Com 32 anos de Odebrecht, Frederico Barbosa diz que participa do trabalho de maior visibilidade da história do Brasil. Segundo ele, a sua vida teve uma grande transformação
Frederico Barbosa faz pose na frente da Arena Corinthians (Foto: Reginaldo Castro) |
O engenheiro Frederico Barbosa não se importa em dar entrevistas. Mais do que isso, diz que chega muito cedo à Arena Corinthians e sai já ao anoitecer, tudo para dar tempo de trabalhar e ainda atender aqueles que têm dúvidas sobre o estádio corintiano. Com 32 anos de Odebrecht, garante que participa do trabalho de maior visibilidade da história do Brasil:
– Em relação à disposição, acho que não existe outra obra que fiz que tenha sido igual e dificilmente vai existir. Na história do país, qual obra tem uma visibilidade igual a essa? O Maracanã tem todo um histórico, é o templo do futebol, mas aqui tem 30 milhões de corintianos. É uma nação, pois 30 milhões é maior que muitos países – disse ele.
A vida dele, realmente, deu uma reviravolta. No dia 30 de maio de 2011, já percebeu no que se metia:
– Jamais esperava que no primeiro dia ia ter 12 canais de televisão, dez rádios, oito jornais e cinco helicópteros sobrevoando a obra com a pergunta: “Que dia fica pronta?” E tinha só 15 minutos de obra (risos) – lembra.
E olha que o engenheiro já viveu situações complicadas na carreira. Em obras por todo Brasil e até fora dele, conviveu com dificuldades que deixam os problemas da Arena Corinthians pequenos:
– Cada obra tem um desafio diferente. A minha primeira foi em Carajás (PA), na selva, onde ficamos três anos para fazer uma ferrovia, para implantar a mina dos Carajás. Foi de 1982 a 1985. Ali me casei, nasceu o meu primeiro filho, em um hospital de madeira, foi um desafio tamanho. Fizemos estradas em Goiás, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, quando ficamos em 77 municípios, num desafio imenso. Eram quase duas mil pessoas espalhadas em 100 mil quilômetros quadrados, e não tinha celular, era satelital e às vezes não pegava. Ficava até 20 dias sem ver um integrante da obra, em cidades sem combustível, com um desafio de logístioca. As obras guardam os seus desafios. Aqui na Arena temos um belo time de trabalhadores – disse.
Por fim, o engenheiro lembrou do dia final do Mundial diante do Chelsea. Após a vitória por 1 a 0 no Japão, vários corintianos foram para Itaquera comemorar a conquista:
– Sou santista, mas estava em casa torcedo pelo Corinthians. E aí mostra na TV aquela invasão. Na verdade, foi uma ocupação corintiana. Vieram com família, cheguei correndo e fiquei ate às 16h sem almoço. Tinha quase 2 mil pessoas. Era como a casa deles. Tinha criança, cachorro, filhos e até vendedor de creveja correndo na arquibancada. Parecia que estava em plena operação. Qual obra tem isso?
Nenhuma. Eu tentando descer as pessoas por conta da segurança e outros chegando. E o campo pintado de preto. Tínhamos colocado um pó de granito preto. Foi uma festa – disse.
Fonte: Lancenet