por Guilherme Costa e Vanderlei Lima
Do UOL, em São Paulo
Publicamente, a intenção do evento era organizar um protesto de clubes e atletas contra a Conmebol, entidade que comanda o futebol sul-americano. No entanto, ausências transformaram uma reunião realizada nesta quarta-feira, em São Paulo, em uma campanha de adulação a Andrés Sanchez.
Presidente do Corinthians entre 2007 e 2011, Sanchez é atualmente um dos principais articuladores da oposição na CBF. Ele foi diretor de seleções da entidade nacional, mas deixou o cargo em novembro do ano passado e depois se consolidou como grande alternativa ao atual comando da instituição.
O mandato de José Maria Marin, atual presidente da CBF, termina em abril de 2014. Ele deve indicar como sucessor Marco Polo del Nero, que é vice-presidente da entidade e comanda a FPF (Federação Paulista de Futebol). Andrés Sanchez, apesar de se opor ao conjunto, sempre negou ser candidato.
Na última terça-feira, questionado pelo Blog do Quesada sobre o processo de sucessão de Marin, Andrés repetiu que não será candidato. Contudo, afirmou que o grupo dele já tem apoio suficiente para lançar uma chapa de oposição.
Por tudo isso, o evento realizado nesta quarta-feira teve forte tom político. A começar pelo local escolhido – a reunião foi feita no teatro do Parque São Jorge, sede do Corinthians.
Outro aspecto que reforçou o tom de campanha de Andrés foi a abstenção de clubes. Havia 20 representantes de equipes sul-americanas, mas o Corinthians foi o único brasileiro que mandou integrantes da diretoria. Nenhum argentino esteve no evento.
“A ausência dos clubes argentinos me dá muita vergonha. Vivemos no meu país uma ditadura que se faz pela questão financeira. Os dirigentes argentinos se cagaram”, atacou o ex-jogador argentino Diego Maradona.
Quanto aos brasileiros, o Botafogo foi representado por carta. José Carlos Peres, diretor-geral do G4, que reúne os quatro grandes clubes de São Paulo, também esteve no evento.
Em conversa com o UOL Esporte, um dirigente disse que a ausência dos clubes brasileiros reflete um temor de retaliações. Segundo ele, as grandes equipes do país manifestaram apoio, mas não darão as caras em reuniões em um primeiro momento.
A mesma tese vale para os argentinos. O grupo de protesto contra a Conmebol diz que já tem conversas adiantadas com Boca Juniors, Racing, River Plate e San Lorenzo, mas as equipes não apareceram por medo.
“Dirigentes e jogadores que não vieram aqui são cúmplices de tudo que acontece de errado. Eu espero que na próxima reunião venham dirigentes e exponham tudo o que pensam. Que venham jogadores e falem o que pensam das carreiras”, cobrou Maradona.
Logo no início do evento, Maradona foi questionado sobre o apoio ao ex-presidente do Corinthians: “Apoiamos totalmente o Andrés. Se não, não estaríamos aqui”.
A questão é qual campanha Andrés Sanchez iniciou nesta quarta-feira. Depois de deixar a direção de seleções da CBF, o ex-presidente do Corinthians vinha se concentrando nas obras do novo estádio da equipe alvinegra, em Itaquera, que sediará a partida de abertura da Copa do Mundo de 2014.
“No futuro nós vamos ver o que vai acontecer, mas ninguém aqui quer disputar nada. Não estamos fazendo um movimento político, mas as coisas não podem continuara como estão”, atacou Sanchez.
Foto: UOL
Fonte: Terceiro Tempo