhar, porque tenho certeza que as coisas vão acontecer normalmente – disse.
Leia a entrevista com o jogador:
Lancenet: Você tem sentido realmente uma resistência da torcida?
Pode ser… Pode ser que seja também pela rivalidade que há com a torcida do Flamengo. Mas acho que vão se acostumando comigo…
Lancenet: Quem sabe com um gol…
Quem sabe, está chegando perto (risos). Tive uma oportunidade no último jogo, mas não consegui. Quem sabe pode ser amanhã.
Lancenet: Antes do jogo, você disse que não via o time eliminado da Copa do Brasil. Qual o tamanho do alívio?
Disse que não ia acontecer. Trabalhamos bastante e sabemos a importância da equipe. Tínhamos que entrar para vencer. O alívio é grande e nos dá tranquilidade. Perdemos na ida e a pressão aumentou, o que é normal em uma equipe grande como o Corinthians. Estamos tranquilos para pensar de novo no Brasileiro.
Lancenet: Como vê essa pressão de jogar em clube grande atrás de títulos?
Essa pressão é gostosa, te dá mais responsabilidades. Sabíamos que poderíamos fazer um grande jogo. O Corinthians ganhou tudo antes de eu chegar: Brasileiro, Libertadores, Mundial e Paulistão. Peguei uma equipe montada, com uma base forte e um grande treinador. Estou muito feliz por fazer parte desse grupo.
Lancenet: Como será enfrentar o Flamengo?
Hoje é como se fosse outro jogo normal. Cria-se uma expectativa, não só minha, mas das pessoas, pela identificação. Mas vou entrar em campo para dar meu melhor para seguir nossa caminhada rumo ao G4.
Lancenet: Como foi seu início no Flamengo?
Meu pai trabalhou no clube por 20 anos como observador técnico. Ele viajava o Brasil todo atrás de jogador. Aos nove anos fui para lá através de uma escolinha. Fiquei até os 20, depois saí para o Porto (POR), voltei em 2007, saí para o Spartak (RUS) e voltei por último no ano passado.
Lancenet: Seu pai é teu conselheiro?
Em casa sempre só se falou em futebol. É bacana, ele entende muito. Falo sempre com ele, antes e depois dos jogos, para ver o que ele acha.
Lancenet: A saída do Fla foi conturbada. Foi publicado na época que, por tentarem parcelar a dívida, você teria dito que não era as ‘Casas Bahia’…
(Risos) Não, não falei isso. Também li essa notícia, mas não é verdade. Respeito todos lá e é claro que da forma que as coisas foram acontecendo, fui ficando chateado…
Lancenet: Com pessoas ou com o clube?
Com a instituição nunca. Por onde passei, sempre tive carinho por todos e todos por mim. Foi mais pelas pessoas mesmo, pela forma como as coisas foram tratadas. Mas se isso não acontecesse, hoje eu não estaria tão feliz como estou no Corinthians.
Lancenet: Eles ainda te devem?
Acertamos o que faltava. Fizemos acordo. Está correndo tudo certo.
Nota da Redação: O contrato com o ex-clube iria até julho de 2014, mas como tinha atrasos no seu direito de imagem (cerca de R$ 2,4 milhões), o Flamengo optou por um acordo para liberá-lo.
Lancenet: Timão e Fla se parecem em quê?
São dois clubes grandes, com duas das maiores torcidas do mundo. São torcidas que apoiam muito no jogo.
Fonte: Lancenet