Com desfalques, Tite apela para ex-office-boy e Severino ‘quebra-galho’

Danilo Vieira Andrade

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Edenilson posa com envelope para lembrar os velhos tempos antes de Corinthians (Foto: Alan Morici/ LANCE!Press)
Faz tudo, pau pra toda obra, quebra-galho… Severino! Ex-office-boy e acostumado a várias funções, Edenilson, mais uma vez, salvará a pele de Tite no Timão. Com oito desfalques contra o Náutico, neste domingo, às 16h, pelo Campeonato Brasileiro, no Pacaembu, em transmissão em tempo real no LANCE!Net, ele voltará a ser segundo volante, sua posição de origem.

Antes disso, já foi lateral e meia no Corinthians. Para se ter uma ideia, quando a reportagem lhe deu um envelope para lembrar dos tempos de office-boy, logo brincou:

– Coloca “Severino” rumo ao G4 no título! – brincou, se referindo ao personagem humorístico do programa ‘Zorra Total’, da TV Globo, e à colocação da equipe alvinegra que, com uma vitória, pode voltar aos quatro primeiros na tabela.

A fama de faz-tudo vem de antes de virar jogador profissional. Ainda em Porto Alegre (RS), sua cidade natal, o corintiano foi trabalhar aos 16 anos. A profissão? Office-boy em uma clínica de oftalmologia.
– Fazia tudo o que pediam. Entregava colírio nas casas, pagava as contas da clínica no banco… Quando não tinha serviço para fora, tinha de arrumar alguma coisa lá dentro para não ficar à toa. Arrumava as fichas, ajudava na recepção… Não tinha jeito, viu! – contou.

Edenilson intitula a rotina antiga como “corrida e chata”. Depois de um ano de trabalho rodando a cidade, pediu para sair. A sorte foi que seu irmão, que atuava na Segunda Divisão Gaúcha, lhe arrumou um teste no Guarani de Venâncio Aires (RS). Logo depois veio o interesse do Caxias, clube que o revelou e pelo qual jogou antes do Corinthians.

Mas se engana quem pensa que ele se incomoda com o fato de trocar de posição no Corinthians.
– Estou aí para ajudar! – diz.

Ao lado de Ralf, Edenilson terá certa liberdade para também chegar ao ataque. Recompensa para um trabalhador proativo. E pau pra toda obra!

Bate-Bola

Edenilson

Lateral-direito, volante e meia do Corinthians, ao LANCE!Net

Já era faz-tudo desde os 16 anos no trabalho em Porto Alegre?

Trabalhei um ano como office-boy. Estudava a noite e trabalhava de dia. Tinha uns 16 anos. Entregava tudo lá, fazia o serviço externo. Levava colírio, pagava contas no banco… Rodava Porto Alegre inteira de ônibus, tinha que me virar. Era uma rotina corrida e chata.

Mas lá não precisava ser lateral, meia e volante, não é?

Não, lá não. No time que a gente montou na empresa era eu quem mandava. Eu que escolhia e escalava os jogadores do time (risos).

Aqui não saiu a fama de faz tudo? Mudou de posição de novo…

Fazia um tempinho que não mudava, que eu não ia de volante. Estava mais fixo na lateral mesmo. Mas foi por necessidade. Tite explicou para nós todos os motivos.

Quando se convenceu de que podia fazer bem várias posições?

Nos treinamentos e jogos. Eu fazia todas durante os treinos do Caxias e demorou um tempo para eu virar titular. Os treinadores foram vendo que eu tinha capacidade para fazer várias e foram me usando.

Você tem dado arrancadas fulminantes. Sempre foi assim?

Sempre foi minha característica. Antes faltava mais confiança, liberdade para fazer isso aqui no Corinthians. Hoje estou adaptado ao clube, ao esquema. Isso ajuda.

Como office-boy precisava correr deste jeito também?

Precisava ser bem rápido lá também, viu!? Se acabava o tempo do dia, fechava todos os bancos e aí ferrava tudo. Tinha que ser veloz.

Sobe e desce

Sobe: Ataque

Edenilson tem grandes qualidades ofensivas que o fazem ser um elemento surpresa. Com velocidade e dribles curtos, Tite conta com seu grande poder de infiltração nas defesas adversárias. Como lateral-direito, por exemplo, o técnico costuma segurar Fábio Santos na esquerda para dar mais liberdade ao camisa 21, que, quando arranca com a bola, é difícil de parar.

Desce: Defesa

Nem mesmo Edenilson esconde que, defensivamente, ainda tem um pouco a evoluir. Na função de lateral costuma marcar forte, mas dá alguns vacilos quando sobe ao ataque. Treinadores rivais costumam abrir atacantes em suas costas e por ali se criam as melhores chances. A pouca força física na hora das trombadas também atrapalha.

Fonte: Lancenet