Apresentado, Sheik se irrita com pergunta e descarta aposentadoria pós-Corinthians

Danilo Vieira Andrade

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Reprodução: Corinthians

O atacante Emerson Sheik está oficialmente de volta ao Corinthians. Nesta sexta-feira, no CT Joaquim Grava, o jogador assinou contrato, posou com a camisa alvinegra e concedeu entrevista coletiva. É a terceira passagem do atleta no clube de Parque São Jorge.

Logo na primeira resposta aos jornalistas presentes na sala de imprensa do centro de treinamento, Sheik se irritou com a pergunta. Questionado se teria voltado ao clube por uma suposto gratidão pela conquista da Libertadores, o atacante foi enfático: “Eu que tenho gratidão pelo Corinthians”. O atacante ressaltou que a resposta será dada dentro de campo.

É engraçada essa pergunta, porque desde que foi anunciado, que saiu a primeira matéria, surgiram alguns comentários. Comentários estes que falavam de gratidão e… o Corinthians ter gratidão comigo é brincadeira. Eu que tenho gratidão pelo Corinthians e vou passar o resto da minha vida sem poder pagar. Voltando para a pergunta, espero que essa resposta sirva para todo mundo, para eu não ter que ser repetitivo. Aprendi com um cara que se chama Adenor, que futebol é dentro do campo, a gente prova dentro do campo. Sei que houve muitas histórias, mas voltei a treinar e daqui a pouco estou jogando. Daí, cada um de vocês que queira essa resposta, vai poder ver eu atuando. Talvez a resposta não seja falando, mas jogando. Espero dar a resposta para todos vocês jogando”, disparou Sheik.

Logo depois, Sheik descartou a possibilidade de aposentadoria após os seis meses de contrato no Corinthians. “Venho para um contrato de seis meses, mas a ideia é não ter aposentadoria durante seis meses. Obviamente que em 180 dias muita coisa pode acontecer. Mas não tem nada a ver com aposentadoria. “O Emerson está indo para o Corinthians para se aposentar”. Isso é lenda. Depois vou ver o que fazer no futuro”, projetou.

VEJA ABAIXO AS PRINCIPAIS DECLARAÇÕES DE SHEIK

PODE SUBSTITUIR O JÔ?
“Substituir o Jô… eu ia falar um palavrão, mas não pode. Substituir o Jô é difícil, pois é um jogador com características totalmente diferente, de mim e de todo o elenco. Mas vou tentar entender as ideias do Fábio, que tem excelentes ideias, e me adaptar onde ele tentar me colocar. Como atleta e jogador, quero jogar. Respostinha padrão. Até de goleiro, mentira (risos). Quero jogar, mas preciso entender as ideias do Fábio, assimilar e desenvolver da melhor maneira”.

FÍSICO EM DIA AOS 39 ANOS?
“Me sinto um cara geneticamente privilegiado. Todo mundo sabe que tenho 39 anos. Papai do céu foi muito bom comigo. No início do ano eu estava com personal, o que é diferente de estar treinando com o time profissional. A exigência é outra. Sendo bem direto, quero jogar. Porque gosto de jogar. Sou peladeiro no bom sentido. Talvez em duas ou três semanas. Esse é um pensamento meu, mas sou atleta, não fisiologista ou preparador físico. São eles que vão decidir para não ter risco. Mas a minha ideia é jogar o quanto antes”.

ATRASOS IRÃO ACONTECER DE NOVO?
Aphaville tem boas histórias aquela casa. Era muito longe, então eu me atrasava um pouquinho. Agora estou morando mais perto, são 25 minutos até o CT, então não vai ter atraso. Porém, as brincadeiras vão continuar. Entendo que o futebol perdeu um pouco a magia. Vou continuar sendo esse cara alegre, costumo dizer pros meus amigos que sou o cara mais feliz do mundo. As brincadeiras vão continuar, mas a casa mudou, é em Perdizes (risos). Agora mudou, tenho mais idade, meus filhos cresceram, a responsabilidade muda, é um momento diferente, tenho que tomar todo cuidado do mundo com certas atitudes, até para falar com vocês. Tem bastante gente vendo, até meninos vendo. Ontem estava correndo com um menino de 19 anos, tenho o dobro da idade dele.

