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De “maloqueiro da Fiel” Alexandre Pato diz: ‘É bom sentir de novo o gosto de ir à final’

Danilo Vieira Andrade

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Alexandre posou para o LANCENet! com uma toca da Gaviões da Fiel (Crédito: Ari Ferreira)

As maiores loucuras que Alexandre Pato fez na vida foram na infância. Aos nove anos, pulava com um grupo de amigos em um riacho em Pato Branco (PR), onde nasceu, sem saber a profundidade. Além disso, ia para o treino de carona na bicicleta de um amigo, que descia uma enorme ladeira sem medo de um atropelamento. A mãe, Roseli, até chorava ao descobrir as suas “travessuras”.

Histórias que não fazem do atacante, ainda jovem aos 23 anos, um “maloqueiro“ com a essência do torcedor corintiano.

– Tenho o meu jeito de ser – disse ele ao L!, em entrevista na última quarta-feira, no CT, questionado sobre o estilo “bom moço.”

Estilo que acabou ficando de lado nos dois clássicos contra o São Paulo pelo Paulistão Chevrolet, competição que o Corinthians faz a primeira final nesta tarde, contra o Santos, no Pacaembu, com transmissão em tempo real pelo LANCE!Net.  Em ambos, festejou os gols de pênalti com provocações ao rival.

– Sempre tem um porquê – disse ele, que será opção de Tite hoje.

Confira o papo exclusivo:

Você chegou ao Timão em 11 de janeiro. Já são quatro meses. Satisfeito com o seu desempenho?
Estou muito feliz e contente pelo desempenho que tive nos jogos que joguei. Já são 20 em quatro meses, o que para mim é muito bom. Estou trabalhando muito forte e tenho feito o que todos esperam. Ajudei com alguns gols importantes. Meus quatro meses aqui foram muito bons.
Nota da Redação: Foram 19 jogos e sete gols.

Você sorriu ao falar da sequência de jogos. O que significa para você?
É muito bom, estou feliz porque um clube muito bom me deu tudo aquilo que eu precisava. Encontrei ótimos jogadores, o que foi fundamental, e um técnico excepcional. Mas tenho muito a fazer ainda pelo Corinthians. A cada jogo, de início ou entrando, me preparo para tudo.

A meta da comissão técnica era de dar confiança. Isso foi atingido?
Tenho só um pensamento: jogar. Cada dia que vou a campo para o treinamento faço sempre o meu melhor, tento aprender alguma coisa a mais. Quero ajudar com as vitórias, com os títulos, ir para finais. É muito bom sentir novamente esse gosto de ir para uma final. Minha meta é jogar e trazer títulos para o Corinthians.

O que já deu para aprender?
Apesar de ter passado cinco anos na Europa e de ter conhecido um grupo muito bom, com ótimos treinadores e colegas, aprendi novamente a amizade (pausa). O sorriso aqui tem os seus momentos. Tem o momento de trabalhar, o momento de dar risada, o momento das nossas coisas aqui, que são muito legais…

Quais coisas, por exemplo?
Ah, um trabalho na academia, ou um almoço, um jantar. Acho divertido estar junto dos colegas de trabalho. Aquilo pode te ajudar na hora do jogo, você conhece mais seu companheiro, você sabe o que ele está pensando no jogo, nos movimentos. E a parte da amizade, que é importante.

Não tinha amizades na Itália?
Encontrei aqui o que já tinha no Milan. Mas aqui tem a parte que lá não tem com tanta frequência, que é um almoço ou jantar com todo mundo junto. O Tite prioriza o grupo.

É a favor, então, do regime de concentração? Ajudou a se entrosar?
Na Itália não concentrávamos na Copa Itália. No Campeonato Italiano e até nos clássicos era um dia antes. Aqui, de vez em quando, concentramos dois dias antes, uma coisa nova. Vai do profissionalismo de cada um. Acho importante estar concentrado, pensando junto, vendo vídeos dos jogos, com reuniões com o treinador…

Você é educado com jornalistas e paciente com torcedores. Lembra o Kaká, com estilo bom moço, né?
Tenho o meu jeito de ser, respeito o trabalho de vocês (imprensa), cada um tem o seu. Até quando escrevem algo que não é verdade, respeito quem está buscando a mesma coisa que eu: chegar a um nível alto (na carreira). E quando tenho de parar para dar autógrafos, me sinto feliz e honrado por demonstrar carinho por essas pessoas que não tenho contato, mas que com elas no estádio nos sentimos mais fortes para levar o nosso futebol e dar alegrias.

