Grandes do futebol paulista investem em atletas radicais de olho nos jovens

Danilo Vieira Andrade

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Por Guilherme Costa e Renan Prates
Do UOL, em São Paulo 


Dois dos grandes clubes do futebol paulista, Corinthians e Santos optaram por uma nova estratégia para ampliar o canal com o público jovem: investir em esportistas radicais que tenham ascendência em torcedores com este perfil.

Tanto o Corinthians como o Santos firmaram parceria com um atleta do skate e um do surfe que torcem para os respectivos times. O Timão fechou com Adriano de Souza (Mineirinho) e Rony Gomes, enquanto o Peixe tem Alejo Muniz e Kelvin Hoefler.

A parceria firmada pelos times paulistas com os atletas de esportes radicais é institucional. Os ganhos de cada lado não são monetários. Os clubes lucram com exposição da marca em outros mercados além do futebol, enquanto os atletas obtém uma aparição inédita na carreira, além de poderem usufruir da infraestrutura das agremiações.

‘O Corinthians busca sempre estreitar a relação e ficar cada vez mais perto dos seus torcedores. Sendo assim, a parceria é uma tendência que segue a lógica natural do mercado, tendo em vista que os esportes radicais atraem um número cada vez maior de praticantes no Brasil’, explicou João Guilherme de Oliveira Costa, gerente de MMA e de esportes radicais do Corinthians.

‘A parceria com Corinthians está sendo boa, eles estão me dando o suporte em relação à parte física, tenho portas abertas no CT do Corinthians para treinos no Parque São Jorge. Lá tem diversos preparadores físicos que são especialistas em atletas de alta performance’, explicou Mineirinho. ‘Para eles a vantagem que sou uns dos principais atletas do país que uso o nome Corinthians mundo afora’, complementou o atleta, que está no WCT, a divisão de elite do surfe mundial.

No Santos, a parceria com os dois atletas foi costurada por Fábio Maradei, assessor de imprensa do clube. Ele descobriu que os dois atletas eram santistas e foi atrás de ambos para integrarem o projeto Muito Além do Futebol, que é desenvolvido pela comunicação do clube. No ano passado, Maradei promoveu a integração de Alejo e Kelvin com os principais atletas do futebol profissional, como Neymar e Ganso.


‘Consegui envolver o elenco do Santos nesse trabalho, com os jogadores sabendo dos atletas. Teve até troca de presentes com o Neymar, que ganhou roupa de borracha do Alejo e skate do Kelvin’, relembrou o assessor.

A associação dos clubes de futebol com os atletas de esportes radicais é bem vista pelos analistas de marketing. ‘Todo clube de futebol deveria ter atletas de outras modalidades, mas é uma prática que não vem funcionando e vem prejudicando. Quando atleta mais precisa, acaba deixado de lado como aconteceu com o Cielo e a ginástica no Flamengo. Sempre que há uma mudança, como o foco do clube é 100% futebol, os olímpicos são prejudicados’, reclamou Cecilia Yoshizawa, vice-presidente de gestão de talentos da IMX Talent

‘São diversos ganhos. O que ele ganha de fato é a cobertura de mídia, até pela popularidade que tem o futebol. Um atleta, e eu não estou falando que é caso do Adriano [Mineirinho], que seja de nicho fechado, não vai atingir o mesmo número de pessoas do que um atleta que tem por trás um time de futebol’, endossou Guilherme Schaeffer, vice-presidente de esportes da XYZ Live, agência que cuida da carreira do corintiano Mineirinho.

O desafio dos clubes, agora, é lutar para que a parceria com os atletas dos esportes radicais não se torne uma moda passageira. ‘Assim como fizemos no MMA, temos que mostrar que essa parceira não é um simples patrocínio para o atleta, mas sim que investimos nas modalidades com o intuito de criamos novos Mineirinhos, Ronys, Ciganos, etc…’, explicou o dirigente corintiano João Guilherme Costa.

‘Temos que manter acesa a chama. Sempre criar ações, abastecer a mídia, e incentivar o atleta. Mostrar que temos interesse nele’, complementou o assessor santista Fábio Maradei.

Foto: UOL