Titular no final da temporada de 2016, o meia Guilherme perdeu espaço mais uma vez no Corinthians. Fora dos relacionados contra o Mirassol, ele concedeu entrevista ao globoesporte.com e desabafou. Entre outras coisas, o camisa 10 questionou o esquema 4-1-4-1 do técnico Fábio Carille, falou da ‘injusta concorrência’ e pediu sequência.
Guilherme deixou claro sua insatisfação com a condição de reservas, mas preferiu não culpar o técnico Fábio Carille. Ele respeita a decisão do treinador e espera reconquistar seu espaço.
Com apenas 51 minutos jogadores na temporada, Guilherme se recupera de lesão no joelho e vem recebendo inúmeras críticas da torcida nas redes sociais. Ele falou sobre todas essas questões.
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Foto: Globo Esporte |
CONFIRA ABAIXO OS PRINCIPAIS TRECHOS DA ENTREVISTA:
PRETENDE SAIR?
“Acho que (a volta por cima) acontece aqui. A não ser que não me seja dada a oportunidade. Aí já não depende de mim. Mas ainda acredito que vou ter uma sequência e alegrias aqui, jogando onde devo jogar. Minha questão é essa. Terminei o ano bem, fiz alguns gols, consegui ter destaque. Por um detalhe, não conseguimos a vaga na Libertadores. Para mim, foi estranho não voltar titular naquele posicionamento. Mas tenho muita confiança de que as coisas acontecerão aqui nesse ano.”
PORQUE NÃO JOGA?
“Com certeza, não estou tendo sequência porque está claro que para mim é difícil jogar ali. Não é uma concorrência, assim, justa. Pelo posicionamento. Tem jogadores que fazem aquilo a carreira toda. Mas tenho de continuar bem, cabeça tranquila, e treinando, porque a oportunidade pode surgir a qualquer momento.”
CONVERSOU COM CARILLE SOBRE ISSO?
“Não tive nenhum tipo de diálogo, de informação. Diariamente, fazemos os trabalhos normais. O que percebo é que, às vezes, treino no meio, às vezes de falso 9, há um revezamento. Tenho me sentido bem, porque tem sido ali onde consigo desenvolver melhor. Espero que, quando tiver oportunidades, seja da mesma forma que estou treinando para evoluir bem”, avaliou.
“Acho que não tem (diálogo) da forma que poderia ter porque está muito claro para mim, para ele, para o clube. Para toda comissão e diretoria. Acho que eu não preciso falar que jogo assim ou assado, questão de preferências. Pelos jogos que tive ano passado e pelo dia a dia, é um assunto que já deu. Eles já sabem como eu jogo. É importante para o clube explorar o que tenho de melhor. Sei que fiz bastante, lutei, tentei. De repente, não sou o cara para a função. Com certeza, não estou tendo sequência porque está claro que para mim é difícil jogar ali. Não é uma concorrência, assim, justa. Pelo posicionamento. Tem jogadores que fazem aquilo a carreira toda. Mas tenho de continuar bem, cabeça tranquila, e treinando, porque a oportunidade pode surgir a qualquer momento”, completou.
4-1-4-1 PREJUDICA?
“Com essa formação, praticamente não joguei esse ano. O Carille mesmo já respondeu uns dias atrás sobre essas funções, e que me via como um centroavante nesse 4-1-4-1. Eles sabem do meu potencial, da minha qualidade, do que represento. Com certeza, sabem onde me posicionar melhor para extrair o máximo de mim. Estou absolutamente tranquilo. Hoje eu não sei direito, mas antes eu disputava posição com volantes, numa posição que era de volantes. Estou tranquilo, porque sou um meia-atacante. Quando for utilizado dessa forma, vou render melhor,”
VINDO DO JADSON, O QUE ACHOU?
“Achei ótima a vinda dele. Tem uma história recente no clube, é vencedor, qualifica o grupo, cresce a competitividade. Sou um cara que tem a característica de facilitar o jogo para quem está ao lado. Não o vejo como concorrente, mas sim como um reforço para criar. Em relação à camisa, sou desprendido de qualquer tipo de vaidade desse tipo. O 10 nunca foi um número que eu fizesse questão, apesar de ter usado ela com Ronaldinho Gaúcho num elenco do Atlético-MG, numa das fases mais interessantes da carreira. Mas não sou preso a isso, não tenho vaidade, ego. Quando cheguei, a camisa estava disponível. Pelo meu posicionamento, acabei pegando ela. Mas não tenho nada com isso.”
SERÁ TITULAR AINDA?
“Para mim é claro. Talvez, só havendo uma mudança de esquema ou um posicionamento mais adequado. Claro que, numa eventual situação, vou fazer outras funções. Não pode dizer não. Pra conseguir desfrutar e explorar toda essa qualidade, preciso estar numa zona que respeite essas características. O futebol é dinâmico, já jogamos com outro esquema, é louvável isso. Se prender o ano inteiro de uma forma… Também pode acontecer de mudar o esquema, e os jogadores adaptados ao 4-1-4-1 terem dificuldades. É cada um aproveitar a oportunidade.”
CRÍTICAS DA FIEL
“Rede social, sinceramente, não é parâmetro algum para mim. O mundo das redes sociais é traiçoeiro, não só com jogador. É com cantor, ator, atleta de qualquer modalidade. Não precisa nem ser famoso ou tão conhecido, já recebe críticas de todo lado. Para mim, serve como nada. Mas sinto, sim, a cobrança. Aquele incentivo com cobrança. É algo natural, que acontece sempre nesse universo do futebol. O torcedor vê o jogo, compreende bastante, mas às vezes não consegue ter o discernimento de um detalhe ou outro, que é normal. O torcedor, quando critica, boa parte tem razão. Dependendo do que a gente faz, elogiam. Tudo depende de nós atletas.”
MAIOR DESAFIO DA CARREIRA?
“É o meu desafio de hoje. Tem sido meu desafio aqui. Mas, na minha carreira não. Nem na minha vida. O jogador sempre tem uma coisa ou outra, problemas maiores ou menores, mas lesão é pior… Do que questão tática, tudo. Joguei 43 jogos, fiquei disponível em mais de 50. Estou inteiro, saudável, não vivo no departamento médico. Minha maior alegria é essa. Questão de posicionamento, vamos ajustando. Com saúde, a gente consegue mexer o esqueleto e se ajustar. Mas, para voltar a ser aquele Guilherme, tem de ser mais avançado. O pessoal aqui sabe disso.”