Marcelo não jogava no Pacaembu havia muito tempo, mas a verdade é que aquele era um cenário familiar. Goleiro do Penapolense-SP, mas com uma década de serviços prestados ao Corinthians, ele se emocionou quando o ônibus de sua nova equipe chegou para enfrentar o Palmeiras no domingo passado, 27 de janeiro. Era o início de uma nova história para Marcelo, afastado do futebol por dois anos, de carreira marcada por polêmicas, fama de mulherengo…e que pegou quase tudo que foi até o gol de sua equipe na partida. Resultado: vitória sobre os palmeirenses por 3 a 1.
“Até errei de vestiário no Pacaembu. Quando vi, estava entrando no vestiário do mandante”, se diverte Marcelo, 28 anos, sobre a chegada ao estádio onde Palmeiras e Penapolense se encontraram. Diz ainda ao Terra: “foi uma satisfação muito grande, algo muito diferente. O ônibus foi entrando no estádio e me passou um filme na cabeça. Relembrei meus tempos de Corinthians, dos jogos que fiz, das vitórias. Desde criança nas categorias de base. Foi um filme mesmo”.
A carreira de Marcelo, de fato, poderia interessar a algum diretor de cinema. Ele já experimentou a fama de ser goleiro titular do Corinthians e apontado como sucessor de Ronaldo. Foi ídolo da torcida do Bahia, contratado pelo Atlético-MG. “Vou ser sincero, exagerei em alguns momentos (no extracampo). Já fiz de tudo que todos os jogadores fazem. Eu fazia. Você é muito novo, ganha muito dinheiro”. Ele não especifica exatamente o que. E repete: “tudo o que os jogadores fazem”.
A briga com Vampeta e o envolvimento com Eliza Samudio
Meses depois, Marcelo também foi convocado a depor por conta de sua amizade com a então modelo Eliza Samudio em Belo Horizonte. O ex-goleiro Bruno, há dois anos, acabou preso por suspeita de assassinato. Na época, Marcelo era confidente de Eliza, que a ele telefonou para contar de sua relação turbulenta com Bruno. “Sobre o Vampeta, cada um segue a sua vida, já era, já passou e nem lembro mais”, conta. “Não me serviu para nada (sobre Samudio), falei o que tinha que falar. Já deletei tudo isso, coloquei uma pedra em cima”, tenta esquecer.
Foi desde então, por aproximadamente dois anos, que Marcelo tentou esquecer. Dispensado pelo Atlético-MG, resolveu se aposentar aos 26 anos. “Tive problemas pessoais e coisas da minha cabeça. Acabei desanimando e não quis mais jogar futebol. Fiquei passeando com minha mulher, com as minhas filhas. Mas passou um tempo e falei, ‘caramba, todo mundo jogando’. Meus amigos no Corinthians, no Atlético-MG, no Vasco, Aí começou a bater saudade”, diz.
No fim de 2011, Marcelo decidiu voltar ao futebol. Assinou por três meses com o ASA de Arapiraca-AL, mas apenas para entrar em forma. Depois fechou com o Americano-RJ, só que não teve sucesso. “No primeiro jogo, já rompi o (ligamento) cruzado (do joelho). Então procurei o Corinthians, fui muito bem tratado e revi amigos. No final do meu tratamento, já estava 100% e aí pintou a oportunidade de jogar pelo Penapolense”.
O clube havia tentado o ex-santista Fábio Costa, mas optou por outro nome com fama de bad boy. Uma questão do passado, assegura o diretor de futebol Paulo Carvalho. “Ele é hoje um atleta que quer ressurgir para o futebol. Ele é dedicado no comportamento extracampo e nos treinamentos”, explica. Marcelo, que almeja um lugar entre os oito finalistas do Estadual, sonha grande. “Queria ter a cabeça de hoje há cinco anos. Mas agora valorizo a família, as pequenas coisas, a minha carreira. Quero voltar a um grande clube, quero jogar a Série A ou a Série B”, diz esperançoso.