O tenente coronel da Polícia Militar Luiz Gonzaga de Oliveira Júnior, culpou a Gaviões da Fiel pelos últimos acontecimentos em jogos do Corinthians. Luiz ainda se reuniu com o presidente do clube, Roberto de Andrade, para tentar dar fim aos confrontos com a organizada.
– Tivemos uma conversa para ajustar os procedimentos, deixando claro que o problema é que a torcida não respeita o poder do Estado. Não tem nada a ver com faixas e protestos. A partir do momento que a faixa entra sem terem nos procurado, ela entra de maneira clandestina. A primeira vez foi contra o Capivariano, mas a Gaviões da Fiel está proibida de entrar com faixas e adereços desde a final da Copa São Paulo – afirmou ao Globo Esporte.
– Ao tentarmos esclarecer, fomos atacados. A partir desse momento, junto com a Federação Paulista de Futebol, não nos importamos com manifestações, elas estão liberadas. Só que a Gaviões está trazendo e ela está suspensa – disse.
O tenente ainda se disse surpreso com as supostas investidas da torcida organizada. Segundo Luiz Gonzaga, a torcida acha que é dona do estádio.
– O problema é que a torcida está nos confrontando e não sabemos o motivo. Fomos conversar sobre as faixas, como estavam entrando, mas a organizada investiu contra a gente. É um desrespeito ao poder público. A torcida acha que o estádio é dela. Isso só acontece com a Gaviões da Fiel.
CONFIRA A NOTA OFICIAL DA PM:
“Sobre os últimos acontecimentos na Arena Corinthians em que a Polícia Militar, por meio do 2º Batalhão de Polícia de Choque teve que atuar para restabelecer a ordem pública, passamos a esclarecer o seguinte:
1. A atividade de policiamento em eventos desenvolvida pela Polícia Militar do Estado de São Paulo segue protocolos voltados à prevenção de problemas, bem como para o contingenciamento de situações que venham a quebrar a ordem pública.
2. Tais protocolos estão alinhados aos dispositivos legais existentes, tendo por baliza principal a Constituição Federal e, no mesmo sentido, as normas infraconstitucionais, como a Lei Federal 10.671/03 (Estatuto de Defesa do Torcedor), Lei Estadual 5.145/86, Lei Estadual 9.470/96 e Resolução SSP/SP – 122/85.
3. Atendendo a doutrinas internacionais de segurança em locais de eventos, os dispositivos legais determinam a proibição de determinados materiais que podem servir à pratica de violência, instigar sua prática ou que demonstre comportamentos xenófobos ou racistas.
4. Depreende-se disso, a necessidade de esforço por parte da organização de um evento e da Polícia Militar para que haja adequado controle em relação a materiais que adentram aos locais de evento.
5. Nos estádios de futebol, dado o contexto de emoção, rivalidade e, em determinadas partidas, de hostilidade, esse controle recebe uma preocupação diferenciada.
6. Por diversas vezes ocorreram atitudes, principalmente das torcida organizadas (sem exceção) que burlaram o sistema de controle e em meio às arquibancadas foram identificados artefatos pirotécnicos (sinalizadores e fumaça), faixas, mastros, drogas etc..
7. Além dos materiais proibidos por lei, existem aqueles não autorizados pela organização a qual, exercendo pleno direito de regulamentação em sua esfera de atribuição como entidade responsável pelo evento e quem responderá junto à justiça por danos havidos aos participantes, pode limitar em tipo e quantidade os materiais utilizados pelos espectadores.
8. Nesse contexto estão as faixas. Toda e qualquer faixa deve passar pelo crivo da organização do evento. À Polícia Militar interessa a inspeção do material, pois a experiência e o histórico já comprovaram que, em não havendo vistoria, diversos materiais podem ser escondidos em meio ao pano das faixas e bandeiras. Verifica-se também o teor das escritas para atendimento ao disposto no artigo 13-A, do Estatuto de Defesa do Torcedor, o qual dispõe que:
“São condições de acesso e permanência do torcedor no recinto esportivo, sem prejuízo de outras condições previstas em lei: (…)
IV – não portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenófobo;”
9. Repise-se que a vistoria de faixas e bandeiras é imprescindível para a verificação do conteúdo, motivo pelo qual esses materiais devem ser apresentados ao policiamento para revista.
10. Sempre que uma faixa ou bandeira adentra clandestinamente ao estádio, gera a preocupação de como o material adentrou ao local, pois por onde se insere uma bandeira ou uma faixa, muito perfeitamente se insere um artefato explosivo, uma arma de fogo ou um rojão (cujas consequências foram vistas pelo mundo inteiro no episódio de Oruro/Bolívia, no dia 19 de fevereiro de 2013).
