O Peruano Cachito Ramírez, ficou marcado para sempre na memória do torcedor corinthiano, quando marcou um gol decisivo no brasileirão de 2011, em partida contra o Ceará, fora de casa, na vitória de 1 a 0.
Em entrevista para a ESPN, ele contou com anda a vida no Peru, falou de Paolo Guerrero e revelou que é torcedor do Corinthians.
Veja abaixo a entrevista com Cachito Ramírez na íntegra:
Você pôde trabalhar com o Tite e ele vem sendo o nome mais elogiado da campanha. O que o diferencia dos outros técnicos?
Cachito Ramírez: Olha, o Tite realmente é um cara que consegue motivar bastante o seu grupo, forma uma família entre os seus jogadores e dá chance para todos conseguirem mostrar o seu futebol. Acho que, no aspecto da convivência, isso foi o que mais me impressionou enquanto pude estar com ele. Quanto à parte tática, porém, fica difícil falar. Cada um tem a sua forma de trabalhar, não acredito que exista algo de muito importante que possa diferenciar os treinadores.
Você fez o gol contra o Ceará, na 35ª rodada de 2011, (exatamente a que o Corinthians irá disputar na quinta, contra o Vasco), que é tido como um dos “gols do título” daquele ano. O que lembra da partida?
Cachito Ramírez: Eu lembro de tudo! Terminou sendo um gol muito importante mesmo, porque o Vasco, que disputava o campeonato com a gente, empatou (1 a 1 com o Palmeiras, no Pacaembu) e nós conseguimos abrir exatamente os dois pontos que mantivemos até o final. Vibrei bastante quando marquei porque sabia dessa importância e estava precisando marcar pelo momento que passei no clube. A expulsão (contra o Tolima, na Pré-Libertadores) me marcou bastante, mas acho que o gol ficou mais na memória da torcida.
Por que não conseguiu ganhar espaço mesmo com o gol?
Cachito Ramírez: No segundo semestre, principalmente depois daquilo que aconteceu na Libertadores, considero que acabei participando pouco. Algumas coisas acontecem no futebol e você não consegue explicar. Tive alguns problemas com lesão também e não pude manter uma sequência de jogos. Acho que foi uma junção de todos esses fatores.
Em 2012, você acabou ficando fora da lista dos que foram ao Mundial de Clubes, no Japão. Tem algum ressentimento por isso?
Cachito Ramírez: Não, para falar a verdade, eu nem tinha muita expectativa de ser considerado para estar na lista do mundial. Faltando pouco me lesionei novamente, dessa vez nas costas, e isso acabou sendo a raiz de ambas coisas (tanto da não ida ao Mundial quanto da perda de espaço). O clube também acabou contratando bastante para o torneio na minha posição e eu sabia que era difícil. Infelizmente, não pude estar lá naquele momento.
Paolo Guerrero, outro peruano, acabou sendo ídolo daquela conquista. Neste ano, porém, saiu em baixa e foi bastante vaiado quando veio jogar em Itaquera. Você acompanhou a saída dele do Corinthians?
Cachito Ramírez: Claro, claro. Mesmo aqui no Peru houve uma repercussão enorme do que aconteceu. Vi muitas pessoas falando, criticando a ida dele para o Flamengo. Fiquei sabendo das vaias também. É complicado, a memória do torcedor é pequena, é muito passageira. Creio que deveria haver um pouco mais de respeito pela história dele no clube, mas o torcedor é passional, nem sempre age com a razão.
Acha que hoje você é um peruano mais querido pela torcida do que ele?
Cachito Ramírez: (Risos) Não, não. Não dá para saber isso. Eu prefiro não ficar comentando sobre isso. No futebol não é muito comum comparar essas coisas, principalmente porque não depende nem de mim nem dele saber isso. Realmente não sei dizer. Aliás, prefiro nem dizer qualquer coisa sobre esse assunto.
Quais eram seus melhores amigos no Corinthians. Ainda fala com algum deles?
Cachito Ramírez: Eu tive um ótimo período da minha vida quando joguei no Corinthians. Me dei muito bem com o Fábio Santos, por exemplo, o atacante Willian. Era parte de um sonho de jogador de futebol poder compartilhar o vestiário com nomes como Roberto Carlos, Ronaldo. Foi algo realmente incrível para mim. Acho que desde que eu cheguei, o único que permaneceu foi o Ralf.
O Danilo também.
Cachito Ramírez: Ah, sim, o Danilo. É verdade. Então, mudou bastante desde que eu cheguei, mas também fui companheiro de alguns caras no ano passado como o Jadson, o Renato Augusto. Não mantenho muito contato, mas torço para que eles consigam levar o Corinthians ao título.
Tem acompanhado a campanha da equipe no Brasileiro?
Cachito Ramírez: Pelo fuso horário, às vezes estou jogando aqui ou treinando, mas sempre me mantenho informado pelos jornais que acompanho e as redes sociais. Virei um torcedor do Corinthians por toda a grandeza que o clube tem e eu pude conhecer nos anos em que joguei no Brasil.
Você pôde jogar por um breve período com Cássio, Gil e Renato Augusto, que estão na seleção. Esperava que eles chegassem a esse nível?
Cachito Ramírez: Ah, certamente. São jogadores de bastante qualidade. Sei também que estão fazendo um grande Campeonato Brasileiro, afinal, são titulares do líder. Vou torcer para o Corinthians ser campeão daqui do Peru. Sou mais um desses muitos corintianos.
Na terça, temos Brasil e Peru, em Salvador. Você foi convocado diversas vezes quando jogava no Corinthians. Por que não tem sido chamado mais?
Cachito Ramírez: Isso aí é uma decisão do treinador da seleção (o argentino Ricardo Gareca, ex-Palmeiras). Como peruano que sou, vou torcer por eles, mas sei que é bastante complicado. As estatísticas não são as mais animadores para o Peru, mas temos que acreditar que é possível.
Como tem sido sua readaptação ao futebol peruano?
Cachito Ramírez: Estou bastante contente de jogar futebol em um clube organizado como o San Martín. É importante jogar sempre, como vem acontecendo aqui.
Pensa em voltar ao Brasil algum dia?
Cachito Ramírez: Não sei, não sei. Não é algo que dependa apenas de mim. Tive algumas propostas para permanecer no começo deste ano (Chapecoense e Figueirense), mas acabou não acontecendo. Sabemos também que o momento econômico do Brasil não é dos melhores, bastante diferente da primeira vez que eu fui. Por enquanto, acho que vou ficar por aqui.