Sanchez detalha contratação do Fenômeno pelo Corinthians: “assinou no guardanapo”

Danilo Vieira Andrade

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Por Danielle Nhoque
Colaborou: Otávio Ferreira

No ano de 2008 acontecia a negociação que mudaria o rumo financeiro do Corinthians. Ronaldo estava afastado dos campos há quase dez meses, acima do peso e declarava formalmente sua vontade de trabalhar para voltar à ativa vestindo a camisa alvinegra.

Daquele dia em diante o clube viveria tempos de evidência no cenário nacional e enriqueceria também sem a ajuda de patrocinadores, apenas com novas contratações. Posteriormente vieram para o Parque São Jorge Carlitos Tevez, em 2005, Nilmar, em 2006 e Alexandre Pato, no início deste ano, concretizada como a maior transferência da história do futebol brasileiro.

O que pouca gente sabe é que o negócio que alterou os parâmetros do Timão começou de forma inusitada: no papo durante o café da manhã, na ausência de papel, a assinatura do Fenômeno foi em um guardanapo.

Quem contou com detalhes o episódio foi Andrés Sanchez, à época presidente corintiano, em entrevista coletiva no curso de Jornalismo Esportivo @mnterceirotempo coordenado por Alexandre Praetzel, no último sábado (06/04/2013).

Confira (na íntegra):

“Primeiro que o Ronaldo foi sócio do Corinthians, em muitas coisas. Depois que ele tem paixão, carinho e um respeito pelo Corinthians muito grande. Eu estava na minha sala veio o dr. Joaquim Grava, o Tobé e não sei mais quem lá (sic) falar do Ronaldo. Quase joguei mesa e cadeiras nas cabeças deles. O Joaquim tinha feito exames nele e falou: `presidente, se ele quiser, ele joga´. Eu respondia: `você é louco, 150 quilos, você está de brincadeira!´. Isso foi em junho de 2008.

Quando fui receber o prêmio da série B na festa de final de ano da CBF, estava com o telefone que tocava muito, achando que era a imprensa, porque quando toca repetitivamente é jornalista, não queria atender. Me falaram que era o Ronaldo, da casa dele, atendi. Ele me perguntou onde eu estava hospedado e disse `amanhã sete e meia da manhã passo lá´. Apostei com o Luis Paulo que ele não iria, mas sete e meia, eu estava lá. Quinze para as oito chegou o Ronaldo. Conversamos, e até do aumento de público, de ingressos eles falaram. Pedi para ir ao banheiro, voltei, tomei mais um café.

Disse: `Ronaldo, é o seguinte, para ir embora e acabar esse papo aqui. Vou te pagar 400 mil reais por mês. Se vender a manga, que nunca vendeu, 80% é teu e 20 do Corinthians. O que vender a barra, que nunca vendeu, 80 é seu e 20 do Corinthians. Todos os patrocínios que você tem hoje, são seus. Tudo o que vier daqui pra frente no Brasil é meio a meio, e fora do país é 70 seu, 30 do Corinthians.´ Ele se levantou, estendeu a mão: `sou jogador do Corinthians´. Quase que caímos para trás, mas foi assim. Pegou um guardanapo, assinou no guardanapo, e virou jogador do Corinthians.

Aí estamos indo embora, na frente do hotel, vem um rapaz de uns 40, 45 anos. Quando ele viu o Ronaldo, parou e falou `pô Ronaldo, sou seu fã. Você vai para o Corinthians? – arregaçou a manga, tinha uma foto do Ronaldo tatuada no braço – sou são-paulino, mas a partir de hoje sou corintiano´. Aí eu falei `não, não, continua sendo são-paulino, pelo amor de Deus´ (risos).

Ele assinou no guardanapo e cumpriu tudo. Se apresentou no Corinthians, não tinha contrato assinado, não tinha nada. Tudo o que estava escrito, que combinavam com ele, ele fazia. Não precisavam cobrá-lo de nada. O treino era às 10h, ele chegava 8h30. Acabava o treino, víamos todo mundo correndo apressado para ir embora e ele ficava ali, batendo pênalti. Voltava à academia para fazer reforço no joelho dele que é podre. E é por isso que ele é o cara. É um fenômeno por tudo isso aí, com todas as loucuras dele.”

*Foto: UOL

Fonte: terceiro tempo