A ex-presidente do Corinthians Marlene Matheus, como inúmeros outros associados e conselheiros, não se conforma com a frase de Luís Paulo Rosenberg comparando o Corinthians a uma ‘Casa de Prostituição’:
‘Nao pensei que fosse viver para escutar uma coisa dessas. Se viesse de qualquer torcedor de um clube adversário já consideraria lamentável, pobre, chulo. Mas vindo de um vice-presidente eleito do Corinthians, classifico simplesmente como deplorável. E imperdoável. Será que ele está no gozo de suas faculdades mentais? Rosenberg não merece fazer parte da nossa família social’.
Marlene, que além de ex-presidente é também conselheira vitalícia e membro nata do CORI, porém, vai além:
‘Seus amigos, se ele ainda os tiver, podem até querer blindá-lo no Conselho e evitar a votação para eliminá-lo, mas quero ver quem será capaz de olhar nos meus olhos e dizer que a frase não foi um horror, um desrespeito sem desculpas. Que mais uma pessoa precisa fazer para ser eliminada do clube? Se não o afastarmos, vamos perder a moral, qualquer um poderá falar qualquer coisa do Corinthians que não acontecerá nada.’
Por isso, ela decidiu, paralelamente ao processo de eliminação de Rosenberg como sócio, tomar uma atitude mais severa:
‘Este homem tem que ser punido pela Justiça. Você não pode ofender publicamente uma instituição como o Corinthians e ficar impune. Se tenho razão? É só aguardar e ver a decisão da Justiça Criminal. Quem comete um crime, tem que responder por ele.’
Marlene diz que, ao ler a frase, imediatamente sua memória reavivou uma cena terrível.
‘Lembrei-me do dia em que aquele pastor maluco chutou a imagem da Santa. Foi mais que chocante, foi horripilante. A própria Igreja dele o afastou e, pela primeira vez, pediu desculpas aos católicos. Acho que o presidente Mário Gobbi deveria fazer o mesmo: pedir desculpas às famílias corinthianas em nome do indivíduo que é seu vice e cometeu a insanidade. Calar-se, presidente Gobbi, diante da barbaridade cometida, é também indespeculpável. E pode dar a impressão que o senhor concorda com o que foi dito.’
Marlene contratou ontem mesmo, após ler no PORTAL FI as manifestações de vários conselheiros e associados sobre a frase ‘lapidar’ de Rosenberg e após conversar com várias amigas, muitas integrantes de sua administração à frente do clube, entre 1991 a 1993, o advogado Wellington Campos Machado.
Ouvido pelo PORTAL FI, o mesmo confirmou:
‘Em minha análise jurídica cabe, sim, um processo por difamação na Justiça Criminal. E outro processo por Danos Morais e Materiais na Justiça Civil. O clube pode exigir uma indenização pelo estrago que uma declaração desta pode trazer concretamente à imagem da agremiação. E note: não foi alguém escolhido aleatoriamente na multidão, um jornalista ou um torcedor adversário que falou a bobagem. Foi o Vice-Presidente eleito do Corinthians !!!! Realmente é inacreditável. Este cidadão deve odiar o Corinthians para ter feito isso.’
Wellington Campos Machado ainda esclarece:
‘Como a publicação tem prestígio, é editada e circula no exterior, pode afastar patrocinadores internacionais do clube. Ainda mais numa época de Copa do Mundo no Brasil. Que empresa que preza pela sua imagem vai querer atrelar sua marca a uma ‘Casa de Prostituição’? O senhor Rosenberg certamente causou um prejuízo gigantesco ao Corinthians e, na minha visao, poderá vir a ser responsabilizado judicialmente por isso.’
Pelos cargos que ocupou e ocupa no clube, Marlene tem todo direito e representatividade para abrir estes processos, diz o advogado.
‘Ela é uma ex-presidente da diretoria e integra um orgão importante como o CORI e outro, soberano, que é o Conselho Deliberativo.’
Para Wellington Campos Machado há ainda alguns agravantes que podem complicar a vida de Rosenberg:
‘Ele é reincidente. Já foi denunciado à Comissão de Ética do Conselho Deliberativo que o julgou e lhe aplicou uma pena considerada muito leve pela maioria dos conselheiros. Também naquela oportunidade Rosenberg se referiu ao clube de maneira inconveniente, jocosa e aviltante. Mas agora ele conseguiu ir além do que qualquer pessoa de bom senso pudesse conceber. Acredito piamente em sua condenação’.
Marlene conclui:
‘Associados me ligam e veem à minha casa (Marlene mora no Tatuapé, próxima ao Corinthians, há mais de 40 anos), principalmente mulheres, extremamente revoltadas com o episódio. Uma me disse que sua filha lhe perguntou: o que este homem quis dizer, mamãe? Que somos todas prostitutas? Me abracei a ela e choramos juntas. Veja o que ele fez! Rosenberg não sabe o que é o Corinthians, só veio aqui fazer negócios. Não sei se ele tem família. Nós somos uma nação que foi covardemente atingida’.
Marlene Mateus foi casada com Vicente Matheus, talvez o presidente mais emblemático da história do clube. Em 1990 não podendo concorrer a reeleição (sim, já existiu proibição à reeleição nos Estatutos, a cláusula estatutária a respeito não foi invenção do grupo que chegou ao poder em 2007), Matheus resolveu lançar sua mulher como cabeça de chapa. Mateus ficou como vice-presidente.
Carismática e vivendo freneticamente o dia-a-dia do clube, Marlene fez uma campanha intensa e em janeiro de 1991 venceu nas urnas os adversários José Borbola, atleta laureado do clube, já falecido; Antoine Gebran, à época vice-presidente da Federação Paulista de Futebol e hoje conselheiro vitalício; Damião Garcia, fundador da rede de lojas Kalunga e que patrocinou o clube por 12 anos seguidos, conselheiro vitalício; e o então jovem candidato Edgard Soares, hoje Editor Senior do PORTAL FI, ex-Vice-presidente do Corinthians por três vezes e conselheiro vitalício.
Marlene ainda frequenta o Parque São Jorge, mas principalmente se faz presente nas reuniões do Conselho Deliberativo e do CORI. Foi por alguns meses Vice-Presidente Social na primeira gestão de Andrés Sanchez.
Fonte: Futebol Interior