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Ex-jogador diz que frustração no Corinthians o deixou com paralisia facial

Danilo Vieira Andrade

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Com 37 anos, Rodrigo Juliano Lopes de Almeida garante que ainda teria fôlego para estar nos gramados e diz que a vontade só não se realizou por conta das inúmeras lesões que abreviaram sua carreira. Ainda assim, o meia conhecido pelas madeixas loiras no cabelo e apelidado de ‘Beckham brasileiro’ não reclama da sorte e lembra com carinho de quase todos os 14 clubes que defendeu em uma trajetória iniciada na Portuguesa Santista, em 1996.

O tom de satisfação e alegria só muda ao falar daquela que foi a sua pior e mais frustrante temporada nos gramados. Rodrigo não esconde a tristeza ao comentar a traumática passagem pelo Corinthians, em 2004, e recorda até uma paralisia facial que teve em decorrência dos estresses e problemas no clube.

‘Aquele ano foi muito difícil’, relembra Rodrigo, antes de uma longa pausa para continuar a comentar o assunto. ‘Descobri que minha cirurgia no joelho não havia sido bem feita e que a recuperação não estava legal. Foi muito frustrante, demais mesmo. Não foi nada bacana aquele ano no Corinthians’.

Em quase um ano, o ‘sósia’ de David Beckham que havia acabado de retornar de uma passagem pelo futebol inglês – Everton – disputou apenas seis partidas e não marcou nenhum gol.

‘Eu não conseguia jogar. Treinava, treinava, treinava e me machucava. Me recuperava, treinava, treinava e nada. Sempre tinha algum problema com o joelho. Isso frustra muito. Eu ficava o tempo inteiro me deparando com momentos difíceis, até que um dia acordei e um lado do meu rosto estava deformado. Estava com uma paralisia de Bell’, relembrou, citando a doença que paralisa os nervos da face e impede que a pessoa controle os músculos daquele local.

‘Não tinha nada que justificasse aquilo no meu rosto. Era o estresse mesmo, a frustração por não conseguir jogar. Era uma pressão muito grande que mexia com a minha cabeça e me deixava daquele jeito. E não era uma coisa do clube, mas minha mesmo. Eu me cobrava muito, me pressionava. Era difícil demais não poder jogar’, explicou.

O tom de tristeza logo muda quando Rodrigo comenta as passagens por outras equipes e as disputas de títulos, desde a série B até a Copa Libertadores.

‘Fui muito feliz no Botafogo, onde fiquei honrado em saber que diretoria e torcida me consideram um dos ídolos da virada do século. Fui artilheiro duas vezes do time no Brasileiro e ainda disputamos uma final de Copa do Brasil. No Gama, tive a boa campanha na série B que me projetou no cenário nacional. Ainda lembro com carinho minha fase no Atlético-MG, onde fui artilheiro em um time que tinha Marques e Guilherme. Foram 13 gols em 23 jogos. Ainda tive uma passagem pelo futebol ingês [Everton], uma final de Libertadores pelo Atlético-PR [2005] e trabalhos bacanas em times menos como Boavista e Red Bull Brasil, quando subi de divisão. Sofri com as lesões, mas também tive muita coisa bacana. Não reclamo de nada. Agradeço muito por tudo o que vivi no futebol’.

Despedida frustrada e comparação com galã
Após o fim de carreira em 2010, Rodrigo ensaiou uma volta aos gramados neste ano para uma despedida pelo time carioca do Boavista. Tudo, porém, não passou de uma ideia frustrada.

‘Foi uma sugestão do João Paulo, que é dono do Boavista. Eu estava como auxiliar do Américo Faria e ele cismou que eu deveria fazer um jogo de despedida contra o Botafogo no Carioca deste ano. Acabei aceitando a ideia e fui para o banco de reservas. Mas não deu em nada. Dois jogadores se lesionaram tivemos que fazer outras substituições e eu não entrei. Não teve nada de despedida. E nem vai ter. Futebol agora é só fora de campo’, contou.

E foi longe das quatro linhas que Rodrigo Beckham também se destacou durante a carreira. Eleito o jogador mais bonito em uma pesquisa no final dos anos 90, ele fez até piada com a comparação com o ídolo inglês que brilhou no mesmo período.

‘Não ligo muito para isso, mas sei que é uma coisa que a mídia impõe. E é sempre bacana ser comparado a um ícone. Nunca ninguém explorou tão bem sua imagem quanto o Beckham. Ele é uma baita referência. E já que existe a comparação, queria ter pelo menos metade do faturamento dele. Metade da grana eu já ficaria feliz’, brincou o ex-jogador, que ainda rejeita o posto de galã e descarta qualquer trabalho de moda.

‘Nem curto muito isso. Não tenho paciência. Meu negócio é estudar para ser diretor técnico de alguma equipe profissional de futebol e mexer com a área de finanças. Fiz um curso de análise técnica financeira. É uma atividade paralela, um hobby. Só isso mesmo’, encerrou Rodrigo.

Fonte: UOL