Du Queiroz publica carta emocionante para a Fiel no “the players tribune”

Danilo Vieira Andrade

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O volante Du Queiroz viajou para a Rússia rumo ao Zenit, seu novo clube a partir do segundo semestre de 2023.

Antes de viajar, o cria do terrão alvinegro publicou uma carta no conceituado portal “The Players Tribune”. O texto é longo e conta a trajetória do volante da infância até chegar no profissional.

Du inicia o texto revelando como foram os últimos dias antes de sair do Brasil e deixar o Corinthians. “Acho que nunca me senti assim antes, dando mó pala nos últimos dias e fazendo coisas pra não pensar, ver se consigo parar de chorar. Escuto música, assisto filme, jogo no celular, colo sozinho nos rolês, ando por aí… Mas tá muito difícil, vou te falar. Se for contar o tanto que já chorei deve encher uns 37 baldes daqueles que a gente colocava embaixo das goteiras lá em casa. Tá osso!”.

“Por isso, já sentindo a saudade apertar antes mesmo de partir, eu pensei em vir aqui desabafar por escrito. Relembrar a magia toda, o milagre, contar dessa paixão que nasceu comigo, guiou meus passos, meu futebol e mudou a minha vida. Falar da glória de jogar pelo Corinthians sendo corintiano. De meter gol na Bombonera vestindo a nossa camisa branca, o nosso shorts preto e a nossa vontade infinita de lutar, que está acima de tudo, amém!”, completou o meio-campista.

Na sequência, Du Queiroz relembra o gol que marcou contra o Boca Juniors na Libertadores de 2022 em plena La Bombonera e conta detalhes de bastidores sobre aquele momento mágico.

“E já que eu lembrei daquela partida contra o Boca, vou seguir por aí. Foi marcante demais, céloko, começando pela declaração que eu dei antes do jogo. Me perguntaram como ia ser jogar na Bombonera pela primeira vez, eu tão jovem e tal. Respondi que ia ser como outro jogo qualquer. Pô, não foi marra. Fui sincero. É que desde o futsal, onde comecei com sete anos de idade, eu jogo bola do jeito que eu gostaria de viver: sem medo. Na vida nem sempre dá, mas no futebol dá, principalmente se a gente é cria do terrão”, iniciou.

“Bom, mas depois que eu mandei essa na véspera do jogo, levei umas broncas da galera mais velha lá no CT: “Porra, Du, não diz uma coisa dessas. Jogar na Bombonera é embaçado, difícil pra caramba”. Os caras me deram mó dura, vocês tinham que ver. Mas eu disse pra eles: “Difícil, mano? Difícil foi o que eu passei nessa vida”. E quis o São Jorge que meu primeiro gol com o nosso manto saísse naquela noite. Vou dizer, hein? Quando rola uma fita dessas, a gente flutua: os primeiros segundos são de delírio, de loucura, sei lá… De cara baixa um silêncio absurdo, de cemitério. Em seguida, a vibração da nossa torcida vem vindo, vindo e, pá!, toma conta do estádio inteiro dos caras. Caraca! Onde é que eu tô, parça?! Só sei que eu corri chorando e cada soluço era uma confirmação pra mim: Ah, Corinthians, obrigado por me deixar sentir isso. Eu tô onde eu sempre quis estar, eu sou quem eu sempre quis ser. Se eu morrer agora, nessa corrida sei lá pra onde, me ajudaí, pra onde é que eu vou?!, quem eu abraço???, o que é que eu grito?, se eu morrer agora com o bando de louco comemorando comigo o meu primeiro gol, pô, se morrer agora eu morro feliz. Se pá eu tava vivendo o segundo momento mais feliz da minha vida. Porque o primeiro foi o dia em que meu pai saiu da cadeia”, concluiu.

Por fim, o volante conta sobre os últimos momentos antes de embarcar rumo à Rússia e o item indispensável de viagem: uma camisa do Corinthians dentro da mala .

“Agora eu tô aqui em casa, o passaporte na mesa, a minha mala de viagem aberta em cima da cama, e eu só consegui colocar três coisas dentro dela até agora: escova, pasta e uma camisa do Timão. O sentimento é estranho, de dever cumprido, mas incompleto. É, Fiel, eu sei que nem sempre correspondi ao que vocês esperavam. Nem sempre acertei. Mas eu lutei. Lutei pacarai! E, depois de tudo o que esse clube me deu, não tenho do que reclamar”.

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