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Diretor do Corinthians, sobre 2014: ‘Vou me ausentar do futebol e descansar’

Danilo Vieira Andrade

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Roberto de Andrade vai deixar a diretoria de Futebol no ano que vem | Gazeta Press

Diretor de Futebol do Corinthians há três anos, Roberto de Andrade deve terminar seu ciclo no início do ano que vem. Cotado para ser o próximo presidente do clube, ele nega que o afastamento esteja relacionado com a política do Parque São Jorge e, cansado, diz que sai para cuidar de projetos pessoais. O substituto, no entanto, ainda não há.

De acordo com o dirigente, em entrevista exclusiva para o ESPN.com.br, a movimentação maior da oposição no momento é normal e não incomoda. ‘A gente dá risada’, afirma lembrando que quem conquistou os últimos títulos foi a situação, mesmo com outros grupos lutando contra.

Na primeira parte do bate-papo, o cartola ainda fala sobre a situação do Corinthians, o momento ruim do time, a relação da oposição com a gestão e a influência de Andrés Sanchez na atual diretoria.

Veja a entrevista na íntegra.

ESPN.com.br – Qual vai ser o seu caminho para o ano que vem?
Roberto de Andrade – Eu? Na verdade, nós estamos esperando o ano acabar para compor o elenco nas necessidades que o Corinthians tem e, no ano que vem, eu pretendo descansar. Vou me ausentar do futebol e vou descansar. O futebol toma bastante tempo da gente e eu vou descansar.

A partir de quando?
A partir do fim do ano agora. É, pelo menos é o que eu estou desenhando, né? Terminando o ano, eu deixaria o cargo para me dedicar a outros projetos.

Um dos seus projetos é a candidatura para a presidência do Corinthians?
Não. São projetos pessoais e não Corinthians. Candidatura é uma coisa que ainda não está definida e eu não posso falar sobre isso. É uma definição que não parte só da minha pessoa, é um grupo. Isso vai ser definido mais lá na frente, acho que no segundo semestre. São projetos pessoais.

Como você enxerga o cenário das eleições?
Por enquanto é muito Indefinido, né? Está muito longe. Tem mais um ano ou um ano e pouco de mandato, né? É muito cedo para falar. Hoje se você for no clube vai ver três ou quatro querendo ser candidato. E você nunca é candidato de si próprio, você é candidato de um grupo. Nós não chegamos nessa definição ainda.

Você sente que as eleições interferem no cotidiano do clube?
Não acredito, não. Os que gostam de falar contra, falam sempre. Não importa se tem eleição ou se não tem. Eles rezam para o futebol estar em uma situação desfavorável para eles poderem falar. Nos últimos três anos nós ganhamos tudo, eles não tinham o que falar. Não tem muita gente para bater palma, mas para atirar pedra aparece um monte de gente. Sempre foi assim. Eles torcem para acontecer isso. Passamos por um momento delicado, nada além disso.

Além da questão dos títulos, a postura da diretoria também ajudou a evitar a bagunça dentro do clube. Mas agora a gente já começa a perceber algumas mudanças. Como você enxerga isso?
Normal. Primeiro pela proximidade da eleição, as pessoas costumam se manifestar um pouco mais. Segundo por um momento de fragilidadedo futebol, que as pessoas aproveitam para falar. O Corinthians continua aqui, fomos nós que conquistamos tudo isso, não foi a oposição. Eles lutaram contra. Nós ganhamos deles e do resto. Nós trabalhamos aqui com muita seriedade, sem exceção, durante todo esse tempo.

Isso começa a incomodar vocês?
De forma nenhuma. A gente dá risada. A chance que eles têm para aparecer é agora. Não tem outra oportunidade.

Terá uma chapa de oposição?
Ah, sei lá. Deve ter, sim. Sempre tem. Na última eleição foram duas.

Da diferença de gestão de Mario Gobbi e Andrés Sanchez, o que você colocaria de mais relevante?
Não tem diferença, né? É uma continuidade de gestão, né? Tem diferença de pessoas. O Mario é uma pessoa, o Andrés é outra. Mas o trabalho é uma continuação. Na mesma linha, com a mesma filosofia. Não mudou nada quanto a isso.

Tem um movimento da oposição para colocar as eleições mais cedo, em dezembro. A mudança foi cogitada pela situação?
Foi falado. Mas acabou não pegando muito eco. Não acredito que isso vá acontecer.

Acha que vai ser em fevereiro?
Sim, como sempre foi, no começo de fevereiro.

E não atrapalha a próxima gestão?
O ideal seria que fosse no fim do ano, para quem assumir poder fazer mudanças e para que não pegue as coisas andando. A pessoa chega com o campeonato andando, ou Libertadores ou Paulista. O melhor seria dezembro, se a pessoa quisesse fazer alguma coisa mais radical. Não chega a atrapalhar, mas o ideal seria antes.

