Vestiário inundado e trem quase bala; o resumo do 1° dia da Copa na Arena Corinthians

Danilo Vieira Andrade

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Torcedores argentinos e brasileiros na entrada da Arena Corinthians | Gazeta Press

O grupo dos brasileiros otimistas que desafiou os gritos de ‘Não vai ter Copa!’ nos meses que antecederam o maior evento esportivo do mundo venceu e neste 12 de junho, data da abertura do Mundial de 2014, teve, sim, Copa do Mundo.

Milhares de estrangeiros coloriram as ruas de São Paulo, do centro nervoso até as esquinas boêmias da Vila Madalena, misturando-se em fotos e mais fotos com o celular e brindes e mais brindes com copos de cerveja.

Além dos vizinhos argentinos, colombianos, chilenos e mexicanos, os croatas, rivais do Brasil na estreia da Copa, tiveram presença maciça. Ainda pela manhã, próximo ao Teatro Municipal, bem antes da partida marcada para as 17h, no extremo Leste da Capital Paulista, em Itaquera, Drago Vibinec se fartava com a hospitalidade local. “É incrível, está todo mundo sempre alegre, a todo momento nós somos recebidos com um sorriso.”

O incidente mais grave registrado pela reportagem foi um desentendimento entre manifestantes sem teto e um motorista que tentou atravessar um protesto próximo à Avenida Ipiranga, ponto turístico da cidade, tendo seu carro chutado. Jornalistas do Peru filmaram tudo.

Drago também deve ter se admirado com a organização do esquema de transporte público montado para o torneio.

Foi fácil e rápido chegar de trem da Estação da Luz à Arena Corinthians – em menos de 20 minutos se completava o trajeto – e não faltaram informação e pessoas contratadas para ajudar os turistas.

Chegando na estação Corinthians-Itaquera, localizada a poucos metros do estádio, era preciso paciência para se locomover no meio da multidão até a rua pelas passarelas – levava-se mais tempo ai do que dentro do trem -, mas ver a interação entre pessoas do mundo inteiro fazia a via crucis ser menos dolorosa.

Quem escolheu ir de carro e pegou a Avenida Radial Leste, principal via de acesso, pode ter se assustado com as bombas de efeito moral atiradas pela polícia contra outro ato popular realizado na região.

O aparato de segurança era grande e era preciso mostrar ingresso ou credencial para se aproximar da arena. Do lado de dentro, voluntários da Fifa esboçavam pedir a numeração do assento dos presentes, mas logo ficou tudo liberado. Cada um via o jogo de onde quisesse.

Em volta dos portões de acesso para as arquibancadas, vendedores ambulantes ofereciam bebidas a preços muito mais agradáveis do que os do estádio. Além de pagar R$ 5 em uma cerveja e não o dobro ou mais, dependendo da marca, com os ambulantes não era preciso pegar filas quilométricas. Faltou comida nas lanchonetes internas.

Apesar do consumo de bebidas alcoólicas ter sido grande, o contingente de garis mobilizados pela prefeitura de São Paulo deu conta do recado, e as calçadas se mantiveram limpas. Os banheiros dentro do estádio também estiveram impecáveis.

O mesmo não se pode dizer dos sanitários disponibilizados para a leva de jornalistas do mundo inteiro convocados para a cobertura do jogo de abertura do Mundial, sujos e malcheirosos – mais de mil profissionais.

Nem do vestiário da seleção visitante. O técnico Luiz Felipe Scolari elogiou a estrutura da Arena Corinthians, mas os croatas parecem não ter gostado tanto do que viram. Os banheiros do time europeu inundaram, problema recorrente segundo funcionários do estádio. Os jogadores, já irritados com a derrota por 3 a 1 para o Brasil, descontaram no vestiário, que foi depredado.

Por um instante, aliás, temeu-se pelo prosseguimento da partida. Parte dos refletores do estádio falhou durante o primeiro tempo. Como ainda havia luz natural e a iluminação é forte, o espetáculo não foi prejudicado.

Fonte: ESPN