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Corinthians vai virar SAF? Conheça os modelos de Sociedades Anônimas no futebol brasileiro

Pedro Nogueira Heiderich

Corinthians vai virar SAF?
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O levantamento de hoje do É o Time do Povo traz os modelos de SAF no futebol brasileiro. O movimento cresce e é cogitado por parte de torcedores do Corinthians.

A Lei 14.193/21, conhecida como a Lei das Sociedades Anônimas do Futebol (SAF) entrou em vigor no fim de 2021 no Brasil permitiu a criação das SAF, também chamadas de clube-empresa.

A medida permite um modelo especial de constituição de empresas voltada para o futebol através de sociedades de diferentes modelos. Com isso, os times podem vender suas ações para empresas investirem nos clubes e, em alguns casos, ter controle total sobre as finanças.

O movimento começou na Europa e atraiu clubes brasileiros nos últimos anos, como uma possível solução para dívidas e problemas financeiros de diretorias de vários times do Brasil, de grande e médio porte.

A SAF separa a administração esportiva do patrimônio do clube visando uma gestão transparente e atraente para investidores virarem sócios da SAF, com direito a participação nas receitas do clube.

Em tese, uma SAF tem como premissa ajudar um time a sanar as dívidas, muitas vezes investindo em contratações para manter a equipe competitiva e lucrativa.

Por outro lado, muitos torcedores não querem “vender” seu time para uma SAF por medo da empresa interferir na história ou identidade do clube, além do risco de processo de falência.

No Brasil, são mais de 40 times que já aderiram à SAF. Na Série A, são seis clubes: o Atlético-MG, o Bahia, o Botafogo (a primeira SAF campeã do Brasileiro e da Libertadores), o Cruzeiro, o Fortaleza e o Vasco. Na Série B são nove, como Athletico-PR e Coritiba. Há mais oito times da Série C que viraram SAF, e outros 19 na Série D.

Torcida do Corinthians se divide quando o assunto é SAF. (Foto: Evander Portilho / Agência Corinthians)

 

Outros grandes clubes, como o Corinthians, vivem a expectativa de um dia se tornar SAF como única solução para reverter endividamentos, com divisão entre os torcedores a respeito: parte é a favor, parte é contra.

Nesta semana, surgiu uma possível proposta de SAF para o Timão, a Safiel, que se descreve como um grupo de corinthianos que figuraram entre os principais doadores da Arena e resolveram se conhecer. Ainda sem proposta oficial, a Safiel quer “profissionalizar em parceria com a Fiel, reforçando nossa identidade”.

Confira abaixo os principais modelos de SAF no futebol brasileiro:

Atlético-MG (SAF com venda parcial das ações)

O Atlético-MG é SAF desde 2023, quando a Galo Holding – dos irmãos Menin, da MRV, que construiu o estádio do clube – adquiriu 75% das ações dotime, que manteve 25% e certa influência nas decisões.

O Atlético-MG não aderiu nem ao Regime Centralizado de Execução (RCE) e nem à recuperação judicial após a aprovação da SAF, por conta da maioria da dívida onerasa do clube estar avalizada.

No início da parceria, o grupo fez aporte financeiro de R$ 915 milhões para a reestruturação das finanças e teve 75% da Arena MRV e 75% da Cidade do Galo transferidos para o patrimônio da SAF.

Bahia (SAF com venda quase total das ações)

Também em 2023, o Bahia tornou-se SAF ao vender 90% das ações para o Grupo City Football, que comanda, dentre outros times menores, o Manchester City.

Assim como o Atlético-MG, o Bahia também não optou nem pelo Regime Centralizado de Execução e nem pela recuperação judicial, ficando por conta do aporte do investidor o pagamento das dívidas.

Com só 10%, o clube é quase entregue ao investidor, mas o investimento é alto. O aporte mínimo prometido é de R$ 1 bilhão, metade para a compra de jogadores, e para pagar dívidas e melhorar a  infraestrutura.

Botafogo (SAF com venda quase total das ações)

O Botafogo é até agora a SAF mais bem sucedida. O time virou SAF em 2022, vendendo 90% das ações para a Eagle Holdings, de John Textor. No ano passado, foi campeão do Brasileiro e da Libertadores.

O time carioca optou pelo Regime Centralizado de Execução para arcar com as dívidas como SAF, além de realizar aportes anuais, com promessa de investimento de pelo menos R$ 400 milhões em três anos.

Entretanto, assim como o Grupo City no caso do Bahia, a Eagle Holdings também é dona de outros clubes, como o Lyon. Se o torcedor botafoguense viu o time subir de patamar, também vê jogadores no auge sendo vendidos para clubes do grupo, caso do atacante Luiz Henrique e do meia Almada, destaques de 2024.

Cruzeiro (SAF com venda quase total das ações)

O Cruzeiro foi o primeiro clube SAF do Brasil a ser revendido, no mesmo formato. Primeiro o time anunciou que viraria SAF em 2022, quando Ronaldo Fenômeno, dono da Tara Sports, comprou 90% das ações do clube.

O time mineiro optou pela recuperação judicial para abater as dívidas. Sem investimento fixo anual, o aporte inicial era de R$ 50 milhões. Na época na Série B, o Cruzeiro conseguiu voltar para a Série A no ano seguinte.

Entretanto, em 2024, Ronaldo vendeu suas ações do clube para o empresário Pedro Lourenço, dono da rede Supermercados BH. Em 2025, o time investiu pesado em reforços e briga pela liderança do Brasileiro, mas, apesar de aumentar a receita, o Cruzeiro também aumentou o valor da dívida de 2023 para 2024.

Fortaleza (SAF com venda minoritária das ações)

O Fortaleza é um dos casos mais diferentes. O clube cearense virou SAF desde 2023 e ainda não tem investidores externos. Além disso, a intenção é vender uma parte minoritária das ações, na casa dos 20%.

É o primeiro time que tornou-se SAF sem intenção de venda. Com saúde financeira e plano de investimentos feitos pela própria diretoria do clube antes de ser SAF, o Fortaleza se prepara para vender os 20% em 2025.

O Fortaleza virou SAF para ter acesso mais fácil e barato à crédito e para profissionalizar a gestão e optou pelo Regime Centralizado de Execuções.

Com um CEO, passou a ter maior protagonismo no futebol nacional. Mesmo com a venda dos 20%, o clube seguirá no controle, e se inspira no Bayern de Munique, que vendeu 25% das ações para patrocinadores.

Vasco (SAF com venda parcial das ações)

Em 2022, o Vasco acertou a venda de 70% das ações para a 777 Partners, optnado também pelo Regime Centralizado de Execuções para pagar as dívidas e promessa de aporte mínimo de R$ 700 milhões em 3 anos.

O acordo era para que a 777 Partners assumisse o controle do futebol. Entretanto, após desacordos e brigas judiciais, em 2024, o Vasco conseguiu liminar em 2024 para afastar a empresa do controle da SAF.

Com isso, o Vasco ficou com 69% das ações e a 777 Partnes com 31%, que foi o total do valor investido pela empresa até então. O time carioca tenta indenização na Justiça e ainda busca revender a SAF à outro grupo.