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Loucos organizados: a história da Fiel Torcida do Corinthians

Pedro Nogueira Heiderich

Corinthians x Inter Orlando Scarpelli 2024
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A pesquisa de hoje do É o Time do Povo traz a rica e bonita história da Fiel Torcida do Corinthians.

Torcedores que representam e estão lado a lado com o clube em todo o tempo, que invadiram Santos, Rio de Janeiro e Japão para torcer pelo alvinegro paulista.

Desde a sua fundação, em 1910, o Todo Poderoso é acompanhado de perto por uma torcida fiel, apaixonada e diferenciada, tanto que é invejada e elogiada por torcedores de outros time e até jogadores e técnicos.

O Corinthians teve a primeira torcida uniformizada do Brasil, fazendo história na década de 1930. Onze anos depois, nascia uma frase que define o Timão. “Todo time tem uma torcida. O Corinthians é uma torcida que tem um time”, de autoria do jornalista José Roberto Aquino.

O amor pelo clube foi crescendo, principalmente nos tempos sem títulos, gerando o apelido de Fiel, e culminando com o surgimento das torcidas organizadas corinthianas, nascidas na década de 1970, e que se tornaram parte conjunta do que é o Corinthians em campo desde então, como mandante e até como visitante.

Primeira torcida uniformizada do Corinthians

Corinthians Torcida, criada na década de 1930, foi a primeira torcida uniformizada do país. (Foto: Divulgação/Corinthians)

 

O primeiro grande movimento da história da torcida corinthiana acontece na década de 1930.

Nascia a Corinthians Torcida, que como descreve o site do Timão: “um movimento pioneiro e revolucionário de uniformizar torcedores e mudar a relação entre os times as arquibancadas para sempre”.

Um dos líderes da torcida, Francisco Piciocchi, passou a organizar caravanas para jogos fora. Um dos mais marcantes é a chamada primeira invasão corintiana, em Santos, para a final do Campeonato Paulista de 1930, em que o Corinthians buscava o tricampeonato.

Torcida Corintiana dava início a uma parceria de sucesso entre torcida e Corinthians. (Foto: Divulgação/Corinthians)

 

A disputa aconteceu em janeiro de 1931, e mais de 15 mil corinthianos que foram de trem para Santos estiveram na Vila Belmiro.

Dentro de campo, o Timão não decepcionou a Fiel: 5 a 2 e a conquista do tri. A volta foi com festa no trem. Segundo relato de Piocchi, alguns torcedores faleceram depois da volta, com tuberculose e outras doenças.

Em 1933, o presidente Alfredo Schrig e sua diretoria deixaram o cargo após crise no clube e o que seria o primeiro protesto de uma torcida no Brasil, que o Corinthians descreve como ” uma marcha enfurecida”.

É neste contexto que Piciocchi inova novamente em 1934, ao bordar “Corinthians Torcida” nas camisas, se tornando a primeira torcida uniformizada do Brasil.

A partir daí, a Corinthians Torcida passou a apresentar mosaicos e levar banda para as arquibancadas. Depois que o Corinthians venceu o Paulista de 1941, ficou nove anos sem ser campeão até o título do Torneio Rio-São Paulo de 1950. No período, porém, cresceu o número de torcedores, que ganharam a alcunha de Fiel.

Nascem as torcidas organizadas do Corinthians

Gaviões da Fiel e Corinthians: uma história de amor. Foto: Evander Portilho / Agência Corinthians

 

No fim da década de 1960 começam a nascer as torcidas organizadas do Corinthians, essenciais para as conquistas do clube e que o acompanhariam com muito apoio nas más e nas boas situações dali em diante.

A maior delas, a Gaviões da Fiel, hoje com 131 mil associados, foi fundada em 1969, no Bom Retiro. É a primeira torcida organizada do Brasil a contar com uma estrutura administrativa interna e regras estatutárias.

São mais de 50 anos de apoio incondicional ao Timão e ela quem lidera as ações da torcida antes, durante e depois dos jogos. Fora de campo, a Gaviões desfila como escola de samba desde 1989, levando o Timão para o Carnaval – e já tem quatro títulos (1995, 1999, 2002 e 2003).