Apesar de bom moço, você provocou o São Paulo duas vezes. Os clássicos mexeram com sua emoção?
Não, sou muito tranquilo. O pessoal há muito tempo me perguntava? ”Você não briga na hora que dá confusão?” Eu disse que não, tem pessoas que cuidam de briga, tem seguranças, eu tento evitar. Mas quanto a essas provocações, sempre tem o porquê. Contra o São Paulo teve. São momentos do jogo. O que me deixa tranquilo é que as duas vezes que fiz nós ganhamos, o mais importante.

Qual foi o porquê na última?
Na primeira vez todos sabem. Na segunda, não tinha notado que ele (Rogério Ceni) tinha saído muito do gol. Depois vi o Cássio correndo e o árbitro fazendo sinal para voltar. Quando cheguei em casa, meu empresário (Gilmar Veloz) falou: “Ele foi muito inteligente.” Também achei. Se ele pega e dá certo, teriam mais um pênalti e podiam passar. Mas também tive inteligência, não podia cair naquilo. Treino sempre, todo dia bato pênalti, até quando estou cansado. E bati no mesmo canto, ele queria que eu trocasse. Fiz o gol.

Joga a Copa das Confederações?
Faltam alguns dias para a convocação (dia 14). Tenho trabalhado forte e com a cabeça no Corinthians, mas quando tem notícias sobre Seleção ou convocação eu fico muito feliz. Quem sabe posso ter meu nome.

O Brasil entrará só para ganhar experiência para a Copa de 2014?
Teremos um tempo de trabalho que vai ajudar muito a Seleção. Esse período de treinos vai ser importante para juntar o grupo, para todos se conhecerem mais. Nos amistosos você não tem esse tempo. Será bom para que o time chegue forte na Copa.

Neymar será o seu adversário na final e muito se fala sobre a necessidade de ele ir jogar na Europa. Acha que ele tem de viver a experiência?
Conheço o Ney há um tempo já, fomos juntos para a Seleção algumas vezes. É um menino do bem, que está fazendo sucesso porque vem batalhando. Sobre ir para a Europa ou não, não sei o que falar. Não tenho de dar conselhos, tem pessoas que vivem para ele, o pai que trabalha junto. Mas que decida junto da família, das pessoas mais próximas. A hora que resolver ir, vai ajudar muito, pois vai conhecer outras pessoas, outro nível de futebol bem diferente do Brasil, vai jogar uma Liga dos Campeões, um Campeonato Italiano ou Espanhol. Vai ser muito diferente, mas depende só dele essa decisão.

Vampeta disse que você é melhor que Neymar por ter jogado uma Liga dos Campeões. Concorda com ele?
Cada um tem um jeito de pensar, de dar respostas. Tento só trabalhar e deixo isso para vocês (imprensa). Fico feliz pelas palavras, mas só me concentro em jogar e em trabalhar.

Quais as diferenças da Liga dos Campeões e da Libertadores?
Os estádios, os campos, a tática. A Libertadores é muito pegada, tem muito contato. Quando você passa para as oitavas na Europa encontra mais técnica e menos contato, um futebol de bola no chão e troca de passes. Mas está sendo uma experiência nova, estou feliz. Não vejo a hora de jogar contra o Boca e tentar reverter o jogo para sair com essa vitória.

Você esteve no Pacaembu na final da Libertadores de 2012, contra o Boca, mas como espectador. Como será agora estar do outro lado?
Não tinha pensado nisso: estava no jogo e agora vou participar do jogo. Estou muito concentrado, pensando no Santos, quero um bom resultado para que no jogo de quarta-feira nós tenhamos mais confiança.

