Em carta enviada à rádio, Chicão emociona a Fiel: “Poucos souberam disso”

Danilo Vieira Andrade

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Carta emocionante de Chicão a Fiel

O ex-zagueiro Chicão é um dos maiores nomes da história recente do Corinthians. Jogador alvinegro desde a temporada na Série B, em 2008, o ex-atleta participou de toda a caminhada até o título da Libertadores e Mundial. Pelo clube, foram 247 jogos e 42 gols, número expressivo para um zagueiro. Chicão era especialista em bolas paradas e marcou uma série de gols de falta.

Em um texto produzido para a Rádio Bandeirantes, o ídolo emocionou a Fiel em carta aberta, e cita a morte do avô horas antes do primeiro jogo final da Libertadores, diante do Boca, na Argentina.

Confira a publicação na íntegra:

“Oi. Eu sou o Chicão. O Chicão do Corinthians.

Meu telefone tocou.

Era 2007. Final de 2007. Era o Corinthians no outro lado da linha. Meu telefone tocou, o clube me fez uma proposta e eu aceitei. Eu não pensei duas vezes.

Algumas pessoas disseram que eu estava louco. Tinha um grupo de times da Série-A me procurando. Eu respondi que eu jogaria pelo Corinthians até na Serie-C. Porque era meu sonho. Era o Corinthians. A voz do corintiano é maior do que qualquer divisão, situação, oposição.

Meu telefone tocou. Me disseram que eu estava louco. E quer saber? Tinham razão. Eu virei mais um no bando deles em janeiro de 2008. Talvez o mais louco pelo Corinthians.

Foi onde tudo começou. Meu pontapé de entrada no Parque São Jorge.

Eu sou o Chicão. O Chicão do Corinthians.

Eu peguei a troca de CT. Os gramados ruins da Série-B. Os meninos da base dando o sangue com a gente. Eu trabalhei com grandes professores. Mano Menezes e Tite. Joguei com craques como Ronaldo e Roberto Carlos. Mas – apesar da qualidade imensa desses gênios – a cobrança de falta sempre foi tarefa minha.

Minha casa – no começo – foi o Pacaembu.

Subimos com título. Ganhamos Campeonato Paulista. Copa do Brasil.

Mas faltava uma coisa. Não só para nós do elenco. Mas para a torcida do Corinthians. Faltava a Libertadores.

Eu passei muitas dificuldades para chegar ao Corinthians. Sujei muito o uniforme, suei demais o meu corpo, dei meu sangue. No Mogi Mirim. Na Portuguesa Santista. No América. No Juventude. No Figueirense.

Eu queria orgulhar minha família. Eu consegui.

2010. 2011. 2012. Eliminações. Pressão.

O Tite ficou. O Tite foi nosso professor, nosso pai, nossa estrela. Nosso ponto de equilíbrio.

2012. Libertadores.

Eu sou o Chicão. Que fazia dupla de zaga com o Leandro Castán. Que viu o Cássio se esticar e evitar o chute do Diego Souza. Que torceu quando o Paulinho subiu no último andar e tirou o Vasco do Pacaembu.

Eu sou o Chicão. Que gritou em campo. Que ouviu você, corintiano, berrar na arquibancada.

Na Argentina, antes do jogo contra o Boca, meu telefone não parou. Mais de 100 ligações.

Meu avô Messias tinha falecido. Pensei: volto para São Paulo ou fico?

Resolvi ficar. Para orgulhar meu avô. Ele queria que eu vencesse. Eu prometi: vamos ganhar e vou dedicar o título para o meu avô.

Poucos souberam disso.

Quatro de julho de 2012.

Eu ouvi o grito da torcida quando a gente chegou no Pacaembu. Quando o ônibus estacionou no estádio. Quando fomos para o aquecimento. Quando o professor falou com o elenco. Quando nós subimos do vestiário para o campo.

Eu ouvi o seu grito quando meu telefone tocou, em 2007. Quando nós subimos juntos. Eu ouvi o berro corintiano esperando ser outra vez o que você sempre foi. Ser campeão. Ser o Corinthians de sempre.

Meu avô Messias subiu aquela escada comigo. Meu avô vestiu nosso uniforme. Ganhou com a gente.

Dividiu cada bola comigo. Instruiu cada companheiro comigo. Me defendeu enquanto eu defendia o Corinthians.

Era o mesmo grito. O mesmo hino. A mesma paixão.

O Corinthians não é medido pela situação. É medido pelo tamanho da história. Pela altura do berro. Pelo amor da Fiel torcida.

Eu sou o Chicão. O Chicão do Corinthians. O neto do Messias.

Minha prova de amor foi a concentração em campo. A seriedade não só na final, contra o Boca Júniors. Mas diante de todos os adversários. Do mais fraco ao mais forte. Do mais rico ao mais pobre.

Eu sou o Chicão. Eu quase fiz um gol de falta. Passou perto.

Eu vi o Alex cruzar. O Jorge Henrique desviar. O Danilo passar de calcanhar. Emerson chutar com o peito do pé. Eu não só ouvi, mas eu também berrei com a torcida.

Um grito de desabafo. De amor.

Eu vi o zagueiro deles errar o passe. Eu vi o Sheik arrancar e tocar no canto do goleiro. A bola entrar lentamente.

Eu sei que meu avô viu tudo que aconteceu naquela e em outras finais.

Eu arranquei com todos os companheiros desde que meu telefone tocou.

Eu disse sim. Era o Corinthians.

Me chamaram de louco quando eu entrei no bando. Eu acertei em cheio.

Eu sou o neto do Messias.

O Chicão.

Eu sou o Chicão do Corinthians.

Eu sou o xerife da Fiel.”

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