João Roberto Basílio, ou simplesmente Basílio (São Paulo, 4 de fevereiro de 1949), é um ex-futebolista brasileiro, também apelidado de “Pé-de-Anjo”. Seu feito mais conhecido foi o gol, em 13 de outubro de 1977, que deu o título do Campeonato Paulista de 1977 ao Corinthians, acabando com um jejum de quase 23 anos sem títulos importantes.
Tido como um jogador que praticamente não errava passes curtos, mas não tinha grandes momentos de brilhantismo, Basílio foi aprovado (mas eventualmente desistiu) nas categorias de base do São Paulo e Nacional, começando efetivamente em 1965, na Portuguesa,depois de passar cinco anos jogando no Cruz da Esperança, de Santana, e no Guarani, da Casa Verde, times de várzea da zona norte de São Paulo. A Lusa era o time mais próximo de sua casa, no bairro da Casa Verde:”Nasci como jogador na Portuguesa, cresci e fui educado pelos diretores do clube”, contou o ex-jogador à revista Invicto em 2008. “Eles me ensinaram a ser profissional, a respeitar o clube. Isso não existe mais em nenhuma agremiação.”
Subiu para os profissionais no fim da década de 1960 e lá ficou até 1975. O único título que conquistou no Canindé foi o Campeonato Paulista de 1973, que acabou dividido com o Santos. Pouco antes dessa campanha, brigou com o então técnico Cilinho e pediu para ser negociado, mas a saída do técnico e a posterior chegada de Oto Glória ajudaram-no a reencontrar seu futebol. Glória deslocou-o para o meio-campo com o surgimento de Enéas, que assumiu sua posição, e ambos se deram bem em suas novas funções, tanto é que o meio-campo formado por Basílio e Badeco foi considerado o melhor do campeonato.
Liberado pela diretoria da Portuguesa para oferecer seu passe a outros clubes, procurou o Santos, com quem chegou a entrar em acordo, enquanto Lusa e Corinthians também negociavam. Seu pai, que também era seu empresário, deu-lhe duas opções: ir para o Corinthians ou renovar com a Lusa; Basílio foi para o Corinthians. Chegou ao Parque São Jorge com a missão de substituir Rivelino, vendido para o Fluminense. Curiosamente, o próprio Rivelino tinha indicado o jogador para ser seu parceiro no meio-campo algum tempo antes. A estreia foi justamente contra o Fluminense de Rivelino, e Basílio participou, embora tenha dito não ter, à época, condições de jogo. No primeiro ano levou um susto ao sofrer uma parada respiratória, depois de se chocar com o goleiro Luís Antônio, do América de São José do Rio Preto, em 26 de julho de 1975. Basílio demorou quatro jogos até marcar seu primeiro gol com a camisa do Corinthians. O tento foi anotado diante do Comercial de Ribeirão Preto, na vitória, por 2 a 1, pelo Campeonato Paulista de 1975.
Nos dois primeiros jogos das finais do Paulistão de 1977, jogou como lateral direito a pedido do técnico Osvaldo Brandão. No terceiro, voltou à sua posição e marcou o que alguns autores consideram o gol mais famoso da história do Campeonato Paulista. Inicialmente, ele achou que a bola já tinha entrado no chute inicial de Vaguinho e já ia reclamar com o juiz. “Não deu tempo”, contaria, em 2007, à revista Placar. “Ela acabou voltando para mim. Bati com convicção.” O gol tornou-o herói instantâneo da torcida, mas era lembrado também por torcedores adversários, que lhe perguntavam: “Puxa, você não podia ter chutado aquela bola para fora?”
“Naquele momento era a alegria pelo gol que nos dava a vantagem no jogo. Hoje, não. A emoção é muito maior. Fui o escolhido para fazer o gol. Joguei de lateral, volante, meia, atacante, ponta… Sem falar que a bola sobrou para o Vaguinho e o Wladimir antes de mim. Mas uma força maior, de Deus, quis que fosse eu”, disse o ex-jogador no livro ‘Basílio: o anjo sob a sombra Do Gol e reproduzida no livro oficial do centenário do clube Corinthians – 100 Anos de Paixão.
Basílio realizou sua última partida pelo Corinthians na derrota, por 2 a 0, para o Santa Cruz no dia 28 de março, pelo Campeonato Brasileiro. No Corinthians, ele disputou 253 jogos e obteve 128 vitórias, 67 empates e 58 derrotas. Basílio ainda balançou as redes 29 vezes. Deixou o Corinthians em 1981, embora no início de 1980 o time tenha recebido uma proposta do Fort Lauderdale, time dos Estados Unidos, que inicialmente fora aceita pelo presidente Vicente Matheus, mas depois acabou rejeitada.
No final da carreira, foi utilizado ainda como volante. Passou pelo Juventus e Nacional, em 1981 e 1982, respectivamente. Depois de pendurar as chuteiras jogando no Taubaté, em 1983, aventurou-se como treinador. Foi inclusive técnico do Corinthians por seis vezes, entre 1985 e 1992. Também treinou Botafogo-SP, Portuguesa Santista e Juventus. Como técnico, conquistou a Taça dos Invictos pelo Corinthians, em 1990. Hoje aposentado, Basílio ainda costuma frequentar o Canindé em jogos da Portuguesa. “Gosto muito de acompanhar os jogos no meio da torcida”, contou em 2008. “O clima é especial, a torcida é fanática.” Trabalha ainda com escolinhas de esportes para a prefeitura de São Paulo, e participa de programas de rádio e televisão.