Quais suas finais inesquecíveis?
O Mundial pelo Internacional (2006) ficou na minha historia. Eu tinha acabado de fazer 17 anos e tive o prazer de pegar um grupo vencedor. Jogamos contra o Barcelona do Ronaldinho. E teve também a final da Supercopa Italiana (2011), que foi na China.  Não vejo a hora de entrar nessas decisões contra o Santos.

Mas e se perder? Qual o tamanho da dor de um vice-campeonato?
É fazer todo um trabalho, chegar no último jogo e perder. O segundo é como o último. Espero que não aconteça comigo no Corinthians. Nas Olimpíadas (2012) eram todos tristes naquela hora. É ruim ser o segundo.

OUTROS HOBBIES
Golf
Por meio da Nike, ele conheceu Ryo Ishikawa, sensação japonesa: “Meus tacos chegaram da Itália esses dias. Não vejo a hora de jogar aqui. Quem sabe um dia não jogamos juntos?” 

UFC
Pato é fã de M.M.A. (artes marciais mistas). “Vejo as lutas, mas as principais são muito tarde, não consigo ver. Quando acordo, a primeira coisa que vejo é isso.”

Pôquer
Os colegas na concentração jogam carteado, mas ele não se destaca: “Tentei no México, mas não fui muito bem. Fui o terceiro a sair da mesa, não sou muito bom (risos).”

Redes sociais
Ele tem Facebook, Twitter e Instagram: “Gosto de olhar (os comentários). Tem fãs que eu sigo que colocam fotos minhas que nem sei onde acham. Acompanho tudo.”

INSPIRAÇÕES DO MUNDIAL ANIMAL

Gavião
Em 2012, postou foto de um gavião no Instagram. “Tinha jogo do Corinthians (no Mundial) e me perguntaram se eu já estava fechado. Não estava. Transmite o momento que ele pega a presa.”

Leopardo e guepardo
Outros que admira: “Vejo a velocidade que eles têm quando se mexem para pegar uma presa e escapar e tento (me inspirar)…me dá algo a mais,” disse ele, que compra livros e DVDs sobre bichos.

Leão
O atacante já assistiu o musical “O Rei Leão” duas vezes: uma na Broadway, em Nova Iorque (EUA) e outra em São Paulo: “Ele é o rei da selva, tem liderança, eu gosto disso,” comentou o jogador.

E o Pato?
Após ele listar características de animais que gosta, o L! perguntou qual é a do pato, seu apelido: “A minha é tentar fazer sempre o máximo, correr, entrar e voar nos treinos e jogos.”

PENSÃO PARA A EX NÃO TIRA O SONO

Em março, as revistas de fofoca noticiaram que Pato terá de pagar uma pensão alimentícia de R$ 50 mil mensais – por 18 meses – para a ex-mulher, a atriz Stefhany Brito. Ele mostrou desconhecer:

– Sobre o que é (esse valor)? Fico sabendo por você, não recebi isso antes. Tenho as pessoas que cuidam das minhas coisas pessoais. Meu pensamento é no meu trabalho.

Questionado sobre a namorada Barbara Berlusconi, garantiu estar muito feliz:

– Estou num momento muito bom da minha vida, feliz no trabalho e tranquilo na vida pessoal. Com uma pessoa maravilhosa.

Ontem, em nota, negou envolvimento com Patrícia Abravanel, filha do apresentador Silvio Santos, como um blog noticiou.

À BOCA PEQUENA

1) Antes da entrevista, o L! disse a Pato que gostaria de fazer um ensaio fotográfico com fotos dele “mais maloqueiro,” no estilo corintiano de ser. Depois do papo, que durou 40 minutos, ele posou com o chapéu.

2) Ao contar sobre coisas ousadas que havia aprontado na infância, disse que desceu uma ladeira junto de um amigo, na mesma bicicleta. “Era uma descida…” contou, procurando o adjetivo a se usar. “Íngreme?” – perguntamos. Fez que sim com a cabeça e seguiu a história. Após cinco anos de Itália, ele às vezes sofre com o vocabulário.


Fonte: lanceneta