A maior torcida organizada do país abrirá sua sede na próxima quinta-feira (12), para a realização da atividade “Povo Unido por Justiça e Paz”, a partir das 19h. O ato cultural consiste em uma mesa de explanações a cerca das recentes lutas dos Gaviões, e atitudes tomadas pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
Com a presença das Mães de Maio, do rapper Eduardo Taddeo, do grupo Filosofia de Rua e membros da torcida amiga Pavilhão 9, os Gaviões falarão sobre a jornada de luta da organizada, com destaque especial a recente prisão dos jovens associados.
Além de uma homenagem às mães e familiares de vítimas da violência policial, o evento abordará temas como a CPI das Merendas, a criminalização das organizadas e dos movimentos sociais, e o apoio às Ocupações Autônomas dos Secundaristas.
Em coletiva realizada na tarde da última segunda-feira (09), a Gaviões da Fiel voltaram a declarar que sofrem perseguição política. Um dos fundadores e líder da torcida organizada, Chico Malfitani, falou sobre a prisão de 17 integrantes da entidade.
– Sabíamos que estávamos mexendo com interesses de poderosos, nos manifestando de forma democrática. Mas começaram a surgir ‘coincidências’ contra nós […] Houve uma discussão de torcedores no trânsito. Um bate-boca normal, que foi resolvido em cinco minutos. Não houve briga, nem consequências. Não houve escoriações – afirmou Chico.
O episódio ao qual Chico Malfitani se refere, trata-se do encontro de um caminhão da Gaviões com um carro com palmeirenses no dia 15 de abril, após o clássico entre as equipes. Na ocasião, houve uma discussão entre os envolvidos que foi resolvida no local. No entanto, horas depois, 27 mandados de prisão foram emitidos, mas nem todos puderam ser cumpridos, terminando com a prisão de 17 associados da maior organizada do país.
O caminhão que levava os corinthianos, trata-se de um caminhão-baú que leva instrumentos musicais e as faixas para o estádio em dias de jogos. O Ministério Público acusa a torcida de preparar um “caminhão de guerra”, declaração que foi contestada na coletiva pelo também líder dos Gaviões, Wildner Rocha, o Pulguinha.
– Os palmeirenses não deram queixa. Nos acertamos na mesma noite, meia hora depois. A Polícia Militar chegou na mesma hora, todos foram presos em flagrante e não havia madeiras, artefatos, nada. Isso foi a 700 metros da saída do jogo. Então o Ministério Público escreve que eram pessoas preparadas para a guerra”- protestou.
Os líderes da Gaviões da Fiel citaram ainda na coletiva diversos episódios em que, para eles, o poder público facilitou a violência. São eles:
– Agressões contra Diguinho, presidente da Gaviões, e Cris, secretário
– Repressão da PM em partida contra o Linense, pelo Paulistão
– Inspeção da Gaviões a dois dias de clássico com o Palmeiras
– Divulgação de imagem sobre suposto agressor de Diguinho e Cris, que seria da torcida palmeirense Mancha Verde, também antes do dérbi
– Operação do Metrô no dia do clássico com o Palmeiras, que permitiu encontro de organizadas rivais
– Falta de policiamento em São Miguel Paulista, onde um senhor acabou morto após troca de tiros
Ainda de acordo com Chico Malfinati, existe um processo de diálogo aberto entre as organizadas visando a diminuição da violência. Para ele está sendo criada uma cultura de paz.
– Se não houver isso, não vai haver paz no futebol. Você fecha uma organizada e as mesmas pessoas vão ao jogo, as do bem e as do mal. Aqui, reunimos novos integrantes em uma sala e dissemos ‘quem veio achando que vai brigar, vai embora’. É uma cultura de paz que estamos introduzindo- declarou Malfitani.