Arena Corinthians vai receber o jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014 | Danilo Bodra |
O vice-presidente do Corinthians Luis Paulo Rosenberg não está satisfeito com uma alteração feita pelo clube na organização da Arena. De acordo com o dirigente, o que seria a parte laranja do Pacaembu no novo estádio foi transformada em arquibancada comum e, se não houver mudança até a inauguração, haverá um grande prejuízo nos cofres do Parque São Jorge: mais de R$ 400 milhões nos próximos anos.
A principal preocupação do vice é com as contas que o alvingero tem de pagar pela construção da casa nova. Nos cálculos do cartola, que elaborou o plano financeiro da arena, há R$ 100 milhões de juros até agora, por causa de empréstimos, e um custo de R$ 120 milhões por ano a partir 2014, pelos próximos seis anos.
No projeto original, elaborado por ele, Andrés Sanchez e Anibal Coutinho, arquiteto da obra, parte do lado leste, onde aconteceu o acidente com o guindaste no mês passado, era para ser de uma categoria de preços mais elevada, com valores entre R$ 200 e R$ 250, e para sócios-torcedores do plano médio, o ‘Minha História’, que pagam cerca de R$ 50 ao mês. A entrada mais barata custará R$ 40. O espaço inteiro tem perto de 15 mil lugares.
Segundo Rosenberg, a decisão do ex-presidente corintiano, que hoje comanda a construção do estádio em Itaquera, não foi acertada.
‘Fiz as contas: o prejuízo será de mais de R$ 400 milhões nos próximos anos. Ele mudou isso porque está pensando nos 200 mil que vão ao estádio. Mas a gente precisa pensar nos 30 milhões de corintianos, que querem ver o clube mais forte. Esse não era o planejado’, afirmou Rosenberg ao ESPN.com.br.
‘Há cerca de 20 a 25 mil lugares populares no estádio. Precisamos gerar receitas para sermos campeões do mundo recorrentemente, sem temer Rajas e ‘Mambembes’. Além disso, cobrar caro de rico para dar campeonato para os pobres é Robin Hood de primeira’, completou, ao ser perguntado sobre a possibilidade da ideia original elitizar a arena.
Depois da mudança, o estádio alvinegro está essencialmente dividido em dois: o popular e o nobre, ou o rico e o pobre, como brincam, representando leste e oeste, respectivamente. O lado oeste é de onde o clube espera arrecadar mais dinheiro: é lá que vão ficar os 89 camarotes – que não existiam no Pacaembu -, as cadeiras comercializadas por temporadas, as cativas, a numerada e os VIPs, que fazem parte do plano mais caro do Fiel Torcedor, o ‘Meu Amor’.
De acordo com Rosenberg, os lados norte e sul (dividido com visitantes) eram os únicos espaços originalmente separados para as organizadas, torcedores da verde e do Tobogã do Pacaembu, o que seria suficiente em sua opinião.
Sobre as contas, o dirigente do Parque São Jorge ressaltou que o clube tem muita conta para pagar nos próximos anos e disse que a receita de bilheteria é fundamental.
‘Tem muita gente que fala que bilheteria é plano B para pagar a construção do estádio, se não conseguir vender os naming rights. Estão errados. A receita de ingressos é plano A. Precisamos disso mesmo com o patrocínio. Tenho todas as contas aqui. São R$ 100 milhões de juros até agora. A partir do ano que vem, vamos ter um custo de R$ 120 milhões por ano para ter o estádio’, explicou o vice-presidente do Corinthians.
O clube tem algumas negociações em andamento para acertar os naming rights do estádio, mas ainda não há nada fechado.
Entenda as contas da Arena Corinthians
Segundo Andrés Sanchez, o estádio em Itaquera vai custar R$ 820 milhões. Desses, serão R$ 420 milhões em CIDs (Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento) e R$ 400 milhões de empréstimo do BNDES. Os CIDs são títulos que servem para pagar alguns impostos. O Corinthians vai vender esses certificados para empresas privadas.
Por causa da demora da liberação do empréstimo, o clube vai ter de pagar juros referentes aos empréstimos feitos pela Odebrecht, que teve de pedir para seguir com as obras.
Nos cálculos de Luis Paulo Rosenberg, esses juros já passam de R$ 100 milhões. Além disso, a partir de 2014 a conta anual para pagar o estádio será a seguinte, por pelo menos seis anos: R$ 50 milhões em juros, R$ 40 milhões em amortização da dívida ao BNDES e R$ 30 milhões de custos previstos.
Se o clube conseguir fechar os naming rights para a arena, a expectativa do dirigente é de receber R$ 35 milhões por ano. Camarotes, cadeiras, cativas e bilhateria precisam dar conta de pagar os R$ 85 milhões restantes para fechar as contas.
Fonte: ESPN