Memorial do Corinthians teve exposição dos 50 anos da Gaviões em 2019. (Foto: Divulgação/Corinthians)

 

Em 1971, no Belenzinho, surgia a segunda torcida organizada do Corinthians, a Fiel Torcida Camisa Doze, que abraçou o slogan da torcida ser o décimo segundo jogador em campo e é a segunda maior organizada, também com mais de 50 anos de serviços prestados ao Todo Poderoso.

A segunda invasão

As duas torcidas lideraram a segunda invasão corinthiana, em 1976, no Rio de Janeiro, quando o Corinthians enfrentou o Fluminense de Rivellino, ex-Timão, pela semifinal do Brasileiro. Com um time modesto, mas aguerrido, o Timão eliminou a chamada Máquina Tricolor em pleno Maracanã, nos pênaltis.

O episódio foi marcado pela presença de 70 mil torcedores do Corinthians. A invasão no Rio de Janeiro é tida como uma das maiores demonstrações da paixão do torcedor corinthiano e fidelidade com o clube

A grande mobilização aconteceu depois que o então presidente do Fluminense, Francisco Horta, provocar a torcida corintiana ao dizer que ela não viria para o Rio.

Torcedores durante partida contra o Fluminense, no Maracanã, no Rio, na segunda invasão corintiana. (Foto: Divulgação/Corinthians)

 

Dois anos depois do fim da seca de 23 anos sem título com o Paulista de 1977, o que também só ajudou a aumentar o número de corinthianos no período sem erguer taças, nascia a terceira torcida organizada. Em Diadema, em 1979, foi fundada a Estopim da Fiel.

Dez anos depois, em 1989, outra organizada de Diadema, a Coringão Chopp. No ano seguinte, em 1990, nasceu a Pavilhão Nove, em Itaquera, feita em homenagem a time de futebol de corintianos no Carandiru. Três anos depois, em 1993, surge em Bauru a Fiel Macabra.

A terceira invasão

Em 2000, o bicampeão brasileiro Corinthians enfrentaria o Vasco da Gama no Maracanã pela final do primeiro Mundial de Clubes da FIFA. Mais de 30 mil torcedores do Timão estiveram presentes e comemoraram a conquista do título, no que é chamada da terceira invasão corintiana.

Maracanã é palco de nova invasão corintiana 24 anos depois, desta vez em jogo contra o Vasco. (Foto: Divulgação/Corinthians)
O Japão é nosso

A torcida do Corinthians sofreu em 2007 o primeiro e único rebaixamento, da Série A do Campeonato Brasileiro. Após o fim do jogo no Olímpico em Porto Alegre que marcou a queda, a torcida não deixou a arquibancada e entoou gritos de que nunca vai abandonar o clube em mais uma prova de amor ao Time do Povo.

A volta à elite do futebol veio de imediato com o título da Série B conquistado com antecedência em 2008.

Depois do sofrimento, o torcedor viveu bons momentos que iniciaram com a contratação de Ronaldo Fenômeno em 2009 e na conquista de títulos em sequência nos anos seguintes, culminando na inédita Libertadores de 2012. Após 12 anos, o Corinthians iria disputar novamente o Mundial, mas agora lá no Japão.

E quem disse que a Fiel não iria em peso? A quarta invasão corinthiana foi internacional. Torcedores venderam o que puderam para ver in loco o bi Mundial. Na saída, ainda em São Paulo, no Aeroporto, cerca de 15 mil torcedores fizeram festa para incentivar a equipe.

Na final contra o Chelsea, em Yokohama, cerca de 30 mil torcedores corinthianos estiveram presentes.

Torcida no Japão no Bi Mundial na final contra o Chelsea em 2012, a quarta invasão corintiana. (Foto: Divulgação/Corinthians)

 

Estima-se que hoje a torcida do Corinthians conta com pelo menos 35 milhões de loucos pelo Brasil. É por essas e outras que não tem como encerrar de outro jeito. Obrigado, Fiel! E Vai Corinthians!