11. Portanto, quando a Polícia Militar aborda torcedores portando faixas ou bandeira clandestinas, o objetivo é verificar por que e como adentrou. Excetuando-se os motivos elencados no artigo 13-A, do Estatuto de Defesa do Torcedor (acima descrito), pouco importa se se trata de uma manifestação de cunho político, social, cultural ou outro qualquer. A preocupação não está no conteúdo, mas sim na clandestinidade da entrada do material.
12. No dia 16 de março último, havia uma faixa, cujo acesso era desconhecido pelo policiamento e pela organização, com medidas em torno de 10m X 1,5m, em um setor diferente ao das torcidas organizadas, gerando estranheza ao policiamento e à organização. Frise-se que aquela faixa não estava autorizada.
Cautelosamente, foi determinado para que não houvesse nenhuma intervenção durante a partida para evitar problemas de comportamento por parte da torcida que em outras oportunidades adotou condutas que iniciaram a quebra da ordem, sendo rapidamente restabelecida pela Polícia Militar.
13. Ao término da partida, quando a grande maioria dos torcedores já se encontrava fora do estádio, foi determinado para que uma patrulha abordasse o indivíduo que retirava, tranquilamente, a faixa (como se aquilo estivesse autorizado), tendo em vista se tratar de um material clandestino ao evento e para, simplesmente, qualificação e verificação de como aquela faixa adentrou ao estádio. A decisão de abordagem e condução para o posto de comando do
policiamento, localizado naquele estádio, não ocorreu em razão do conteúdo, das escritas, mas sim pelo fato de aquela faixa não estar autorizada.
14. No deslocamento para o posto de comando, torcedores da torcida organizada Gaviões da Fiel desceram a arquibancada para hostilizar os policiais (que passavam pelo gramado com o indivíduo responsável pela faixa) e em dado momento retiraram a grade colocada para evitar a entrada de pessoas no gramado (fato esse que não foi divulgado pela imprensa e que há imagens), levantando-a e deixando o caminho livre para que os torcedores adentrassem ao gramado e investissem contra os policiais militares para “resgatar” o torcedor que, diga-se de passagem, é integrante da torcida organizada Gaviões da Fiel.
15. Nesse momento, houve atuação por parte dos policiais militares que ali se encontravam para, inicialmente, evitar a invasão e, em seguida, reagir à injusta agressão promovida pelos torcedores.
16. Após essa primeira intervenção, houve hostilizações e mais agressões por parte de integrantes da torcida organizada Gaviões da Fiel, inclusive com a participação de pessoas que já se encontravam na parte externa do estádio, e que voltaram com objetos, como pedras e ferros e passaram a agredir os policiais que se encontravam na arquibancada, portanto, condição inferior relativamente ao terreno.
17. Quando do avanço ao patamar superior da arquibancada, houve nova investida contra os Policiais Militares exigindo ações do policiamento para dispersão dos torcedores. Reestabelecida a ordem, os policiais permaneceram parados próximo aos portões, orientando a saída do público.
18. De forma violenta e covarde, integrantes da torcida Gaviões da Fiel retornaram para o interior do Estádio portando pedras, garrafas, cones, ferros e até grades e passaram a arremessar contra os policiais militares, os quais, novamente, utilizaram da força necessária para repelir as agressões.
19. Controlada a situação, os policiais militares acompanharam a saída dos torcedores.
20. Nessa ocorrência houve duas detenções.
21. No último dia 19, houve novo confronto e, mais uma vez, não se deu em razão de faixas, mas sim do comportamento violento de integrantes da Torcida Organizada Gaviões da Fiel que investiram contra uma Patrulha de Policiais Militares, exigindo ações do policiamento para coibir a violência e dispersar torcedores. As ações violentas dos integrantes da Torcida Organizada Gaviões da Fiel resultou em dano de viatura e ferimentos de diversos policiais militares, sendo um deles uma policial militar do Regimento de Polícia Montada/Cavalaria, a qual foi agredida com pedradas, vindo a sofrer fraturas em um dos braços.
22. Quando do uso clandestino de faixas e bandeiras por parte das torcidas, a Polícia Militar analisa os riscos afetos às ações, justamente para evitar mal maior, em virtude de possíveis confrontos quando da intervenção policial.
Nunca as intervenções ocorreram fundadas no conteúdo das faixas ou bandeiras, mas pelo fato de serem clandestinas e por não terem passado por revista visando a segurança das pessoas participantes dos espetáculos.
23. Dessa forma, a Polícia Militar rechaça qualquer afirmação que impute como justificativa à retirada de faixas e bandeiras, o intuito de impedir manifestações das torcidas. A Polícia Militar é um órgão público isento, cujas ações estão pautadas no princípio da legalidade e que busca em todos os eventos preservar a ordem pública”.