Elber foi ídolo no Bayern de Munique e campeão europeu pelo clube em 2001 | AFP PHOTO BONGARTS/SANDRA BEHNE |
O brasileiro Giovane Élber vestiu por sete temporadas a camisa do Bayern de Munique e hoje, já afastado do futebol, testemunha o momento de excelência do clube, campeão nacional com sobras, perto de mais uma final de Liga dos Campeões e à espera de Guardiola, técnico tido como o melhor de sua geração. Os alemães ensaiam substituir o Barcelona como modelo vencedor a ser copiado e, na avaliação do ex-atacante, têm o Corinthians como um paralelo atual no Brasil.
‘Vejo o Corinthians neste caminho aqui, pelo profissionalismo dentro do clube, por terem profissionais específicos da área gestora. Não é com um ou dois anos que se consegue uma projeção dessas. E, dentro de campo, pelo trabalho focado no coletivo. Individualmente você pode até conseguir alguma coisa em um ou outro jogo, com um Robben ou um Ribery, mas é o coletivo que no fim ganha’, opina Élber, atualmente presidente da Fundação de Esportes de Londrina, em cargo equivalente ao de um secretário municipal.
‘Sem dúvida’, responde, perguntado se é possível comparar a gestão de Corinthians ao Bayern. ‘Tem muito a ver com a vinda do Ronaldo para o Corinthians. Eles conseguiram um projeto de marketing muito interessante, acabaram conquistando a Libertadores e o Mundial. Não é um trabalho de um ano, e sim de algo planejado nos anos anteriores. O exemplo foi a eliminação para o Tolima [Libertadores de 2011], quando eles decidiram segurar o treinador. Isso [demissão contínua de técnicos] tem que acabar no futebol brasileiro’, acrescenta o ex-jogador da seleção brasileira.
Sobre o modelo de gestão do Bayern, Élber destaca o incentivo à formação de administradores da casa, com alguma ligação prévia com o clube, preferencialmente. Tem sido assim em apostas com alguns ex-jogadores, como Rummenigge e Breitner. Já o atual diretor esportivo, Matthias Sammer, curiosamente foi ídolo do Dortmund. O Corinthians, por sua vez, hoje conta com o ex-volante Edu e Duílio Monteiro Alves, filho de um dirigente alvinegro histórico.
A vida do jogador no clube, segundo Élber, é das mais tranquilas. No entanto, exige-se que o atleta siga a cartilha de comportamento profissional interna.
‘Existe um profissionalismo até exagerado. Eles fazem os jogadores pensar só nas quatro linhas, no jogo. O clube faz tudo para facilitar a sua vida. E você tem que entrar no esquema deles, não é o clube que entra no seu esquema. Eles são muito rigorosos. Não têm medo de comprar um jogador caro, que, se não entra no esquema, vai para a tribuna. O clube paga o salário mesmo sem ele jogar’, relata.
De 1997 a 2003 no Bayern, Élber ajudou o time a ganhar a Bundesliga (campeonato nacional) em quatro oportunidades. O brasileiro ainda disputou duas finais de Liga dos Campeões, com um título. Por isso, segue atrelado afetivamente até hoje ao clube.
Tanto que, no começo de maio, Élber vai a Munique participar de uma grande celebração pelo título alemão da temporada, que contará com ídolos do clube de várias gerações. ‘Que clube faz isso? O Raí jogou tanto tempo no São Paulo e ficou sem despedida. Acabou tendo uma, anos depois, no Paris Saint-Germain. O Bayern é um exemplo a ser seguido’, diz.