A data era 30 de junho de 2007, em uma tarde ensolarada de domingo, o clássico que estava por vir: Corinthians x Palmeiras, válido pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro, no estádio do Morumbi. Horário agendado para o espetáculo: 16h. Do lado alvinegro estava importantes atletas do cenário nacional; casos de Vampeta, Carlos Alberto e Finazzi, comandados por Zé Augusto. Enquanto que a equipe palestrina, contava com Diego Cavalieri, Pierre, Valdívia, e no comando de Caio Júnior.
Em campo, o oponente vencia por 1 a 0 (Nen aos 14 min do 2° tempo), quando aos 39min do 2° tempo, o meio-campista corinthiano Bruno Octávio, dominou no peito e quase da intermediária bateu para o gol; o chute saiu torto e muito distante da meta alviverde. O que parecia despretensioso acabou se tornando um prato cheio para um importante narrador.
Milton Leite destacou na transmissão: “Ô Bruno Octávio! Que beleza o Bruno Octávio, hein? Ele nunca fez um gol, na vida, de fora da área. Aí num Palmeiras e Corinthians, aos 39min do segundo tempo, ele pensou: “agora eu se consagro”, e pegou de tornozelo na bola e a bola saiu aqui perto da bandeirinha de escanteio em mais um momento patético do Bruno Octávio”.
A derrota acabou colocando o Timão na zona de descenso. Já o vídeo viralizou na web se tornando até meme para a diversão de internautas e torcedores. Bruno Octávio não gostou nada e acredita que Milton Leite ‘deixou escapar a emoção’ na hora da narração.
“Eu me lembro disso, são coisas que fazemos e acabam marcando, infelizmente. Mas simplesmente eu achei desnecessário, parece que ele levou para o lado de torcedor dele, não de profissional. Ele também depois deu declaração que de jeito nenhum quis criticar, mas eu achei um comentário desnecessário, ponto, nada mais, não. Você vê um Corinthians e Palmeiras, ele deixou escapar a emoção. É que é engraçado. Ninguém elogia, é mais fácil, na crítica, fazer uma polêmica toda do que um elogio. Eu estava ali, meti no peito e chutei, e infelizmente a bola saiu do Morumbi. Se vai no gol também tem outro fim, né?”, indaga Otávio.
Bruno Octávio foi revelado no Corinthians |
O atleta foi revelado no terrão corinthiano e teve um início promissor. Foi bicampeão da Copa São Paulo (2004 e 2005), Campeão Brasileiro (2005 e depois em 2011), Campeão Paulista (2009) e chegou a emplacar uma sequência como titular da equipe alvinegra. O bom desempenho caiu e o atleta foi emprestado para Figueirense e Bahia. Com o término do empréstimo retornou e foi aproveitado em pouquíssimas oportunidades pelo Timão. Optou por desligar-se do clube em 2012.
“Eu vivi tudo lá dentro do Corinthians. Eu peguei a época do Marcelinho Carioca e Vampeta a Ronaldo Fenômeno. Eu brinco com os meninos de Jundiaí que a história de vida que eu passei no Corinthians poderia ter sido melhor, eu acho que você tem que ir lá embaixo, no fundo do poço, e ir no céu para ter histórias para contar, e nisso acho que fui bem sucedido. Em 2009 fui emprestado ao Figueirense, aí me machuquei e voltei em 2010. Fui para o Bahia e subimos após 10 anos para a Série A. Aí me machuquei novamente e retornei ao Corinthians. Em 2011 fui campeão brasileiro no Corinthians do Tite e em 2012 eu saí, acabou o meu contrato em definitivo”, recorda o ex-volante.
Bruno Octávio também passou por Paulista, Araxá e Grêmio Barueri. Em 2014, aos 29 anos, atuou pela última equipe de sua carreira, o Marcílio Dias, de Santa Catarina. Uma série de lesões e o baixo retorno financeiro fizeram o ex-volante encerrar a carreira de forma prematura.
“O meu caso foi uma combinação de fatores. Tive quatro lesões, duas em cada joelho, o púbis… Aí você sai de um clube grande e começar a ir para os pequenos e não tem mais salários. Eu fiquei dois anos jogando com três salários, e você começa a ter dor de cabeça que acaba não compensando, um baita de um trabalho de treinar o joelho, e o corpo já não é mais o mesmo. E aí a gente não tinha nenhum retorno de objetivo, e nem financeiro, e ai já não valia mais a pena para mim. Então eu parei em 2014, no Marcílio Dias. Não tenho mais o que receber de clubes: o que ficou, ficou, pagou, pagou, não fui atrás. Eu parei realmente porque, para você fica treinando em alto nível em time pequeno ou médio, é muito mais complicado. Precisaria estar intensamente ali vivendo no clube, e realmente já não estava valendo mais pra mim”, afirma.
Se o reconhecimento não veio dentro das quatro linhas enquanto atleta, não se pode dizer que Bruno Octávio não seja um amante da vida esportiva. Atualmente ele reside em Jundiaí, onde trabalha em uma empresa de intercâmbio esportivo, voltado para a área educacional para os Estados Unidos.