Antes de Aparecida, Rodrigo prometeu só dormir no chão (Foto: Divulgação/ Arquivo pessoal) |
Uma semana após deixar o Rio de Janeiro rumo à Arena Corinthians, em São Paulo a pé, o corintiano Rodrigo Parente, o Língua, não resistiu ao calor e ao cansaço e teve que atrasar a romaria, no início da manhã deste domingo, na Via Dutra, altura de Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, interior paulista.
Nada que prejudique os planos do torcedor, que partiu do Rio de Janeiro no último domingo, 18, para encarar aproximadamente 440 quilômetros de caminhada para pagar uma promessa feita quando o Timão venceu a Libertadores de 2012, sobre o Boca Juniors. Apesar de ter saído sozinho da capital carioca, Língua conseguiu simpatizantes por onde passou no interior paulista.
Em Pindamonhangaba, foi acolhido por integrantes da Fiel local. Bruno Freitas, que ficou amigo de Rodrigo durante o Mundial do Japão, ofereceu sua casa, onde Língua fica até a manhã desta segunda-feira, quando retoma a caminhada. A ideia inicial de Rodrigo era chegar até a Arena Corinthians, nesta segunda-feira, 26. Mas com os obstáculos da viagem, como bolhas e “homenagens recebidas”, Língua já estipulou uma nova data: 1º de setembro, aniversário do Corinthians e data do jogo contra o Flamengo, no Pacaembu.
– Seria um sonho. Eu me imagino chegando em São Paulo depois dessa viagem desgastante. Imagina se a diretoria faz uma homenagem a mim? Eu amo o Corinthians. Minha vida é viajar por esse time. Já fui assistir o Timão jogar em tudo que é canto. Estive no Japão durante o Mundial, também – afirma Parente por telefone.
Em Pindamonhangaba, Língua já passou da metade do caminho. Uma semana após sair de casa, o carioca já percorreu cerca de 270 quilômetros e conta que histórias relacionadas ao Corinthians não faltam neste meio-tempo. Ele saiu sozinho, mas é constantemente abordado por corintianos, que lhe oferecem dinheiro, comida e lugar para dormir. Uma parte da promessa era de que até Aparecida, ele não teria nada de luxo: banho apenas com garrafas pet, dormir só em chão de posto e nada de comer carne e beber refrigerante ou cerveja.
– Boa parte do dinheiro que recebi, eu distribuí para mendigos. Não queria fazer desfeita, mas também não queria aceitar. Depois de Aparecida, minha perna doía tanto, que quando cheguei em Pindamonhangaba, não conseguia mais andar. Tive que parar. O pessoal fez um churrasco para mim. Impressionante como os corintianos estão me apoiando – afirmou.
Ao chegar no Vale do Paraíba, próximo a Cruzeiro, interior de São Paulo, Rodrigo começou a receber muitos corintianos lhe oferecendo comida, bebida e camisetas. Para não fazer desfeita, ele entrou em algumas furadas. De tanto beber achocolatados e iogurtes, que recebeu de amigos de um torcedor de Cruzeiro, o fanático começou a passar mal depois de deixar a cidade. No entanto, não havia nada perto onde ele pudesse ir.
– Abaixei na estrada para descansar e sentei em um formigueiro. Comecei a levar picada e, por sorte, apareceram mais alguns torcedores no caminho, que me ajudaram com água. Também aproveitaram para fazer curativos. Imagine que andei 270 quilômetros em sete dias. São quase 40 quilômetros. O desgaste físico é muito forte – afirmou.
A mochila que Rodrigo usa desde que saiu da capital carioca, pesa cerca de oito quilos e ficou ainda mais pesada com os presentes que recebeu ao longo da estrada. Principalmente, camisetas. São pelo menos 10, segundo ele. Por isso, há turnos de corintianos o ajudando o torcedor a levar a bagagem. Após um certo trecho, novos fanáticos aparecem para ajudá-lo.
Fonte: Globo Esporte