Estaduais às moscas: Corinthians e São Bernardo são ‘ETs’ no Paulistão

Danilo Vieira Andrade

4 de abril de 2013 às 15h01

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O Corinthians tem a melhor média de público

do Paulistão

Crédito: Miguel Schincariol

Campeonato estadual que tem maior circulação de dinheiro e que recebe a maior cota referente aos direitos de televisão, o Paulistão não foge à decepcionante regra quando o assunto é média de público. A edição 2013 tem 5.701 pagantes/jogo, mas revela dois “extraterrestres” quando o assunto é arquibancada cheia: Corinthians e São Bernardo.

No universo dos times grandes, o Timão aproveitou muito bem a carona do título mundial e emplacou o programa de sócios que vendeu antecipadamente e com desconto a maior fatia das entradas para as partidas. O saldo disso é uma média de público “de outro mundo”: 22.847 pagantes/jogo como mandante, com direito a presença nos cinco jogos com maior público da competição. Números dignos de Brasileirão (25.222 pagantes/jogo foi a média do Timão na Série A de 2012).

Já o São Bernardo tem deixado muito time grande com inveja Brasil afora com a média de 10.306 pagantes/jogo como mandante, até a 16ª rodada da primeira fase. O segredo, além de popularizar o sócio-torcedor, é dividir a distribuição de ingressos para conquistar mais adeptos. O time do ABC paulista faz desde 2010 a venda de entradas para empresas de diversos portes e as próprias companhias repassam para seus funcionários.

Com essa estratégia nos jogos em casa, o São Bernardo deixou para trás o Palmeiras (média como mandante de 8.043), só perdendo para, além dos corintianos, São Paulo (11.435) e Santos (10.976).

– Para se fazer futebol, é preciso ter receita e público. O trabalho começou pequeno e virou grande. Não esperávamos que tivesse esse sucesso todo. Penso que nossa média só não é maior pela limitação física do estádio – contou o presidente do clube, Luiz Fernando Teixeira Ferreira.

Na visão dele, é possível reverter o quadro nacional da desertificação das arquibancadas nos estaduais pelo Brasil. Só que a inércia dos dirigentes não pode continuar.

– Muita gente parou de ir ao estádio por causa da violência. Uma vez que levei meu filho a um clássico, tive que me defender até da polícia, que acha que todo torcedor é bandido. Felizmente a torcida do São Bernardo não desaprendeu a torcer. Hoje, o torcedor que vai ao estádio tem que se preocupar com brigas, se vai ser multado porque não tem lugar direito para estacionar, ingresso caro… Isso tem que ser revisto – completou o dirigente.

SE NÃO FOSSEM OS GRANDES…

Mas nem só de projetos de sucesso vive o Paulistão. Exemplo é o público de Oeste x São Caetano: 81 pagantes. Com a maior parte da primeira fase já tendo acontecido, as médias de público dos pequenos sofreram uma recauchutada por causa da presença dos grandes no interior, em especial – como já citado – a do Corinthians.

Tomando o próprio Oeste como exemplo, a média de público do time de Itápolis – nona melhor marca como mandante ao todo – despencaria de 3.420 para 600 pagantes/jogo.

FUNCIONA OU NÃO?

Segurança – A atuação das autoridades para evitar brigas tem se acentuado, mas a falta de segurança continua sendo um dos grandes motivos para o torcedor comum não ir aos estádios.

Horário dos jogos – Mantêm-se em horários-padrão, às 19h30 ou 22h, o que já está no dia a dia do torcedor que frequenta o estádio.

Acesso aos estádios – O Pacaembu é o que possui o acesso mais fácil. Já o Morumbi é mais afastado e possui poucas opções de transporte público. Estacionamentos são muito caros, além dos flanelinhas na redondeza.

Preço dos ingressos – São Paulo e Palmeiras costumam fazer promoção nos jogos contra pequenos, para atrair mais público. E Corinthians vende a grande maioria de ingressos via Sócio Torcedor, o que garante boa presença.

Número de participantes – Campeonato tem 20 clubes, o que o torna muito longo, com jogos desinteressantes e sem apelo. Nem os clássicos da primeira fase atraem a torcida.

Formato da disputa – Jogos eliminatórios a partir das quartas de final dão um novo ânimo no fim do torneio, mas a primeira fase com jogos de todos contra todos é muito demorada.