‘Vágner Love chegará ao Parque São Jorge de helicóptero na segunda-feira. Está tudo fechado’. Com esta e tantas outras frases, Eduardo Savóia virou centro da mídia esportiva na metade dos anos 2000 e estourou os índices de audiência do Debate Bola, extinto programa da Record. Como o tempo já mostrou, o atacante não chegou ao Corinthians naquela segunda-feira e muito menos em qualquer outra, mas o jornalista ficou marcado como protagonista de uma das novelas mais bizarras do futebol brasileiro.
O ano era 2005 e o programa comandado por Milton Neves era um gigante da televisão aberta. Companheiro de nomes como Paulo Morsa, Renata Fan e Osmar de Oliveira, Savóia se destacava pelo caderninho que continha informações sobre contratações e polêmicas do esporte. Em uma de suas ‘previsões’, o comentarista cravou que Love já havia acertado com o alvinegro paulista e deveria se apresentar em breve no clube, o que não aconteceu.
Hoje, aos 60 anos de idade, o paulistano lembra com ótimo humor a situação e brinca com a repercussão da novela. No entanto, ele faz questão em dizer que a contratação estava fechada e que não houve erro de informação. O problema foi o atleta ter vestido a camisa de outro time antes de acertar a situação com os russos do CSKA.
‘O Love estava contratado pelo Corinthians. Ele estava contratado. O Andrés Sanches confirmou, o assessor me confirmou, ele me confirmou. Aí assessor de imprensa dele, que nem está mais no meio, cometeu a besteira de marcar uma coletiva do Love e um torcedor levou a camisa do Corinthians para ele vestir. O negócio estava fechado, mas não estava assinado. Aí os caras do CSKA romperam. O problema foi ele vestir a camisa do Corinthians. O CSKA não queria se desfazer dele, eles iam ajudar o Love a voltar ao Brasil. Aí você o vê vestindo outra camisa?’, afirma Savóia em entrevista ao UOL Esporte.
‘Os russos colocaram uma metralhadora na mesa e perguntaram se ele ia sair. O Love é muito meu amigo. Perguntei a ele sobre isso. Ele não desmentiu e nem confirmou, apenas abriu um sorriso’, comenta.
Fato é que o caso se estendeu durante semanas e, todos os dias na hora do almoço, o comentarista falava sobre a contratação bombástica do Corinthians.
‘O Milton queria polêmica. “Quando chega o Love” Quando chega o Love??, ele dizia. Eles não queriam saber do jogador, queriam me encher o saco. Eu sabia que já era. Quando ele botou a camisa e a imagem chegou na Rússia, já era. A novela era mais o Milton me enchendo o saco, um jeito dele de aumentar a audiência. Ele disse: ?você vai ter que segurar essa bucha’. Até hoje um ou outro me enche o saco e pergunta, mas a história ficou para trás?, lembra.
Mas nem sempre a carreira de Savóia foi marcada pelo personagem do caderninho ou pelas brincadeiras do amigo Milton Neves. Repórter desde a década de 70, o jornalista coleciona passagens por grandes veículos, como Jornal da Tarde, Jovem Pan, Bandeirantes e até mesmo a Rede Globo, onde foi substituído por Mauro Naves. Dono de grandes furos de reportagem, o hoje comentarista venceu prêmios, além de comentar eventos como Copa do Mundo e Olimpíada.
A situação só mudou em 1994, com o nascimento de Luca. Cansado de tantas viagens pela televisão, Savóia diminuiu o ritmo para ter a oportunidade de ver o filho crescer. Assim, ele retornou ao Jornal da Tarde e permaneceu até surgir o convite de Milton Neves e Eduardo Zebini para se juntar ao time da Record, onde criou o personagem do caderninho.
‘O caderninho foi uma coisa de jornal. Todo repórter tem um bloquinho de anotações. Eu anotava algumas coisas e pensei: “vou levar o caderninho para a TV”. Depois veio o celular. Eu atendia o telefone ao vivo, falava baixinho, e a informação chegava no momento. Lembro que o Mauro Beting usava o notebook e eu fiz a marca do caderninho.’
Após o fim do programa, em 2008, Savóia viu sua participação na TV diminuir cada vez mais e até recebeu convites de outras emissoras. No entanto, ele afirma ter um estilo ‘Muricy Ramalho’ e pretende permanecer na Record, mesmo com saudade de estar diariamente com o ‘time dos sonhos’ do esporte.
‘A Record não tem tanto esporte, mas comentei a Olimpíada junto com o Romário. Hoje eu estou lá graças ao Douglas Tavolaro e ao Grego. Eu sinto falta do contato diário com o programa, todo dia estar lá no mesmo horário. Tinha o lado sério, mas tinha o lado artístico. O Debate Bola foi legal porque tinha o Milton, que tinha o dom de provocar. A Renata Fan, que estava começando, sempre muito interessada, estudiosa. Tinha o Morsa. Eu que trazia a informação do dia, o Godói falava da arbitragem e o Doutor Osmar. Foi o melhor time de todos os tempos’, crava.
Fonte: Terceiro Tempo
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