Betão projeta mais cinco, seis anos de carreira. Depois disso, quer contiunar no futebol / Crédito: Reprodução / Evián
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Ame-o ou deixe-o. A história de Betão no Corinthians é mais ou menos assim, no limiar dos extremos. Um dos últimos jogadores lapidados no terrão, Betão despertou sensações em sua passagem de seis anos no Timão.
Em 2007, com a tarja de capitão no braço, fez o gol que encerrou um jejum de cinco anos sem vitória do Corinthians sobre o arquirrival São Paulo. Histórico. Meses mais tarde, porém, era tido como um dos pivôs do trágico – e inédito – rebaixamento alvinegro para a série B. Após a queda, o clima para Betão no Parque São Jorge ficou insustentável. Em 2008, vestia a camisa do Santos.
A saída do conturbada do Corinthians, no entanto, não fez Betão nutrir qualquer mágoa do clube que o projetou. Pelo contrário. Em entrevista à PLACAR, Betão, que defendeu o modesto Evián-FRA até maio último, não descarta voltar ao Timão, ainda que não seja sua meta prioritária. De férias no Brasil, o zagueiro revela que aguarda uma proposta formal de um grande clube do País. Ele também fala sobre a rica experiência no futebol europeu, a convivência com Tite, e o desejo de se tornar jornalista esportivo tão logo pendure as chuteiras.
Acha que sua saída do Corinthians logo após a queda para a série B, em 2007, se deu de maneira injusta?
Não acho. Sempre fui o líder do time, o cara que tomava a frente, que dava a cara à tapa. Então, era sempre mais visado, mais cobrado. Acho que o que faltou em 2007 foi uma maior mobilização dos jogadores em torno da situação do clube naquele momento. Houve grande investimento, mas não tinhamos uma grande equipe. Depois que a MSI saiu, o clube ficou desamparado.
Por que os torcedores corintianos pegavam tanto no seu pé?
Não acho que houve ‘pegação’ de pé. Pessoalmente, não tive problemas com torcedores na rua, ninguém chegou para tirar satisfação. Diante dos resultados que tivemos, é natural o torcedor ficaria chateado. Quem gosta de mim, vai lembrar dos momentos que tive no Corinthians, do gol que fiz contra o São Paulo. Infelizmente, não posso agradar a todos.
Pretende um dia continuar, ou reescrever, a sua história no Corinthians?
Não tenho essa meta. Se acontecer de voltar a trabalhar (no Corinthians), será um grande prazer. É um clube pelo qual tenho carinho. Mas não coloquei como meta.
A saída conturbada do Corinthians explica a sua passagem apagada pelo Santos, em 2008?
De minha parte, foi uma experiência excelente. Me adaptei rapidamente ao time do Santos. No início, uma das organizadas não gostou da minha contratação, picharam os muros (do CT do Santos). Depois esses mesmos torcedores vieram me parabenizar pelo bom trabalho que estava fazendo. Fui feliz no Santos. Fiz amigos por lá.
Você ficou quatro temporadas no Dynamo de Kiev, da Ucrânia, disputando, inclusive, algumas edições da Liga dos Campeões. O que de mais valioso conseguiu extrair neste período no futebol europeu?
Melhorei muito taticamente. Esse foi o principal ponto que desenvolvi no meu jogo. Hoje em dia sou um outro jogador. Tenho uma noção muito maior de posicionamento, de ocupar espaços. Fora de campo, aprendi também. Culturalmente, foi muito bom. Conheci mais de 20 países, aprendi o russo. Joguei contra os melhores jogadores, nos melhores campeonatos e nos melhores estádios do mundo.
Na metade de 2012, você acabou indo para o Evián, da França. Valeu a pena jogar por um time pequeno, que não briga por títulos?
O Evián cresceu muito nos últimos anos. Há pouco tempo, o time jogava um torneio que pode ser comparado com a Copa Kaiser (campeonato amador) aqui no Brasil. Apesar de ser pequeno, é um clube muito bom de se trabalhar, com pessoas humildes, dedicadas. Não tem glamour algum. Agora entrou um grande investidor, que vai construir um novo e moderno CT, vai contratar jogadores. Eu cheguei no Evián para trazer mais experiência à defesa. No final das contas, acabamos eliminando o PSG e o Lorient na Copa da França, e só perdemos para o Bordeaux na final. Foi uma felicidade tremenda poder ajudar. Está na história! Nossa meta no Campeonato Francês era não ser rebaixado, e conseguimos (Nota da Redação: o Evián terminou a Ligue 1 na 16ª posição, duas acima do Z-4).
Volta ao Evián para a pré-temporada europeia ou aproveitará as férias no Brasil para analisar propostas?
Meu contrato com o Evián terminou no final da última temporada. Estou livre para negociar. Recebi uma sondagem de um clube do Brasil, mas nada oficial. O Evián também tem vontade de renovar meu contrato.
Pode falar que clube é esse?
Não. Mas posso dizer que pretendo ficar aqui no Brasil mesmo. Quero definir meu futuro o mais rápido possível.
Como era a relação entre você e o Tite durante a primeira passagem dele no Corinthians, entre 2004 e 2005?
Tenho uma enorme admiração pelo Tite. Ele tem o coração enorme. Ganhou muita experiência daquele tempo para cá. Procurou aprender, não estacionou na carreira. Aquela demissão em 2005 foi uma grande lição para ele. O Tite merece todos os títulos que ganhou.
Voce é um cara atuante nas redes sociais. Sempre que possível, dá os seus pitacos sobre futebol. Depois de encerrar a carreira, pretende virar técnico, dirigente, comentarista…?
Não me vejo treinando uma equipe. Talvez trabalhando em algum cargo diretivo dentro do futebol. Mas já falei com a minha esposa que vou começar a faculdade de jornalismo em breve. Quero ser comentarista, virar um companheiro de trabalho de vocês (risos).
Se vê então jogando por mais quantos anos?
Cinco, seis anos, no máximo.
Fonte: Placar