E por que não dá para acontecer antes?
É uma coisa política. Não querem mexer no estatuto. Teria que fazer uma assembleia geral e não querem fazer uma assembleia geral. Não tem vontade política para isso. Não querem alterar o estatuto só para isso.

Como fica o clube com a sua saída?
Como assim?

Qual a falta que você vai fazer e quem vai entrar no seu lugar?
Ah, não sei. Essa é uma pergunta que você deve fazer para o presidente e não para mim. O Corinthians não é feito só do Roberto e do Mario. Tem muita mais gente no clube, gente com condições. Quem vai decidir isso é o presidente.

Mas você não tem um nome para indicar?
Não tenho e mesmo se tivesse não indicaria.

Não? Por quê?
Porque não cabe a mim. É uma responsabilidade muito grande, é delicado. Não convém.

Como fica o departamento de Futebol no ano que vem?
Do jeito que está aqui. Vamos trocar o treinador, repor o auxiliar técnico e o preparador físico. O resto, tudo que está aqui vai continuar.

O Edu Gaspar fica? E o Duílio Monteiro?
Sim.

Duílio está definido que fica?
Não sei. Não respondo por ele, respondo por mim.

Mas você faz parte da diretoria.
Não sei. É uma questão pessoal dele. Ele vai avaliar isso no término do campeonato.

Você acha que é ruim que você e o Duílio saiam ao mesmo tempo?
Difícil falar. Não sei o que é ruim e o que é bom. Cada um tem seus interesses pessoais. Ele está atravessando um momento difícil, está um pouco doente. Ele precisa se tratar, quer mais tempo. Se vai fazer isso com o futebol não vai dar tempo de fazer ambas as coisas. É uma decisão completamente pessoal dele. Não dá para dizer nada, nem que eu gostaria que ele ficasse nem que eu gostaria que ele saísse.

Se o Duílio resolver sair, você não cogita ficar um pouco mais?
Não.

Isso está definido?
Eu já estou falando aqui para você que não vou ficar. Não posso ficar. Tenho outras coisas para fazer, preciso fazer minhas coisas.

É muito cansativo?
Bastante. É bacana também, tem as coisas boas, mas cansa muito.

Esse ano especificamente?
Não, todos os anos. O nosso trabalho independe de ganhar ou perder. Os problemas são iguais ganhando ou perdendo. A alegria, logicamente, é muito maior ganhando.

Qual influência que o ex-presidente Andrés Sanchez tem no Corinthians?
É a influência que todos sabem. É um ex-presidente, com um grande currículo de serviços prestados ao clube. Ajuda o Corinthians até hoje, tocando a Arena. É uma pessoa que eu gosto muito, meu grande amigo. O que mais eu posso falar? Tudo isso que eu estou falando tem uma centena de pessoas que dizem o mesmo. Por isso ele é importante.
Mas como é a relação dele com essa diretoria?
Ele não faz parte dessa diretoria. Ele é amigo nosso. É uma relação um pouco diferente. Ele não participa das reuniões. A gente conversa informalmente, como a gente conversa com qualquer outra pessoa do nosso círculo de amizade. As pessoas, às vezes por ter credibilidade, a gente precisa ouvir o que elas dizem. Ninguém sabe tudo. Cada um pode ajudar de alguma forma. Com uma palavra, uma colocação. Todas as pessoas que têm essa competência, essa experiência, tem sempre opiniões bem vindas. Sempre.

Por que você acha que para ele isso é um problema? Ele sempre faz questão de dizer que não tem mais nada a ver com o Corinthians…
E ele não tem mesmo. Oficialmente, ele não faz parte da diretoria. A gente não vai colocar o Andrés em uma mesa e perguntar para ele se tem de trocar o treinador, se tem de trazer o João, José ou Mané. Não é essa a questão. Eu posso conversar com o Andrés informalmente como um amigo. Como posso conversar com qualquer outro. Não sei quem vê problema nisso.

O Andrés gosta de falar que não tem a ver…
Quando ele fala isso, o que ele está querendo dizer é que ele não tem força para sentar em uma mesa junto com a diretoria. Se as pessoas conversam com ele, é totalmente informal. Ele tem o direito de falar o que ele quiser, mas não significa que a gente tenha que fazer ou não fazer.

Você acha que isso incomodou o presidente Mario Gobbi?
Não sei. Essa pergunta você tem de fazer para o presidente.

A pergunta é para você mesmo. Em algum momento o presidente chegou a falar com você sobre isso?
Para mim não é um problema. Nunca me senti acoado por nada. E acredito que o Mario também não. Mas ele pode responder melhor do que eu.

Fonte: ESPN