Mario Gobbi abraça réplica da taça do títulomundial. ‘É o meu xodó’, derrete-se | Marcello Palhais/Diário SP |
O primeiro compromisso de Mario Gobbi no dia seguinte à conquista da Recopa Sul-Americana, nesta quinta-feira, não foi no Parque São Jorge, muito menos no CT do Parque Ecológico.
Assim que acordou, por volta das 8h15, o presidente alvinegro correu para a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, no Sumaré. ‘Eu precisava muito agradecer por mais esse título’, conta Gobbi, com a fisionomia cansada, devido às poucas horas de sono da noite anterior.
‘Eu só fui sair do estádio à 1h15 da manhã. Cheguei em casa e ainda decidi responder a quase 50 mensagens de texto no celular antes de me deitar. Até baixar a adrenalina, consegui dormir às 3h30’, revelou o presidente, que recebeu o DIÁRIO em sua sala no Parque São Jorge, no meio da tarde.
Católico fervoroso, Gobbi costuma ter um companheiro conhecido em suas peregrinações pelas igrejas das cidades por onde o Corinthians joga: Tite. Foi assim em Santos, em Buenos Aires, em Tóquio…
Gobbi tem convicção de que só o trabalho à frente do Corinthians não teria sido suficiente para ganhar, na quarta-feira, seu sétimo título desde 2007 -; ele só não esteve na campanha do Brasileiro de 2011, quando havia se licenciado do cargo de diretor de futebol.
Em sua mesa, há espaço para duas imagens de São Jorge, uma de Nossa Senhora Aparecida, outra de Nossa Senhora de Fátima. E foi entre elas que o presidente concedeu essa entrevista exclusiva.
DIÁRIO_ Como está se sentindo depois do sétimo título em cinco anos e meio?
MARIO GOBBI_ Um pouco cansado, por causa das poucas horas de sono. Porém, muito mais leve e aliviado com outro título, que faz bem demais.
MARIO GOBBI_ Um pouco cansado, por causa das poucas horas de sono. Porém, muito mais leve e aliviado com outro título, que faz bem demais.
O Corinthians tem hoje o melhor elenco de sua história?Difícil responder a uma pergunta assim, mas o time é, de fato, muito bom. Essa pergunta me remete a 2009, quando perdemos do São Paulo. Ao final do jogo, procurei o Mano Menezes e falei: ‘que time o São Paulo tem’. O Mano foi profético: ‘Eles estão montando esse grupo há anos. Mas a gente também vai ter um timaço no futuro’. E está tendo.
O que o senhor falou aos jogadores naquela roda do vestiário depois do título?Eu saudei o Júlio César, o Alessandro e o Chicão, que estiveram comigo desde o começo. Eles são os únicos remanescentes e ganharam os oito títulos desde 2007.
O Alessandro pretende se aposentar em dezembro. Vai utilizá-lo em algum outro cargo no Corinthians?O Alessandro vai continuar conosco. Estamos falando de uma pérola, porque ele é íntegro, leal, educado, experiente… Tenho certeza de que ele será um excelente gerente, assim como o Edu Gaspar.
E o Chicão?No mesmo dia em que fizemos a proposta de renovação para o Sheik, a fizemos para o Chicão. Ele deve estar pensando, analisando… e ainda faltam cinco meses para o fim do contrato. Há bastante tempo.
A pressão sobre o presidente do Corinthians é maior ou menor do que imaginava?Eu diria que é como eu imaginava. Trata-se de uma grande dicotomia, afinal, estou diante de uma honra incomparável e de uma responsabilidade tão grande ou maior.
Seu antecessor, Andrés Sanchez, vive dizendo que perdeu muitos amigos enquanto foi presidente alvinegro. Aconteceu o mesmo com o senhor?
Somos muito diferentes, né? Sou mais reservado. Posso dizer que não perdi qualquer amigo. E mais: minha agenda de celular não acrescentou qualquer contato desde que me tornei presidente.
Somos muito diferentes, né? Sou mais reservado. Posso dizer que não perdi qualquer amigo. E mais: minha agenda de celular não acrescentou qualquer contato desde que me tornei presidente.
É verdade que o senhor e o Andrés estão rompidos?É mentira. Você acha que, se estivéssemos brigados, eu teria dado ao Andrés a administração do nosso estádio, que é o maior patrimônio do clube? A gente se fala quase diariamente. E eu, inclusive, dediquei o título da Recopa a ele.
Qual foi seu grande acerto após um ano e meio como presidente do Corinthians?Ter descentralizado totalmente o poder no clube. Cada um dos 17 diretores é o presidente em sua área. Eu tenho o controle do clube e o comando é meu, mas não gosto de decisões tomadas por uma só pessoa.
Foi o senhor quem decidiu descartar a ideia de o time sair da Libertadores após a punição da Conmebol, correto?Foi mesmo, mas eu já tinha até marcado uma reunião de diretoria para tratar do tema. Antes, porém, fui com o Ronaldo Ximenes (seu braço direito no Timão) para as ruas ouvir a torcida. E todos deixaram claro que queriam a continuidade do Corinthians na Libertadores. Cancelei a reunião e decidi com total convicção.
Quem é melhor: Mano Menezes ou Tite?Não dá para dizer, porque eles têm estilos muito parecidos e se completam. Ambos me impressionaram muito.
O ciclo do Tite no Timão se encerra no final do ano?Pode escrever uma coisa: o Tite vai ficar comigo aqui até o fim do meu mandato, em dezembro do ano que vem. Eu não abro mão dele. O Tite só sai sobre o meu cadáver.
Você se incomoda com o pouco aproveitamento dos jogadores da base na equipe principal do Corinthians?Não. Está bem claro para mim que, durante esse um ano e meio de gestão, ainda não colhemos os frutos. Mas é preciso lembrar que nossa base está fragmentada: metade em Guarulhos, metade na Fazendinha.
O time campeão da Copa São Paulo de juniores em 2012 não é usado no profissional.O que eu posso dizer é que estamos em meio a uma reformulação completa na base. Tiramos mais de 80 jogadores, trocamos treinadores, alteramos equipes técnicas. E esse processo leva algum tempo. Estamos no caminho certo e, em dois anos, os resultados vão começar a aparecer.
O Roberto de Andrade, seu diretor de futebol, será o candidato da situação à presidência na próxima eleição?Ainda é muito cedo para falar em processo eleitoral. Não vejo vantagem em antecipar tanto esse assunto. A minha candidatura só foi anunciada a três meses da eleição.
Fonte: Diário de São Paulo