NEGOCIAÇÕES PARA O RETORNO
“O desejo de voltar para o Corinthians eu sempre deixei claro, sou apaixonado por esse lugar e pela torcida. Não escondo disso de ninguém, tampouco acho vergonhoso. Quando beijei a camisa… a gente vê alguns atletas, não tenho nada contra, mas quando eu beijei hoje o escudo do Corinthians eu beijei porque amo isso aqui, gosto mesmo. Não foi “vou beijar porque…”. Beijei porque gosto, senão não beijava p… nenhuma. Gosto muito, inclusive. Estava conversando com o Fábio em um evento no Rio, ele foi um dos convidados, junto com Tite, Zico e outros. Ali surgiu conversa do Corinthians, meu empresário tinha propostas do Rio e de fora do Brasil, já que, felizmente, minha carreira é vitoriosa. Tinha possibilidade de jogar o Brasileiro ou voltar para o mundo árabe. Foi quando começou o namoro”.

FÁBIO CARILLE
“O Fábio é um cara que eu conhecia do Corinthians. Ele me surpreendeu muito, em 20 minutos ele me mostrou porque é campeão paulista e brasileiro. Ele conseguiu, com grandeza, separar Corinthians, profissionalismo e a vida dele pessoal”.

JOGA ATÉ QUANDO, SHEIK?
“Não tenho dor. Voltei a treinar agora e é normal que dores apareçam. Jogar aos 43, só o Zé, que é um fenômeno. Estou feliz, gosto de estar feliz, sou feliz, estou feliz e quero estar mais. Para isso, preciso ir bem, jogar bem, e estou me preparando para isso. Abri mão de muitas coisas, inclusive os amores da minha vida, meus filhos. Quando coloquei na balança, entendi que valia a pena. Quero fazer valer estar longe dos meus filhos”.

CORINTHIANS TE DEVE?
“Eu jamais entraria na Justiça contra o Corinthians. E voltando à pergunta inicial, sobre gratidão, eu que tenho gratidão pelo Corinthians. Jamais entraria na Justiça. Esse valor que o Corinthians me devia está resolvido há muito tempo”.

MAIS SHEIK…
“É bom estar de volta, disputar uma competição, seja regional ou nacional, é desgastante. Principalmente o Brasileiro, que é muito competitivo. É bom dividir esses momentos de dificuldades e alegrias com os amigos. E por serem amigos, torna mais fácil. É um privilégio vestir essa camisa novamente e compartilhar a companhia de pessoas que gosto muito”.

JOGA ATÉ DEZEMBRO?
“Não pensei em até o final do ano no Corinthians, estou pensando em seis meses de contrato que é o que tenho. E nesse tempo vou fazer o meu melhor, o que eu puder para agradar. Se vou continuar, é outra história. Mas essa oportunidade que o Corinthians me deu tem um prazo, que é de seis meses. Nesses seis meses vou fazer tudo de melhor, no mínimo em forma de agradecimento. E com certeza não quero apagar em seis meses o que fiz em anos”.

LIBERTADORES
“Voltar a jogar uma Libertadores pelo Corinthians é uma situação mágica. A única Libertadores que o Corinthians tem eu participei. E disputar essa competição, que fez com que o torcedor gostasse mais de mim, é uma honra. Vou me sentir privilegiado”.

SEGUNDO MENOR SALÁRIO NA DÉCADA
“Eu já sai do Brasil para alguns clubes porque a proposta financeira foi muito boa. Eu já sai de clubes porque a proposta de outro era muito boa. Os atletas têm o hábito de dizer “a carreira do jogador de futebol é curta, blá-blá-blá”. Nessa volta ao Corinthians, eu tinha propostas financeiras até melhores. Estou aqui porque busco a felicidade o tempo inteiro. Nada do que me fosse oferecido… Estou falando de muita coisa, não chegou muita coisa, não, tá? Mas mesmo que chegasse, eu não iria. Aqui que eu sou feliz. Estou há quatro dias no clube. Quatro dias de caminhar pelo CT, lembrar das brincadeiras com Zizao, Danilão… Isso nenhum dinheiro paga. Esse aqui é o meu lugar”.