A Polícia Civil de São Paulo concluiu o inquérito que indicia o presidente afastado Augusto Melo, do Corinthians, por suspeitas no caso VaideBet.
A reportagem É o Time do Povo teve acesso ao documento da Polícia que traz, entre outras coisas, detalhes dos depósitos suspeitos na conta pessoal de Augusto Melo entre dezembro de 2023 e abril de 2024, curiosamente o mês anterior ao vazamento das suspeitas envolvendo a VaideBet.
“A mudança brusca de comportamento financeiro é gritante. Algo aconteceu. E os indícios sugerem que o fluxo de recursos em espécie não apenas se intensificou, mas passou a seguir uma lógica incompatível com a movimentação ordinária de uma conta pessoal – sobretudo de alguém que, até então, não apresentava esse tipo de padrão bancário. Estranhamente, a metamorfose no padrão financeiro coincidiu com a eleição de Augusto para a presidência do Corinthians, definida em 25 de novembro de 2023”, diz trecho do relatório da Polícia Civil.
“Noutras palavras, entre dezembro de 2023 e abril de 2024, a conta de AUGUSTO MELO recepcionou, em dinheiro vivo e de forma sistematicamente fracionada, o total de R$ 153.070,00”, diz outro trecho.
Além de Augusto Melo, foram indiciados também Sérgio Moura (ex-superindentente de marketing), Marcelo Mariano (ex-diretor administrativo), Alex Cassunde (suposto intermediário da Rede Social Media Design) e Yun Ki Lee (ex-diretor jurídico).
O relatório da Polícia ainda aponta suspeitas de pessoas relacionadas à gestão Augusto Melo com a UJ Footbal Talent, empresa que supostamente estaria ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
“Além disso, emerge a conclusão de que o capital furtado não encontrou seu destino final na aludida Agência de jogadores à toa. Não se trata, certamente, de simples coincidência, muito menos de mero acaso. A UI FOOTBALL TALENT recebeu esses valores como retribuição a compromissos financeiros pendentes assumidos por AUGUSTO PEREIRA DE MELO e seus acólitos, conforme doravante se demonstrará”, diz trecho do relatório da Polícia Civil.
Augusto Melo nega todas as acusações. Ele foi enquadrado nos crimes de furto qualificado pelo abuso de confiança, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
O presidente afastado agora aguarda o Ministério Público de São Paulo decidir se oferece ou não a denúncia do Departamento de Polícia de Proteção a Cidadania (DPPC) e da terceira delegacia, especializada no crime de lavagem de dinheiro.
Augusto Melo vira réu caso o juiz receba a denúncia e poderá se defender em audiências. Caso seja condenado, ainda terá direito a recorrer no STF (Supremo Tribunal Federal) e STJ (Superior Tribunal de Justiça).