A Caixa Econômica Federal aceitou a proposta enviada pelo Corinthians de quitação total da dívida referente à Neo Química Arena. O processo ainda precisa passar pela TCU (Tribunal de Contas da União) e TGU (Controladoria-Geral da União) para a aprovação.
A confirmação, portanto, depende apenas de detalhes burocráticos. “Não dá para falar que está 100% certo porque precisa passar pelos órgãos fiscalizadores”, explica o jornalista Samir Carvalho.
O Corinthians enviou proposta à Caixa Econômica Federal utilizando valores do Naming Rights do estádio e da compra de precatórios com valores mantidos em sigilo. Caso se confirme, o Corinthians deu um passo importante para a construção de uma equipe com investimentos maiores nos próximos anos.
Um precatório é uma dívida que a União possui com pessoas físicas ou jurídicas que serão quitadas à longo prazo. O Corinthians vai adquirir junto à Caixa precatórios com dívidas de longo prazo, os comprando com grande desconto.
Em suma, o Timão assume débitos da Caixa que podem ser pagos à longo prazo, e em troca o banco estatal elimina dívidas e ainda recebe valores que oficialmente, mesmo com a renegociação da dívida do estádio em 2022, considerava perdidos vindos do Corinthians.
A Caixa também foi informada que vai receber a outra parte, os R$ 300 milhões do Naming Rights, diretamente da conta da Hypera Pharma, o que tranquilizou o banco estatal.
Errata: matéria corrigida para repararmos que na verdade o Corinthians adquiriu precatórios junto à Caixa, e não cedeu ao banco estatal precatórios que havia comprado anteriormente.
O QUE SÃO PRECATÓRIOS?
Um precatório é um documento expedido pelo Poder Judiciário para reconhecer e formalizar uma dívida do governo, geralmente decorrente de uma decisão judicial definitiva em um processo no qual o ente público foi condenado ao pagamento de uma quantia em dinheiro. Essa dívida pode surgir em casos nos quais o governo é parte e é condenado a indenizar particulares, como em ações de desapropriação, danos morais, entre outras.
Quando um ente público, como um município, estado ou a União, é condenado a pagar uma quantia em dinheiro, essa dívida é inscrita em uma lista de precatórios. Essa lista estabelece a ordem de pagamento, respeitando o princípio da ordem cronológica, ou seja, as dívidas mais antigas devem ser pagas antes das mais recentes.
Os precatórios são uma forma de garantir que as decisões judiciais sejam cumpridas pelos entes públicos, evitando o descumprimento das obrigações judiciais. O pagamento dos precatórios está sujeito ao orçamento público, e muitas vezes ocorre de forma parcelada ao longo do tempo, devido às limitações financeiras dos entes públicos.
NEO QUÍMICA ARENA NA BOLSA DE VALORES?
A diretoria do Corinthians negocia com a Caixa Econômica Federal a possibilidade de vender parte da Neo Química Arena para a bolsa de valores. A ideia do clube é manter 51% do estádio e distribuir os outros 49% para investidores.
O clube e o banco conversam há meses sobre a ideia. O objetivo é reduzir o juros do estádio e conseguir ter bons lucros para liquidar a dívida com a Caixa de maneira mais sólida.
Em entrevista ao GE, o diretor financeiro Wesley Melo explicou os planos do Corinthians. A ideia é vender as cotas para um grande investidor, mas também disponibilizar para investidores médios e pequenos, dando abertura para torcedores que investem na Bolsa de Valores de adquirirem cotas do estádio.
O Corinthians convida até mesmo a presidente rival Leila Pereira para o provável novo futuro da Neo Química Arena.
“A Leila (Pereira, presidente do Palmeiras) é mais do que bem-vinda. Adoraria que ela comprasse, adoraria, não iria me importar, não”, declarou Wesley.
VEJA OS TRECHOS PRINCIPAIS DA ENTREVISTA:
O QUE O CORINTHIANS PENSA?
“O Corinthians tem um fundo, que é dono de 100% da Arena, e esse fundo pode ser colocado no mercado. Alguém pode comprar 49% desse fundo se eu quiser vender, e eu gostaria de vender. Se alguém quiser comprar, por favor nos procure.”
“Não é a história da vaquinha. É como a gente transforma a Arena em um produto financeiro que o corintiano possa fazer um investimento e a gente juntar um dinheiro tal que consiga negociar com a Caixa e fazer esse pagamento do financiamento.”
A FIEL E ATÉ RIVAIS PODERÃO ADQUIRIR AS COTAS
“Eu acho que vai ter ali são-paulino, santista, palmeirense eu não sei… Aquele mais de finanças vai que ele entende que é um produto financeiro bom e faz um investimento.”
A IDEIA É PAGAR A DÍVIDA DO ESTÁDIO DE MANEIRA MAIS SÓLIDA
“Quem sabe a gente consegue mais dinheiro do que isso, dá pra pagar a Caixa e sobra dinheiro. Ou quem sabe a gente capta um valor menor, mas consegue negociar com a Caixa uma redução da dívida, já que vou pagar à vista. Depois de implementado, vou ver quanto a gente consegue captar e como a gente negocia com a Caixa. A ideia é, se não liquidar 100% da dívida, mitigá-la bem.”
SONHO DE TER O TORCEDOR CORINTHIANO COMO “SÓCIO”
“É dar oportunidade para o corintiano falar: sou dono de um pedacinho do estádio. Esse seria o meu desejo, lindo, romântico, e ele é possível. Mas talvez o que dê mais para emplacar seja um investidor mais pesado, com alguma centena de milhões de reais, e também ter o povão fazendo o varejo, fazendo o seu investimento. São dois cenários, um de desejo, um possível e outros que a gente está estudando.”
É DIFÍCIL DE ACONTECER DE FATO?
“É burocrático, depende de negociação, de regulamentação, mas é totalmente possível. Estamos conversando seriamente sobre isso há meses, não é de agora. E talvez leve mais alguns meses, mas é factível, é viável. Não é transformar o clube em SAF, não é transformar a Arena em SAF, mas buscar captação em um fundo de investimento, assim o Corinthians mantém controle sobre isso. É um dinheiro que pode vir, com retorno garantido, que é o fluxo da Arena. Quem vai estar mais interessado ali é o próprio corintiano.”
Declaração de Romário viralizou entre torcedores do Corinthians; assistahttps://t.co/oJa3Q1owQ6
— É o Time do Povo, é o Coringão (@eotimedopovo01) November 18, 2023