Pato ainda não foi perdoado pelo pênalti desperdiçado (Foto: Reginaldo Castro/LANCE!Press) |
O que se viu antes, durante e depois da partida contra o Santos, em Araraquara, coloca Alexandre Pato como forte candidato a figurar numa lista de jogadores que, ao longo da história do Corinthians, acabaram expulsos pela torcida.
O atacante foi bastante hostilizado por boa parte dos presentes na Arena Fonte Luminosa. A principal torcida organizada do clube, com gritos de guerra e a todo pulmão, pediu sua saída do Parque São Jorge. Tudo isso reflexo da cobrança do pênalti que confirmou a eliminação da equipe da Copa do Brasil. A acusação é de que a forma de bater na bola, que lembrou uma cavadinha, foi indolente. Para muitos, inclusive alguns de seus colegas, jeito desnecessário.
Uma situação que remete a outros jogadores que foram pressionados e tiveram de trocar de clube. Ao longo de 103 anos de história, o Corinthians se desfez de profissionais que brilhariam com outras camisas. Sobram episódios. Um dos maiores ídolos do time corintiano na década de 70, Rivelino passou de herói a vilão após a derrota na final do Paulista de 1974 para o rival Palmeiras. A ida para o Fluminense foi a saída.
Anos mais tarde, Edílson quase foi agredido pela eliminação na Libertadores 2000, acusado de ter sido omisso na decisão por pênaltis contra o Palmeiras. O atacante, que foi multicampeão pelo clube, pediu para ser negociado e foi atendido. Três anos depois, foi a vez de Roger. O lateral esquerdo, vilão na competição sul-americana no duelo com o River Plate (ARG) também teve de sair.
Em 2006, Carlitos Tevez. O argentino, idolatrado pela Fiel durante quase dois anos, forçou sua saída após ter o carro chutado na porta do Morumbi. A revolta dos torcedores foi consequência de um gesto do camisa 10, que pediu silêncio após marcar um gol – equipe vivia uma fase ruim no BR.
Recentemente, o atacante Souza deixou o clube ao bater de frente com a torcida, além do mau futebol. Essa pressão foi utilizada também por Roberto Carlos, que já queria ir embora.
– Isso vai acontecer, ele tem de ter personalidade, levantar a cabeça e trabalhar. Vamos estar ao lado dele a todo momento, espero que ele possa voltar a brilhar, jogar com alegria. Não podemos abandonar um companheiro, por mais que aquilo tenha acontecido – disse o meia Douglas.
BATE-BOLA:
Tite, técnico do Corinthians
Como está o psicológico do Pato para lidar com as críticas?
Nós temos conversado, ele tem entendido. Ele está vivendo um momento diferente no Corinthians e talvez na carreira dele. É uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional. É um menino inteligente e bem aconselhado, mas tem de passar por isso. Tem de sentir a carne queimar, pensar no próprio erro e crescer em cima disso.
E para o treinador, como é ter no grupo um jogador tão criticado?
Sei que todos nós somos humanos e erramos. O importante é ter a inteligência de aceitar a falha. Independentemente do Pato, todos nós precisamos melhorar.
Acha que o Pato pode deixar o Corinthians por esse motivo?
Uma coisa é a paixão pelo clube, outra é a importância do atleta. Não dá para prever nada. A gente sabe que futebol e vida são assim.
É momento de dar força a ele?
O cara que vaia é o que idolatra, e esse Pato já saiu aplaudido.
Fonte: Lancenet