Timão cresce marca apostando em outros esportes e vira modelo no Brasil

Danilo Vieira Andrade

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Sem gastar dos cofres, Timão aposta em várias modalidades para firmar seu espaço pelo mundo. Clube conta com atletas em  28 modalidades em competições

Júnior Cigano encara Mário Gobbi, presidente do Corinthians (Foto: Rodrigo Coca)
Hoje o corintiano não torce apenas para Tite, Cássio, Paulinho… Liga a TV para ver UFC, acompanha o futsal lotando o ginásio do Parque São Jorge e vibra com o sucesso do futebol americano.
Com um projeto de expandir sua marca pelo mundo e fomentar outros esportes, o Corinthians aposta em 28 modalidades que não pesam nos cofres, mas que competem em alto nível. O pensamento engloba duas condições: nada de verba do clube, e patrocinadores dispostos a investir em equipes competitivas.
– Neste molde, passamos a oferecer a marca e parceiros se interessaram em participar. Hoje a procura de patrocinadores é muito maior do que há cinco anos, quando começamos – disse Roberto Toledo, gerente de esportes terrestres, ao LANCE!Net.

O futsal, única modalidade em que o clube investe dinheiro de maneira mais pesada, é o carro-chefe do projeto. Tratado com carinho até pelo presidente Mário Gobbi, o time joga o campeonato nacional (Liga Futsal) há quatro anos e chegou na semifinal nas últimas três edições. Ninguém do departamento esconde que a prioridade é este título.
Outro braço importante do planejamento, o MMA é febre dentro do Parque São Jorge. Com uma academia própria de lutas, batizada por Anderson Silva – campeão dos médios do UFC e que está renegociando seu contrato com o Timão –, a procura de jovens tem sido grande. Júnior Cigano, também do UFC, é outro atleta conhecido do clube, que paga uma remuneração mensal aos lutadores para expandirem a marca.
Esportes radicais, como skate, surfe e asa delta, também têm seus representantes (veja abaixo). Está em pauta a construção de uma pista de skate dentro da sede social.
O que chama a atenção, porém, é a regularidade do projeto. Ao contrário de outros clubes, os esportes ganham continuidade. O Santos no futsal e o Flamengo na natação, por exemplo, abandonaram o barco.
No futuro, a ideia é focar em esportes olímpicos que são fortes na base. Sem espaço, quando os jovens caminham para o profissional, migram para outros clubes.
Modelo no Brasil, o Timão foi à Europa pegar conselhos do Barcelona, que investe no futsal, basquete, hóquei sobre patins e handebol.
– Tivemos dicas com o Barcelona. Nosso objetivo é, no futuro, investir forte em mais modalidades. Caminhamos para isso – disse Toledo.
As outras modalidades fortes do Corinthians:
Futsal
É o carro chefe do clube e o único esporte com investimento próprio. Joga a Liga Futsal há quatro anos.
Natação
Tem grande desempenho principalmente na base. Foi a segunda melhor equipe do país no ranking nacional 
de 2012.
Futebol americano
É um dos projetos mais bem-sucedidos. Tem grandes patrocinadores e é o atual tricampeão brasileiro e paulista.
Surfe
Tem parceria com Mineirinho, melhor surfista brasileiro da atualidade. O atleta é o 2 no ranking mundial do WCT.
Skate
Clube tem parceria com Rony Gomes, que ganhou medalhas no Kia World Extreme Games, na última semana.
Academia LANCE!
João Henrique Areias – Especialista em marketing

“Nesse tipo de ação, o clube só sai ganhando”
O principal objetivo dessas parcerias com outros esportes é conquistar outros públicos, outros mercados. Em 1987, quando estava na vice-presidência de marketing do Flamengo, a gente queria fazer esse tipo de parceria com outros esportes, como voo livre, que é um outro mercado. Alguma coisa foi feita na época. Hoje, o Flamengo está fazendo isso com o beach soccer, por exemplo.
No caso de outros esportes que não o futebol, o que se pretende é levar a sua marca a um outro tipo de público que não está ligado a esta modalidade. Você não licencia, não assume o risco financeiro daquele esporte e está levando a sua marca para outro tipo de público. Nesse caso, o clube só sai ganhando.
Então, quando a situação aperta, devido aos altos custos e à pouca possibilidade de patrocínio pela pouca visibilidade enquanto equipe, porque os campeonatos estaduais ou mesmo nacionais não dão visibilidade, os clubes acabam não aguentando pagar a conta.
O clube tem de tomar cuidado, ver quem é que está fazendo. Afinal, está explorando a marca.


Fonte: Lancenet