Zagueiro tem como hobby jogar videogame(Foto: Eduardo Viana/LANCE!Press) |
Se pudesse, Gil passaria o dia todo jogando videogame. É seu vício nas horas de tranquilidade em casa. Na maior parte do tempo, porém, o zagueiro está nos treinos ou jogos. Ele chegou em janeiro e já é quem mais entrou em campo neste ano, são 25 em 28 jogos da equipe. Ele não sai, não é poupado, não se lesiona. Quase não perde uma bola atrás. É como se fosse um jogador de videogame, que raramente erra. Neymar, quem enfrentará amanhã, na primeira final do Paulistão Chevrolet contra o Santos, já sofreu na primeira fase…
‘ Não sou eu que vou pará-lo, mas a equipe! Nossa equipe é forte demais. O time todo do Santos merece atenção. Vamos trabalhar, é clássico. Vamos trabalhar para fazer uma excelente partida e ganhar o título’ disse, em entrevista ao LANCE!Net em seu apartamento.
Hoje, Gil vive fase mágica na carreira. Já foi indicado pelo companheiro Paulo André para defender a Seleção Brasileira. A torcida o chama de ‘Gamarra negro’, lembrando do ídolo paraguaio da década de 90, conhecido pela incrível técnica defensiva e jogadas leais. Mas ainda outros três apelidos.
Em alta, Gil quer ganhar tudo pelo Timão
Foi depois de muito sofrimento, porém, que o jogador conseguiu chegar ao Timão para assumir a titularidade na zaga. Por cerca de um ano e meio, ele penou no Valenciennes (FRA), sonhando com o dia em que voltaria para o Brasil. Não falava francês, mal entendia o treinador e os companheiros, e se irritava com o frio. Algo para esquecer.
‘ Quando cheguei, não havia intérprete, não sabia falar a língua, não conseguia me comunicar. Isso foi o que mais me deixou chateado. Quando precisava de algo, não tinha para onde correr’ lembra ele.
Aquela havia sido a primeira vez em que Gil deixou o Brasil. Uma nova experiência tardia em sua vida. A primeira foi a própria carreira. Ele só começou a jogar futebol aos 17 anos, no Rio Branco de Campos dos Goytacazes (RJ), onde nasceu e toda sua família mora. E ele só se profissionalizou com 20 anos, defendendo o Americano-RJ.
Antes, estudava sem saber o que queria fazer da vida. Trabalhar logo foi descartado depois de um balão que sofreu quando pequeno.
‘Tomei birra do trabalho porque fui enganado. Era moleque, um cara pediu para eu ajudar a descarregar um caminhão de melancia, que me daria 10 reais. Eu peguei, descarreguei tudo, e na hora de receber o dinheiro, cadê o cara? Nunca mais o vi. Vou cobrá-lo ainda (risos) ‘ brincou.
Hoje em dia, Gil não deixaria essa situação passar. Afinal, quase nada passa pelo zagueiro alvinegro…
Confira abaixo outros tópicos desta entrevista de Gil ao LANCE!Net:
Melhor fase da carreira
‘Procuro sempre, a cada dia, trabalhar mais forte. Dos tempo de Cruzeiro, passando pela França, até chegar aqui, mudei muita coisa. Aprendi muito na Europa. Eu procuro fazer aqui também. Acho que isso tudo é fruto do trabalho, estou me empenhando ao máximo. O grupo tem me ajudado. Nunca acho que nada está bom. Quero crescer e trabalhar mais para as coisas saírem como quero.’
Seleção Brasileira
‘Tenho de continuar trabalhando da mesma forma, mesmo que as coisas não aconteçam da forma que a gente quer. Um elogio de um jogador como o Paulo André, que é um cara que todo mundo gosta, um excelente jogador, deixa qualquer um feliz. Procuro manter os pés no chão e trabalhar da mesma forma. Quero evoluir, isso é o mais importante: querer sempre fazer o melhor.’
Infância
‘Eu estudava só, estudava muito, mas não gostava, era obrigado (risos). Não tinha outra coisa para fazer. Eu ajudava meu pai em algumas coisas só. Eu sempre joguei bola. Fui atacante, meia, nunca fui zagueiro nas peladas. Eu tinha uma certa moral, era capitão, fazia gols. Mas era coisa de moleque. Foi uma infância muito boa. Sempre quando estou lá eu relembro com meus amigos.’
Vício
‘Passo a maioria do tempo jogando videogame. Só jogo futebol. Se deixar, é 24h por dia. Quando estou de folga, fico jogando. Jogo online contra meu irmão que vive na minha cidade. Sou muito caseiro, fico mais dentro de casa. É um ritmo muito forte, fico descansando para aguentar a pegada do ano todo. Meu passatempo é jogar videogame mesmo.’
Gamarra negro
‘Procuro fazer o meu estilo de jogo. Trabalho forte para estar ligado nos lances. Tento fazer o mínimo de faltas possível. Não gosto de comparação. Ele foi um ídolo aqui. Mas só procuro estar atento para evitar que a bola chegue até o nosso goleiro.’
Carinho da torcida
‘É bom porque dá confiança para seguir trabalhando. Não só eu, mas todo mundo é sério, dedicado. A forma que o Tite nos trata, pede seriedade, diz que não são 11 titulares, é o grupo. É bom, dá confiança para treinar com alegria, dedicação. Quando o pessoal me encontra na rua, procuro ter humildade e pés no chão.’
Boca Juniors (ARG)
‘A gente nunca quer perder. Ainda mais se tratando de uma decisão contra o Boca. A gente sabe que a gente pode chegar em casa e ganhar. Vai ser difícil, mas é um placar reversível. Com a força do nosso time e do elenco, vamos conseguir reverter.’
Nota de Redação: No duelo de ida das oitavas de final da Libertadores, o Timão foi derrotado por 1 a 0 na Bombonera. A volta será no dia 15 de maio.
Força no Pacaembu
‘São dois jogos (Santos e Boca Juniors) difíceis. Mas temos a força da nossa torcida, a gente sabe dos nossos limites. Vamos fazer de tudo para dar a vida nesses jogos. Tem o primeiro jogo da final, vamos pensar em uma coisa de cada vez. Nesses dois jogos em casa, vamos dar o melhor para sair com duas vitórias.’
RECUSA A OUTROS CLUBES
Além do Corinthians, Cruzeiro e Internacional tentaram repatriar Gil quando ele defendia o Valenciennes (FRA). O zagueiro, no entanto, já havia dado a palavra à diretoria alvinegra e decidiu que não sairia para outra equipe.
‘ Como eu tinha dado a palavra para o Corinthians, não pensei em outro clube ‘ ressaltou.
O Corinthians tentou o zagueiro em três momentos: no início de 2012, no meio de 2012 e no início de 2013. Na última, teve sucesso. O clube desembolsou 3,5 milhões de euros (R$ 9,4 milhões) ao clube francês. Meses antes de se transferir, o zagueiro trocou o empresário Omar Vasconcellos por Carlos Leite, conhecido no Timão.
OS APELIDOS NO TIMÃO
Gamarra negro
Zagueiro paraguaio defendeu o Timão em 98 e 99. É ídolo e uma referência na defesa.
Mané Galinha
Criminoso da Cidade de Deus, personagem interpretado por Seu Jorge no filme.
Baloy
Zagueiro panamenho, hoje no Santos Laguna do México, virou o principal apelido.
Tia Anastácia
A personagem de Monteiro Lobato foi lembrada quando Gil usou uma touca.
Fonte: Lancenet