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Carta emocionante de Chicão a Fiel |
O ex-zagueiro Chicão é um dos maiores nomes da história recente do Corinthians. Jogador alvinegro desde a temporada na Série B, em 2008, o ex-atleta participou de toda a caminhada até o título da Libertadores e Mundial. Pelo clube, foram 247 jogos e 42 gols, número expressivo para um zagueiro. Chicão era especialista em bolas paradas e marcou uma série de gols de falta.
Em um texto produzido para a Rádio Bandeirantes, o ídolo emocionou a Fiel em carta aberta, e cita a morte do avô horas antes do primeiro jogo final da Libertadores, diante do Boca, na Argentina.
“Oi. Eu sou o Chicão. O Chicão do Corinthians.
Meu telefone tocou.
Era 2007. Final de 2007. Era o Corinthians no outro lado da linha. Meu telefone tocou, o clube me fez uma proposta e eu aceitei. Eu não pensei duas vezes.
Algumas pessoas disseram que eu estava louco. Tinha um grupo de times da Série-A me procurando. Eu respondi que eu jogaria pelo Corinthians até na Serie-C. Porque era meu sonho. Era o Corinthians. A voz do corintiano é maior do que qualquer divisão, situação, oposição.
Meu telefone tocou. Me disseram que eu estava louco. E quer saber? Tinham razão. Eu virei mais um no bando deles em janeiro de 2008. Talvez o mais louco pelo Corinthians.
Foi onde tudo começou. Meu pontapé de entrada no Parque São Jorge.
Eu sou o Chicão. O Chicão do Corinthians.
Eu peguei a troca de CT. Os gramados ruins da Série-B. Os meninos da base dando o sangue com a gente. Eu trabalhei com grandes professores. Mano Menezes e Tite. Joguei com craques como Ronaldo e Roberto Carlos. Mas – apesar da qualidade imensa desses gênios – a cobrança de falta sempre foi tarefa minha.
Minha casa – no começo – foi o Pacaembu.
Subimos com título. Ganhamos Campeonato Paulista. Copa do Brasil.
Mas faltava uma coisa. Não só para nós do elenco. Mas para a torcida do Corinthians. Faltava a Libertadores.
Eu passei muitas dificuldades para chegar ao Corinthians. Sujei muito o uniforme, suei demais o meu corpo, dei meu sangue. No Mogi Mirim. Na Portuguesa Santista. No América. No Juventude. No Figueirense.
Eu queria orgulhar minha família. Eu consegui.
2010. 2011. 2012. Eliminações. Pressão.
O Tite ficou. O Tite foi nosso professor, nosso pai, nossa estrela. Nosso ponto de equilíbrio.
2012. Libertadores.
Eu sou o Chicão. Que fazia dupla de zaga com o Leandro Castán. Que viu o Cássio se esticar e evitar o chute do Diego Souza. Que torceu quando o Paulinho subiu no último andar e tirou o Vasco do Pacaembu.
Eu sou o Chicão. Que gritou em campo. Que ouviu você, corintiano, berrar na arquibancada.
Na Argentina, antes do jogo contra o Boca, meu telefone não parou. Mais de 100 ligações.
Meu avô Messias tinha falecido. Pensei: volto para São Paulo ou fico?
Resolvi ficar. Para orgulhar meu avô. Ele queria que eu vencesse. Eu prometi: vamos ganhar e vou dedicar o título para o meu avô.
Poucos souberam disso.
Quatro de julho de 2012.
Eu ouvi o grito da torcida quando a gente chegou no Pacaembu. Quando o ônibus estacionou no estádio. Quando fomos para o aquecimento. Quando o professor falou com o elenco. Quando nós subimos do vestiário para o campo.
Eu ouvi o seu grito quando meu telefone tocou, em 2007. Quando nós subimos juntos. Eu ouvi o berro corintiano esperando ser outra vez o que você sempre foi. Ser campeão. Ser o Corinthians de sempre.
Meu avô Messias subiu aquela escada comigo. Meu avô vestiu nosso uniforme. Ganhou com a gente.
Dividiu cada bola comigo. Instruiu cada companheiro comigo. Me defendeu enquanto eu defendia o Corinthians.
Era o mesmo grito. O mesmo hino. A mesma paixão.
O Corinthians não é medido pela situação. É medido pelo tamanho da história. Pela altura do berro. Pelo amor da Fiel torcida.
Eu sou o Chicão. O Chicão do Corinthians. O neto do Messias.
Minha prova de amor foi a concentração em campo. A seriedade não só na final, contra o Boca Júniors. Mas diante de todos os adversários. Do mais fraco ao mais forte. Do mais rico ao mais pobre.
Eu sou o Chicão. Eu quase fiz um gol de falta. Passou perto.
Eu vi o Alex cruzar. O Jorge Henrique desviar. O Danilo passar de calcanhar. Emerson chutar com o peito do pé. Eu não só ouvi, mas eu também berrei com a torcida.
Um grito de desabafo. De amor.
Eu vi o zagueiro deles errar o passe. Eu vi o Sheik arrancar e tocar no canto do goleiro. A bola entrar lentamente.
Eu sei que meu avô viu tudo que aconteceu naquela e em outras finais.
Eu arranquei com todos os companheiros desde que meu telefone tocou.
Eu disse sim. Era o Corinthians.
Me chamaram de louco quando eu entrei no bando. Eu acertei em cheio.
Eu sou o neto do Messias.
O Chicão.
Eu sou o Chicão do Corinthians.
Eu sou o xerife da Fiel.”
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